sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Natal também é Fado



Eis aqui um livro que me despertou a atenção e em boa hora, aliás bastou 10 minutos, o li, pois gostei bastante da história, da ideia e das ilustrações.

Com texto de Alexandra Graça e ilustrações de José Francisco, esta singela história procura narrar a conhecida história do nascimento de Jesus que origina o presépio e eis que, numa versão bem diferente daquela que todos conhecemos, José e Maria, mais o burro Pacheco, mas sem vacas pelo meio, se poem a caminho de Belém.

No entanto o temporal aumenta, enquanto o Pacheco enfrenta, com coragem e destemor, uma vil ventania e chuva e o nevoeiro aterrador.

E depois de tantas dificuldades, ali está Belém com a sua torre que afaga Lisboa, local onde a sardinha é boa e se canta o fado.

Em poesia, uma história encantadora que, com as suas belas ilustrações, agregam o Natal e o Fado numa altura em que o mesmo comemora um ano como Património Imaterial da Humanidade.

Natal também é fado!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cozinha Confidencial – Anthony Bourdain




Anthony Bourdain é um chef mundialmente conhecido pelo seu programa “No Reservations“ que, tendo sido iniciado em Julho de 2005, vai actualmente na 8ª temporada e é já um programa de culto para a maioria dos amantes da cozinha.

Em 2000 lança Kitchen Confidential, best-seller da lista do New York Times e que desde logo cria celeuma devido ao facto de, supostamente, mostrar ou relatar o lado oculto e obscuro do mundo das cozinhas profissionais e, sobretudo, das cozinhas dos grandes restaurantes. É dessa forma que o livro se tornou conhecido e a editora em Portugal ainda carregou nessa ideia, colocando rótulos como: “Bourdain é hilariante quando nos aconselha sobre o que devemos pedir em restaurantes e quando o fazer. Por exemplo, aprendemos que nunca devemos comer peixe às segundas-feiras, evitar o brunch de domingo e nunca pedir qualquer tipo de carne bem-passada. E se algum dia virmos um cartaz que diga «Desconto Sushi», devemos, se formos inteligentes, fugir para o lado oposto o mais rápido que conseguirmos.”

De facto é verdade que Bourdain, logo no início escreve essa frase, em todo o caso querer rotular toda uma obra como sendo algo que vai “partir” ou “desmascarar” a suposta javardice das grandes cozinhas, é algo que para além de ser falso, revela má edição e um aproveitamento de uma ideia para rotular o livro de principio ao fim, pois é inegável que o compramos julgando que Bourdain nos vai narrar episódios macabros e obscuros no mundo da restauração, quando, na realidade, ele apenas nos narra as memórias de parte da sua vida pessoal e profissional.

E são nessas memórias, que ele, de facto num tom mordaz e hilariante, conta como surgiu a sua paixão pela cozinha, como começou e como cresceu e evoluiu na profissão ao ponto de se tornar um chef executivo. Nada de mais.

Obviamente que no decorrer dessas memórias surgem histórias hilariantes e algo escuras sobre o submundo da restauração, onde ele até dá conselhos a quem quer se iniciar nessa profissão. Um mundo muito duro, sem qualquer tipo de consideração ou compaixão por ideiais humanos, onde a objectivo é, única e exclusivamente, cozinhar bem, com qualidade, maximizando todos os recursos disponíveis.

Pessoalmente gostei bastante e até me surpreendeu a qualidade de escrita de Bourdain (partindo do principio que foi ele que escreveu o livro). A histórias são de facto cativantes, pese embora, confesse, que se lido continuadamente, fique um pouco monótono, pois as histórias acabam por ser semelhantes entre si.

Nota final para a imensa coragem de Bourdain ao admitir a sua dependência do álcool e da droga na altura em que foi chef. Dependência essa que o iam atirando para fora da profissão mas que, ele próprio o refere, o ajudaram a suportar o imenso stress que a profissão de chef executivo exige.

domingo, 25 de novembro de 2012

O Pior Livro - Diário da Tua Ausência – Margarida Rebelo Pinto



Ora bein, esta semana convidei a tonsdeazul, do blog “Tonsdeazul, um dos blogues que eu sigo à mais tempo, não fosse ele mais velho do que o meu. 
E muito simpaticamente aceitou em dar a sua contribuição para o pior livro que leu até à data. Eis o seu texto.

O Pior Livro


Fui convidada para escrever sobre o pior livro que li. Ora considerei à partida que seria uma tarefa complicada. É que sou muito seletiva nos autores e nos livros e até mesmo quando afirmo que não gostei de um ou outro livro, não consigo considerá-lo como “um livro a fugir”, porque na maior parte das vezes reconheço o mérito do autor e da sua escrita. Quando assim acontece, acabo por acreditar que não o li na altura certa, como aconteceu recentemente com Os Anões de Harold Pinter.

