terça-feira, 28 de maio de 2013

Uma Noite em Lisboa – Erich Maria Remarque



Uma Noite em Lisboa é o último trabalho de um grande escritor alemão que, exilado em 1933 devido ao regime nacional-socialismo, viu os seus livros serem atirados para a fogueira por um regime que o via como um incomodo e que dizia ser ele descente de judeus, algo que nunca se comprovou. 

Erich Maria Remarque é autor de uma fabuloso livro, “A Oeste Nada de Novo”, onde narra o dia a dia de um soldado alemão nas trincheiras da Grande Guerra. Livro auto-biográfico, pois Remarque lutou nas trincheiras e foi ferido por diversas vezes, aborda a dureza da guerra e o fim das expectativas e da crença que levaram milhares de soldados a lutar por um ideal utópico que levou a Alemanha a um pós guerra caótico e que esteve na base do surgimento do regime nazi.

Este presente livro situa-se nos primeiros anos da 2ª Guerra.

Lisboa, um homem olha demoradamente um navio que está prestes a embarcar para o El Dorado, para o único local onde a salvação é possível: Estados Unidos.

Sem esperanças de um visto e sem dinheiro para o bilhete, este homem sabe que a sua vida depende de poder ou não embarcar. Sentindo-se vigiado , começa a afastar-se do cais e apercebe-se que é seguido por outro homem, iniciando-se aí uma narrativa pungente que aborda o amor de um homem pela sua mulher e uma Europa devastada pela hipocrisia e pelo medo.

Não vou dizer que achei o livro fenomenal. Lê-se muito bem porque, de facto, Remarque foi um escritor de excepção, no entanto o relato aborda um assunto muito debatido e escrito, existindo milhares de relatos semelhantes e com centenas de protagonistas.
Gostei mas não adorei.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ontem, logo no dia da inauguração,


marquei presença na 83ª Feira do Livro de Lisboa.

Há 30 anos consecutivos que marco presença. Edições houve em que fui apenas uma vez, outras em que quase passei lá a vida. No entanto, há vários anos que a Feira do Livro perdeu, para mim, a magia que costumava ter, não passando hoje em dia de um evento interessante, é um facto, mas que está longe de ter aquele feitiço que me fazia comportar como um zombie com uma lista de livros a comprar.

Confesso que gosto de lá ir logo no primeiro ou segundo dia. Primeiro porque é a melhor altura para conseguir apanhar as novidades alfarrabistas, daqueles livros que são relativamente recentes e que estão ao desbarato e, segundo, esses primeiros dias são os melhores para comer farturas, pois o óleo é novo e as farturas vêm estaladiças.

Em todo o caso fui lá ontem e, honestamente, foi mais do mesmo. Ambiente fraquinho, quase nenhum visitante (sei que ao fim de semana é diferente), olhar de desinteresse e aborrecimento no pessoal das bancas e, tudo igual a tantos e tantos anos. Se tem mais editoras como apregoam, não me apercebi, assim como não me apercebi de grandes descontos. Vi de facto excelentes descontos em algumas editoras, eu trouxe 6 livros por 15€, mas e como todos os anos refiro, espera-se descontos mais agressivos e isso nunca acontece.

Mas enfim, esta foi a primeira vez que fui a esta edição e de certeza que irei comparecer mais vezes, pelo que reservo uma opinião aquando do final da presente edição. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Rebelde – Crónicas de Starbuck (I) – Bernard Cornwell


Mais um livro que me levou uma eternidade a ler, não só porque o meu tempo para dedicar à leitura já não é o mesmo e porque, também e estranhamente, este livro, ou pelo menos este primeiro volume desta trilogia, não me cativou, aborreceu-me mesmo.

Muitos sabem o quanto admiro a escrita de Bernard Cornwell. Exceptuando os inúmeros livros da saga Sharpe, penso que já li tudo o que ele escreveu e, embora tenha gostado mais de uns do que de outros, fascina-me sempre a forma viva como Cornwell “pinta” os cenários históricos que cria, a forma realista como descreve batalhas e quotidianos há muito perdidos na História.

