quinta-feira, 18 de março de 2010

Físico (O) - Noah Gordon


Séc. XI, Londres, Rob Cole, criança de 9 anos, vê os seus pais falecerem com um curto intervalo de tempo. Vê-se assim, de um dia para o outro, responsável pelos seus irmãos mais novos. Porém, sendo crianças, a Corporação de Carpinteiros que havia pertencido o seu pai, encontra família para todos eles excepto para Rob, até que surge à sua porta um estranho que se apresenta com o nome de Croft, Barbeiro-Cirurgião de profissão que necessita de um aprendiz. Com 9 anos, Rob abandona Londres para vaguear por uma Inglaterra medieval e é através dessas deambulações que Rob descobre o seu dom, empreendendo uma arriscada e perigosa viagem à Pérsia em busca de conhecimento e formação.

Embora Noah Gordon refira a existência real de duas personagens do romance, o que sobressai da obra é o espectacular recriação da época descrita, sobretudo da violência, superstições, preconceitos e diferenças entre religiões. O choque entre religiões é claro e perceptível as suas diferenças, pese embora a condição da obra realce que, no intimo, todas as religiões têm uma base comum e apenas a intolerância e preconceito em relação às outras as divida.

Sobressai também a imensa escuridão que todas essas religiões votaram a ciência durante centenas de anos. A importância dos físicos era assumida por todos, no entanto era-lhes impedido pela religião de estudar o corpo humano, de o dissecar. Nesse contraponto há algo que predomina ao nível cultural. A cultura persa era mais avançada do que a Europeia (na altura a ganhar bases para a criação da Inquisição), também mais tolerante. Na Pérsia os físicos eram cientistas, eram formados para salvar vidas. Na Europa os físicos assemelhavam-se a charlatães assentes em antiquíssimas e preconceituosas tradições, em que as sangrias eram a terapia mais comum e o dinheiro o seu grande objectivo. Agora imagine-se o choque de um homem que estuda numa civilização que ama o saber e que, por motivos diversos, se vê de regresso à sua terra tão magnificente atrasada e os bárbaros eram os outros…

Uma obra notável que me deu imenso prazer ler não fosse a épica medieval a minha preferida e aquela que mais gosto de regressar.

Altamente aconselhável.

Classificação: 5

4 comentários:

Filipe de Arede Nunes disse...

Li este livro há já uns anos e foi e senti na altura que era um livro notável. Dentro da categoria dos romances históricos é um excelente livro.

Subscrevo, portanto, a tua recomendação.

Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

susemad disse...

Estou com imensa expectativa em ler este livro, pois já li óptimas opiniões! Esta foi mais uma! :)

NLivros disse...

O que posso sublinhar é a enorme qualidade deste livro e estou certo que um apreciador do género histórico irá gostar bastante do livro.

susemad disse...

Este é o primeiro de uma trilogia, por isso agora terás de procurar os outros dois «Xamã» e «A Escolha da Drª Cole». :)