Assim, depois de vasculhar bem as minhas estantes encontrei um livro que li há uns bons anos de Margarida Rebelo Pinto, Diário da Tua Ausência. Só de pensar nele até fico indisposta. Ter um livro destes no meu currículo literário é realmente algo arrepiante!

Mesmo antes de ter lido algo de Margarida Rebelo Pinto, nunca simpatizei com a autora, confesso. Isso assim não vale, dizem vocês! Pois não. Mas quis o destino, que o Diário da Tua Ausência chegasse até mim, por intermédio de umas amigas que decidiram oferecer-me este livro tão romântico. Pois imaginem a minha cara quando rasguei o embrulho e vi o livro que me esperava. Sim foi desilusão estampada no rosto, claro está! Mas a contragosto, disse para mim mesma que não o iria trocar por outro na livraria e tiraria assim as teimas em relação à autora e à sua escrita.

Pois é… Foram 132 páginas que não acrescentaram nada aos meus dias e que confirmaram todas as minhas suspeitas e resistências. Definitivamente Margarida Rebelo Pinto não é para continuar. Sempre li diferentes géneros literários, e gosto até bastante de romances, mas este é fastidioso e chega a ser deplorável. A história não passa de uma longa carta de amor, com frases tão “bonitas” como estas:
«Espero por ti porque acho que podes ser o homem da minha vida.», «Se calhar sou doida, sofro da mais antiga enfermidade do ser humano e que ainda nenhum cientista se lembrou de diagnosticar, estudar e classificar como uma patologia: não sei viver sem amor» e «Há o apaixonado que me agarra, me devora e me prende, e o racional que gosta de pensar que somos apenas amigos.»

No final, o pior de tudo mesmo é que quando se termina o livro, fica-se com uma sensação de perda de tempo cruel… Mau por mau, então que tivesse lido Nicholas Sparks!
Raramente me desfaço de um livro, mas este de tão mau, aguarda a sua hora para ser entregue a uma instituição, que todos os anos angaria objetos para quermesses.

Nota: esta opinião está redigida com o novo acordo ortográfico.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Um Novo Projecto e uma Nova Vida

Amigos e amigas bloggers!

Como dizia o poeta, "O sonho comanda a vida" e eis que decidi mudar radicalmente de vida. Muitos pensarão que é um risco, sim é um facto, mas e como todos lemos em tantas aventuras, não será esse risco que dá sal à vida? Por vezes não é o risco que origina novas oportunidades ao herói do "nosso" livro e que lhe proporciona uma nova vida?

E vai daí criei um projecto que, creio intensamente, tem pernas para andar por várias razões: Uma enorme vontade de produzir e fazer algo diferente, crença e porque o que queremos fazer pode ser singular e bastante importante para muitos milhares de pessoas.

Convido-vos a visitar o meu site e a minha página de facebook, assim como o blog que criei para o projecto.




Agradeço o "gosto" no facebook! :)

Acabou de nascer, mas prevejo que vá longe.

Obrigado!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Perfeito Cavalheiro (O) – Imran Ahmad



Se há uns meses me falassem de Imran Ahmad eu iria com certeza responder: “Quem é esse?”. Se me dissessem que o livro auto-biográfico “O Perfeito Cavalheiro” é uma obra notável, muitíssimo bem escrito e que demonstra não só um humor fabuloso como, principalmente, o quanto a religião e a cultura pode influenciar a nossa identidade e a forma como a nossa perspectiva do mundo pode ser tão díspar, eu diria: “hum… ver para crer”. Mas o certo é que esse alguém me estaria a acenar com uma obra espantosa e que, provavelmente iria dar o benefício da dúvida e me lançaria na sua leitura.

E é isso que eu aqui quero transmitir.

Estamos na presença de um dos melhores livros que li nos últimos tempos.

Com um estilo original e de uma honestidade que, por vezes, roça a ingenuidade, Imran Ahmad, paquistanês criado em Londres, narra-nos a sua vida desde que nasceu até, sensivelmente, aos dias de hoje.

Pode não parecer cativante, no entanto, neste relato, Imran choca-nos da forma como coloca questões pertinentes: o racismo e a xenofobia, as diferenças religiosas entre as várias religiões assim como as profundas diferenças culturais entre povos tão diferentes como o inglês (europeu e cristão) e o paquistanês (asiático e islâmico).