Nesta presente saga, Bernard Cornwell situa a acção em 1861 em pleno início da Guerra Civil Americana. De um lado os Estados Confederados do Sul e do outro, os Estados Unidos do Norte. De notar ser este o contexto, no entanto e neste primeiro volume, Cornwell nunca se debruça sobre questões políticas, ou seja, quem não souber do porquê deste conflito, nada vai ficar a saber.

O herói dá pelo nome de Nathaniel Starbuck. Nascido no norte, filho de um pregador anti esclavagista, foge para o Sul atrás de uma prostituta por quem se apaixona, no entanto, vê-se nas mãos de um bando de sulistas que o querem linchar. É salvo pelo excêntrico Washington Faulconer que o convida a incorporar um regimento de tropas para combater os yankees. Starbuck vê-se assim diante de um dilema: ao alistar-se nas tropas do sul, vai combater as tropas do seu país, arriscando-se a encarar no campo de batalha o seu irmão e amigos.

Pese embora o estilo de Cornwell esteja lá. A forma objectiva, directa e realista, o certo é que ele perde-se na descrição da composição do regimento Faulconer, assim como em pormenores da excentricidade desse personagem. De princípio ao fim, a personagem de Nathaniel não é muito credível. Ou seja, jamais consegue ter aquele carisma que os principais personagens de Cornwell têm. Não é muito coerente a sua forma de agir, nem lógico as causas que o levam a tomar parte de um lado que não é o seu. Depois, um dos principais pormenores das obras de Cornwell, é ter sempre um personagem forte que combate como um leão e que inspira nos seus inimigos temor. Com Nathaniel isso não acontece. Pouco mais do que um miúdo, ele próprio não sabe bem o que anda ali a fazer e, na única batalha que este volume descreve, Nathaniel assume uma postura e age de uma forma estranha.

Algo que também não apreciei, foi a quase ausência de cenas de violência militar. Ou seja, qualquer livro de Cornwell é semeado abundantemente de cenas de batalhas ou de conflitos extremamente violentos e reais. Aqui isso não se passa. Exceptuando uma ou outra escaramuça, apenas nas últimas páginas surge uma batalha entre os dois exércitos. Claro que escorre então muito sangue, homens e cavalos esventrados, etc e tal, mas o certo é que não chega para elevar este livro a um dos melhores deste autor que, pessoalmente, é um dos melhores do gênero histórico.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Clã do Urso das Cavernas


de Jean M. Auel defendia a convivência entre o Homem de Neanderthal e o Homem Moderno.
Editado em 1980, na altura a autora efectuou um estudo muito exaustivo que lhe permitiu construir uma narrativa e um cenário de há milhares de anos e em que, precisamente, coexistiam estas duas espécies de hominídeos. Aliás, na obra não se limitam a coexistir, convivem e chegam a cruzar-se.

Ora bem, pelo que sei, este assunto nunca foi muito consensual no seio dos primatologistas nem dos arqueólogos, pese embora, na minha opinião haja muitos indícios que apontam para isso, em todo o caso a razão deste post foi o de hoje ter lido no Sol que ficou provado que o Neandertal e Homem Moderno conviveram até há 40 mil anos nos Picos da Europa.

O Homem Neandertal e o Homem Moderno coexistiram nos Picos da Europa, em Espanha, até há 40 mil anos, conclui um estudo arqueológico de uma universidade espanhola em co-autoria com Universidade de Oxford, publicado na terça-feira.

Os investigadores analisaram depósitos arqueológicos da zona mais alta do abrigo rochoso, na entrada de uma gruta em La Guelga (Astúrias), e encontraram materiais atribuídos ao homem anatomicamente moderno entre estratos com materiais produzidos por Neandertais.

"Seria uma espécie de sanduíche em que as fatias de pão corresponderiam a estratos de materiais utilizados pelos Neandertais e o recheio era formado por materiais deixados por Homens Modernos", explica em comunicado Jesús F. Jordá, um dos investigadores da Universidade Nacional de Educação à Distância (UNED).

A descoberta "confirma a coexistência de ambas as espécies na zona cantábrica, refere o investigador, segundo o qual "os humanos modernos ocuparam durante algum tempo a mesma gruta que, antes e depois, foi habitada por grupos de Neandertais".

