segunda-feira, 13 de abril de 2009

Shalimar o Palhaço - Salman Rushdie



1993, no dia do 24º aniversário da sua filha, Max Ophuls é assassinado de uma forma monstruosa pelo seu motorista, Shalimar, parecendo tratar-se de um assassinato por razões políticas, pois Ophuls havia sido embaixador americano na India e dono também de um passado ligado à resistência francesa e responsável pela morte de vários oficiais alemães.

Em estado de choque, pois o crime é cometido praticamente à sua frente, India Ophuls, a filha, não entende como é que um homem tão bom como era o seu pai pode ter sido assassinado daquela forma bárbara. O que India desconhece é que o passado do pai está ensombrado por acontecimentos escandalosos que estão interligados com o seu próprio passado, nomeadamente o caso que o seu pai teve como a sua mãe, que ela nunca conheceu, aquando do mandato do pai na Índia.

Essa é a premissa para uma narrativa algo complexa sobre o passado de Max Ophuls, passado esse que, por ser longo, abrange seis décadas do século XX, logo acontecimentos muito importantes como a 2ª Grande Guerra, a guerra da Caxemira entre a India e o Paquistão, centralizando uma ideia base que acaba por se sentir em todos esses adventos, o radicalismo.

Sendo o primeiro livro que leio de Salman Rushdie, não posso afirmar que a escrita dele me encantou, até porque, e isso é uma ressalva que faço, achei essa escrita algo parecida com a de Garcia Marquez, e mesmo o estilo, esse realismo fantástico está presente em toda a narrativa, dando-lhe efectivamente um tom mágico e até algo épico, pois Rushdie, para além de abordar uma série de eventos históricos, é useiro em dados e curiosidades históricas e culturais, mencionado outras obras literárias.

No entanto o livro também não me desagradou e houve capítulos, diga-se de passagem que todos os capítulos são muito extensos, que me agradaram imenso. Por outro lado e não sendo eu um curioso sobre a História da India, a abordagem de Rushdie à cultura e religião Indu, aborreceram-me. A forma como Rushdie traça o trama também é bastante interessante. O primeiro capítulo é bastante motivador, ficando nós com a ideia que esse crime é por motivos políticos. Rushdie deixa-nos ir pensando nisso até certo ponto para, de repente, traçar uma outra linha condutora, misturando então tudo e, digamos, voltar a dar.
Pode parecer algo confuso, mas a história segue-se bem e com interesse, no entanto e na minha opinião, há períodos aborrecidos mas que não chegam para deslustrar um bom livro.

Classificação: 3

10 comentários:

Sandra Dias disse...

Ainda não li nada deste autor, mas já me aconselharam a ler primeiro o "Contos da meia-noite". Já o leste Iceman?

Marco Caetano disse...

Olá

Em tempos, dada uma outra paixão que tenho (os U2) comprei um livro do Salman Rushdie chamado "Pisar o Risco".

Não sei se tiveste oportunidade de o ler?! Mas a verdade é que esse livro tirou-me a vontade de ler algo mais dele! Certo é que é um livro diferente. É um livro de contos e não uma história.. Mas na altura deixou-me muito a desejar.

Rock In The Attic disse...

Tenho à espera de ser lido o "Versículos Satânicos". Mas este parece-me ser bastante interessante, em especial pelas referências que dizes ter em relação à História e cultura indianas. Parece-me que o irei folhear em breve...

NLivros disse...

Olá "Miar à Chuva".

De Rushdie li apenas este "Shalimar". Tenho em casa os "Filhos da Meia-Noite", mas está para 2ªas nupcias.

Este livro foi interessante, julgo que o autor merece que seja novamente lido. Os Filhos da Meia Noite e os Fascículos Satânicos interessam-me.

Menphis disse...

De Rushdie li " Oriente, OCidente" ( crónicas), " O chão que ela pisa" e o " Shalimar, o Palhaço". Tenho " Os Versículos Satânicos" não "fascículos " como deves ter enganado.

De todos adorei mais o " Shalimar", estou curioso por ler " A Feiticeira de Florença" o último dele, sobre Rushdie posso dizer que adoro a sua escrita, nem sempre fácil mas sempre agradável.

NLivros disse...

Olá Marco.

"Pisar o Risco" não conheço e, segundo o que deixas transparecer, é um livro que dificilmente algum dia lerei.

NLivros disse...

Viva Homem do Leme.

Os Versículos também estão na minha lista há longo tempo, no entanto tem sido sempre relegado para "um dia a ler", pois ainda não me senti motivado para avançar.

Agora este "Shalimar" é interessante e estou certo que, para quem aprecia Rushdie, vai de certo apreciar este.

NLivros disse...

Olá Menphis.

Sim, Versículos, enganei-me de facto.

Gostei da escrita mas não posso dizer que tenha adorado, aliás, achei-a muito semelhante a Garcia Marquez.

Menphis disse...

Já agora, e face ao comentário do Marco Caetano, informo que Pisar o Risco" é um ensaio de crónicas politicas dele, não tem nada a haver com o resto de obras. A relação entre Rushdie e os U2 vem, particularmente, sobre o livro " O chão que ela pisa".

Filipe de Arede Nunes disse...

Já li cerca de 200 páginas deste livro. Talvez o termine lá para meio da semana que vem e nessa altura farei a minha critica.

Gostei muito de "O chão que ela pisa". Achei-o deslumbrante e por isso escolhi este neste momento. Vamos ver qual o resultado final.

Cumprimentos,
Filipe de Aree Nunes