quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Citações (IV)

Se vissem as coisas tal como elas são… se compreendessem, de uma vez, que o homem é uma besta imunda e que nada há a fazer… todo o regime social está fatalmente condenado a reflectir o que há de irremediavelmente mau na natureza humana…

In "Os Thibault, Roger Martin du Gard"

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Traidor – Bernard Cornwell

Traidor é o segundo volume das Crónicas de Nathaniel Starbuck, uma série que Bernard Cornwell “pega” de vez em quando e que descreve a Guerra Civil Americana. Não tendo apreciado por aí além o primeiro volume,  este 2º volume já me senti transportando para o melhor estilo de Bernard Cornwell que muito admiro, criando toda uma narrativa brutal e cheia de aventuras.

Nathaniel Starbuck, capitão da Companhia K dos Confederados, vê-se numa luta pela sua idoneidade e, como forma de salvar a sua honra, empreende uma viagem às linhas do exército do Norte onde irá encontrar o seu beato irmão e todo um conjunto de lendárias personagens. Em toda esta aventura, cheia de situações violentas, Nathaniel assumirá a sua vontade de lutar por uma causa que abraçou por mero acaso mas que, agora, tem como sua.

Baseado em factos reais, Bernard Cornwell, com este segundo volume, traz-nos de volta um registo à sua imagem: violento, brutal, cheio de descrições de batalhas minuciosas onde os factos são escalpelizados, “Traidor” é um livro que simplesmente adorei, mais um a juntar a enormíssimo leque das obras de Bernard Cornwell.

Situado em 1862 e narrando os acontecimentos da Guerra Civil Americana, o autor cria um romance histórico baseado em factos e personagens reais. Os acontecimentos não são inventados. Nathaniel Starbuck é um personagem que serve para criar o contexto, no entanto a maioria dos personagens são reais assim como os acontecimentos. A batalha de Ball’s Bluff que resultou numa enorme derrota para o Norte, as intrigas políticas e militares e até pequenos pormenores que tiveram influência no desenrolar do sangrento conflito, são aqui referidos de uma forma excitante e meticulosa, dando uma visão clara do rumo da guerra e da sua brutalidade.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Vendidos menos 470 mil livros que em 2012

Segundo notícia que li hoje, este ano há uma quebra de 5% nas vendas de livros que não se reflete na receita (quebra de 1%), sinal que os preços dos livros, em vez de baixarem, subiram.

Pois é, e depois é ver os principais intervenientes, autores e editoras, assobiarem para o ar como se a crise fosse ilusão e ainda se dão ao luxo de editar uma obra em dois ou três volumes.

Pessoalmente, este ano, apenas comprei dois (2) livros nas livrarias e mesmo assim aproveitando descontos.

Benditos sites de anúncios classificados...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Passatempo Natal

Embora nada tenha a ver com literatura, quem me conhece, sabe que há algum tempo produzo sabonetes, pelo que vou utilizar este meu espaço literário para divulgar um passatempo que estou a realizar através do facebook.


1º PASSATEMPO DE NATAL

Querem ganhar este lindíssimo cesto de 3 sabonetes de glicerina totalmente artesanal?

Participem, é fácil!

Só têm de efectuares 4 passos. 


Podem ver como, AQUI.

Obrigado!


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Carta de despedida de Gabriel García Marquéz

No ano passado, Jaime García Marquéz, irmão do autor, anunciou ao Mundo que o escritor sofria de uma demência senil. Em jeito de despedida, o Nobel escreveu uma carta.


"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e disfrutaria de um bom gelado de chocolate.

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, jorgar-me-ia de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como também a minha alma.

Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saisse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo das suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!… Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem de que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.

Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar.

A uma criança, daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.

Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.

Tantas coisas aprendi com vocês, os homens… Aprendi que todos querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a rampa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do pai, tem-no prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.

São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, a mim não poderão servir muito, porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer.”

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Jogada Ilegal – Luís Aguilar

Sou um apreciador do denominado desporto rei, não daqueles que vêm todos os jogos que passam na tv, mas confesso que gosto de assistir a uma boa partida de futebol e nunca perco as maiores competições de clubes e de selecções, sendo a principal, o Campeonato do Mundo que é organizado de quatro em quatro anos.

“Jogada Ilegal” é um livro que se propõe a narrar as muitas jogadas de bastidores e dúbios interesses que orlam em volta das organizações dos Campeonatos dos Mundo pela FIFA.

Assente em variadíssimos documentos que nos são mostrados nas últimas páginas, o jornalista Luís Aguilar deixa antever um mundo monstruoso de corrupção, jogadas de interesses e influências em busca do poder. O objectivo visa o poder e o dinheiro que a FIFA gere. Sendo a segunda maior competição desportiva do planeta, o campeonato do mundo de futebol gera biliões em parcerias, direitos televisivos e outros, que são distribuídos de uma forma pouco clara. Em torno da instituição, gravitam diversos personagens que são mais influentes que qualquer líder político, e isso leva-nos aos jogos de bastidores que se sucedem a fim de chegar aos lugares de dirigentes, não só da FIFA, como também das confederações continentais onde poerão manipular as nações dos seus continentes.

No centro do tufão estão nomes como Blatter ou Platini, como chegaram ao poder, quais as suas ligações e como se têm movimentado neste universo que pouco ou nada tem de ético.

São aqui referidos vários episódios que têm manchado a reputação da FIFA. Casos como os da votação para a Bola de Outro de melhor treinador 2012, as candidaturas para os mundiais e a forma obscura como o Qatar vence, as ligações nada inocentes que daí advêm (ver quem comprou e investiu no Paris S.G.), etc, etc.

Centrado apenas e só na FIFA, tive a oportunidade de falar com o autor na apresentação do livro e, como apreciador de futebol, dei-lhe os parabéns pela coragem demonstrada e pedi-lhe que não perca o ritmo e que se proponha a fazer um livro deste estilo mas sobre o futebol português. São quase 30 anos de sistema que tem destruído o futebol em Portugal sem que haja alguém de coragem que investigue a sério. Os indícios são maiores do que os observados na FIFA, basta dar um pulinho ao youtube e pesquisar um pouco ou então continuar pela net e perder um tempinho para dar de caras com situações nada normais que grassam desde finais dos anos 80 do século passado.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Anatomia do Segredo – Leslie Silbert

Eis que estamos na presença de mais um thriller histórico em que alguém descobre algo tenebroso do passado que vai ter ligações ou mexer com interesses poderosos do presente.

Mais um igual a tantos outros que nos últimos anos pululam nas livrarias. Interessante de início, não digo que não, vai perdendo fulgor e interesse à medida que avançamos na acção entre o presente e o passado, acabando por descambar numa série de clichés e na descoberta do previsível criminoso.

Não escondo que gostei do trama histórico, ou seja, quando a autora construiu um trama utilizando personagens reais da Inglaterra do séc. XVI, no entanto centra-se, na minha opinião, demasiadamente na teia de espionagem deixando para trás todos os outros aspectos que podiam fazer deste romance algo de diferente. Personagens fascinantes como Christopher Marlowe, Francis Walsingham, Walter Raleigh. Robert Cecil e mesmo a rainha Isabel I, surgem aqui com toda a sua influência mas são pouco ou nada explorados, sobrando apenas as suas dúbias contribuições na espionagem.

Enfim, mas um romancezeco que entreteve mas que me ensinou pouco e despertou quase nada para outras questões relacionadas com a época abordada.