A UNED lembra no comunicado que a região cantábrica é uma das escassas zonas da península ibérica em que os Neandertais (Homo neanderthalensis) e os homens modernos (Homo sapiens) chegaram a coexistir há 40 mil anos.

Estudos anteriores constataram que os últimos Neandertais do sul da península não coexistiram com os humanos modernos.

O estudo hoje divulgado foi publicado em livro editado pelo Museu Neandertal de Mettmann, na Alemanha.”

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Inverno do Mundo (O) – Ken Follett


Depois de arrastar a leitura, finalmente terminei de ler este segundo volume da trilogia “O Século” que Ken Follett se propôs a escrever.

Embora tenha encontrado diversos defeitos, reconheço que gostei do primeiro volume, A Queda dos Gigantes, volume esse que reli aquando da compra deste segundo volume que pretendo aqui comentar.

Conforme refiro na opinião do anterior volume, Ken Follett parece pretender escrever uma mega-obra que abranja todo o século XX, pelo menos traçar um trajecto envolvendo famílias de vários países que se vão interligando numa teia pouco complexa que, por vezes, chega a roçar o infantil de tão simples que é.

Para além de ser insanamente ambicioso, pois meus caros e caras amigas, Ken Follett é um autor de puro entretenimento que não sabe escrever, porque, para além de não conseguir desenvolver as teias complexas de relações humanas e socio-culturais-políticas-históricas que ele próprio cria, desenvencilha-se dessas frágeis teias de uma forma quase anedótica, tornando a acção praticamente previsível desde o seu início. Depois, não se compreende como é possível dar tão pouca a atenção a pormenores vitais que influenciam o desenrolar da história, menosprezando mesmo factos históricos que tiveram influência directa no desenrolar dos acontecimentos, mandando “às urtigas” o trajecto das personagens que ele próprio cria, situando e transportando essas personagens de um lado para o outro de uma forma medíocre, sem coerência até com as situações político-sociais dos países em causa.

Confesso que fiquei desiludido com este volume. De início achei-o interessante, pois inicia-se poucos anos após o termino do volume anterior, ou seja, no pós Primeira Grande Guerra. Constatamos no estado deplorável em que se encontrava a Alemanha que, dessa forma, ganha bases para o surgimento do Nacional-Socialismo.

Em parte Follett  situa-nos de uma forma razoável e, para quem nada sabe sobre a época, penso que é aceitável o desenvolvimento do contexto que origina a Segunda Grande Guerra. Porém tem um trabalho mau no desenvolvimento dos personagens e sobretudo na coerência com que os trata e os envolve.

Os personagens do primeiro volume, como se esperava, passam agora para segundo plano. Eu entendo isso e aceito-o, no entanto, não seria necessário depreciar tanto os “velhos” personagens a ponto de alguns deles surgirem apenas como acessório. Recordo-me, por exemplo, de Billy Williams que no primeiro volume tem um papel fundamental. Neste segundo volume, pese embora seja deputado e chegue a ministro, tem um papel insignificante, sendo mencionado umas dez vezes em mais de oitocentas páginas. E como ele, acontece com a maioria dos “velhos” personagens, alguns deles morrendo até de uma forma estúpida e inglória, sendo depois descrita como sendo para “bem do futuro”. Estúpido!

E enfim, é apenas puro entretenimento comercial. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Leio hoje

no Diário Digital uma notícia que expressa bem o que eu há muito digo e que qualquer um de nós já constatou:  que no mundo das edições, vende mais aquele que tiver uma boa máquina de marketing por detrás.


Depois no desenvolvimento da notícia, cerca de 11 iluminados tradutores suportaram dois meses de verdadeira reclusão em regime de escravatura, sem telemóveis, altamente vigiados e blá, blá, blá.

E pronto, eis um livro que antes de sair, já tem milhões de leitores a contar os dias que faltam para correr a comprar e perceber o porquê de tanto secretismo.

Eu, sem o ler, já sei do segredo...

Eis o momento em que supostamente os serviços secretos de todos os países do mundo ficam em alerta...

O segredo é... VENDER, apenas e só.

A história é apenas um pormenor de somenos importância.

A máquina do marketing vende tudo e de facto, quem quer enriquecer, vale bem a pena investir e exemplos há aos pontapés.