Mas não se fica por aí. No seu percurso, Imran vai colocando em causa vários dos dogmas religiosos (de todas as religiões), debatendo e questionando o papel dos líderes e das crenças. Nesse sentido, revela uma enorme coragem, pois e por diversas vezes coloca em causa o próprio islamismo não se recusando a tecer críticas duras a essa religião e a forma como são os próprios lideres a criarem a má imagem que o ocidente tem dela. Essas questões, que abordam também o cristianismo, deve-se ao facto de ele ter sido criado no ocidente e de acordo com a cultura ocidental. Ou seja, mesmo sendo islamita, Imran cresce num meio cristão e é com essa cultura que aprende a pensar e a ver o mundo. Logo, tem uma visão diferente daquela que é imposta nos países muçulmanos, uma visão de fora e, sobretudo, liberdade de pensamento e de acção que se revela muito importante na formação do seu intelecto.

Um livro que adorei e que aconselho a todos. Muito bem escrito, cheio de humor e que nos permite visualizar a sociedade britânica dos anos 70, 80 e 90, mas e acima de tudo, as diferenças entre islão e cristão. Muito curiosas as percepções e as conclusões.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Pior Livro - O Sétimo Selo – José Rodrigues dos Santos

Márcia Balsas, do Blog "Planetamarcia", mais um dos blogues que mais admiro e que sigo diáriamente, aceitou simpaticamente o meu convite para participar nesta rubrica que visa nomear o pior livro que já lêmos, e a sua eleição vai para: O Sétimo Selo de José Rodrigues dos Santos

O Pior Livro


Não me é fácil eleger um livro como o pior que alguma vez li. Simplesmente porque quando um livro não me interessa não o leio, deixo de parte, sem qualquer preocupação ou culpa por não chegar à última página. Pensei em escrever sobre um desses livros inacabados e desinteressantes que tenho vindo a deixar pelo meio, ou por vezes quase no início. Mas não achei certo, comecei a imaginar que um desses livros, umas páginas após o meu abandono, pudesse tornar-se algo fantástico. Seria muito injusto fazer uma má avaliação de um livro que, se eu tivesse insistido, me tivesse maravilhado e surpreendido.

Então, para evitar essas injustiças e possíveis pesos na minha consciência, decidi escrever sobre um livro que não gostei mas que li até ao fim. O esforço foi grande e a desilusão ainda maior.

Já li vários livros do José Rodrigues dos Santos e acho-os todos maus, apesar de alguns me terem proporcionado um certo entretenimento. “O Sétimo Selo” é péssimo; é o meu eleito para esta “cantiga de escárnio e maldizer”.

O meu interesse nesta leitura tem a ver com o tema – o aquecimento global e o futuro do abastecimento energético, e com a promoção que foi feita tendo como cenário a Antártida. Sinceramente achei que toda a ação do livro decorresse na Antártida, pela capa do livro, mas principalmente pela publicidade (enganosa) que foi feita com o próprio autor na Antártida. Lembro-me que, na altura, houve inclusive um suplemento da revista Volta ao Mundo com a viagem que o autor fez a esse ermo gelado para se inspirar na escrita do livro.

A Antártida fascina-me muito e deixei-me levar por essa ideia. Quando me apercebi que apenas seria feita uma curta referência inicial senti-me enganada.

Depois foi ler 500 páginas em que o autor se repete ao ponto de se tornar maçador, coloca informação “científica” de modo descabido – senti-me como se estivesse a dar uma volta num parque e de repente caísse dentro de uma enciclopédia, do nada surge excesso de informação trabalhada à pressa e que só serve para encher.

Não posso deixar de referir os lugares-comuns, o exagero de banalidades e cenas descritas sem a mínima envolvência literária. Um texto cru, sem beleza, que não me proporcionou prazer na leitura.

Há também a referir o personagem deprimente, Tomás Noronha, uma espécie McGyver tótó, que se safa das situações mais insólitas sem que se perceba como, e ainda chateia com os seus problemas pessoais e familiares.

Confesso no entanto a minha admiração pela capacidade de produzir livros de José Rodrigues dos Santos. Penso que tem editado um livro por ano, e todos com centenas de páginas, mantendo em paralelo uma atividade profissional intensa. Há quem diga (quem é mesmo muito mau, muito pior do que eu) que não é ele que os escreve, que existe uma equipa que faz toda a investigação e põe os livros em marcha. Não é descabido se pensarmos um pouco nisso mas sinceramente não me interessa. Não penso voltar a ler livros dele.

Maçador e desinteressante, este “O Sétimo Selo” é possivelmente um dos grandes culpados por eu decidir abandonar algumas leituras. Podem chamar-lhe trauma, mas a verdade é que com tantos livros para ler não vale a pena perder tempo a fazer sacrifícios.