domingo, 15 de maio de 2016

Fogo Cruzado – Bernard Cornwell



É do conhecimento comum que os Estados Unidos foram uma colónia britânica durante muito tempo e que só em 1783 os Estados Unidos conseguiram a sua independência, numa Guerra que durou 8 anos (1775-1783), guerra essa conhecida por: Guerra de Independência dos Estados Unidos, Guerra Revolucionária Americana, Guerra Americana da Independência, ou simplesmente Guerra Revolucionária.

Confesso que antes de ler este livro, a minha ignorância sobre o tema era altíssima, pois julgava que se havia tratado de uma guerra entre soldados britânicos e americanos, no entanto fui percebendo que houve implicações mais profundas e com a participação de outras nações, casos da França, Holanda e Espanha, ou seja, praticamente todas as potências militares da altura entraram ao barulho, tornando assim este conflito uma espécie de Guerra Mundial.

Em todo o caso esta opinião versa sobre este livro que tem como pano de fundo a Guerra da Independência.

Bernard Cornwell situa-nos em 1777 na cidade e arredores de Filadélfia. Os britânicos ganham terreno e obrigam à fuga dos americanos. Na cidade ficam apenas os lealistas e alguns patriotas que, embora não escondendo as suas opções, convivem lado a lado com o inimigo em constantes tertúlias de uma hipocrisia atroz. Obviamente que esse convívio fomenta traições e jogos políticos cujo o autor é exímio na construção de toda uma narrativa que nos prende do principio ao fim do livro.

Como em todos os seus livros, ele vai construindo personagens de vários tipos de carácter.

Temos o herói, o vilão, os amigos do vilão, os amigos do herói, enfim, uma panóplia de personagens fortíssimos que ajudam, e muito, a que nos mantenhamos agarrados ao livro, pois nunca sabemos o que vai surgir a seguir.

Outra imagem de marca de Cornwell, que faz com que o considere o meu autor preferido no género do romance histórico, é a brutalidade e a forma viva como narra as batalhas. Uma vez mais, sentimo-nos no campo de batalha, onde homens morrem de forma atroz. São violentíssimas as descrições e, como em todos os seus livros, dei por mim a ouvir as explosões, os gritos, os toques da corneta e os relinchar dos cavalos. Confesso que é algo que muito me atrai neste autor, pois ele não se limita a ser quase fiel aos factos históricos, consegue embelezar os seus romances com descrições de batalhas como julgo terem sido, ferozes e brutais.

Em suma, já tinha saudades de um romance deste género e, pese embora não me tenha preenchido de uma forma plena, sobretudo porque é uma época que não me sinto especialmente atraído (prefiro romances históricos na Idade medieval), acabei por o ler num ápice.


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Cura de Schopenhauer (A) – Irvin D. Yalom


Pese embora não seja um leitor assíduo de filosofia, sempre gostei da “disciplina” e na minha biblioteca pessoal abundam várias obras de vários filósofos, sendo que o que mais me fascina e aquele que mais se coaduna comigo, falando obviamente do seu pensamento, é Nietzsche e a sua filosofia irónica sobre a religião e a moral, algo que me identifico bastante e onde fui “beber” muitas das minhas concepções do mundo.

Schopenhauer conhecia de nome, confesso. Sabia que tinha tido alguma influência no pensamento de Nietzsche e de vários poetas com os quais até me identifico, mas não conhecia de todo o seu pensamento, algo que este livro, muito bem escrito, diga-se, me deu a conhecer.

O enredo é basicamente o seguinte:

Julius é um terapeuta de imenso sucesso que, numa visita de rotina ao seu médico, descobre que tem um cancro na pele e apenas um ano de vida. Na iminência da morte, faz um balanço da sua vida, constatando que nem tudo o que fez foi um sucesso e disso é a imagem um seu antigo paciente que, depois de dois anos de terapia e de imenso dinheiro gasto nas consultas, não se conseguiu curar. Dessa forma, e mais por curiosidade, entra em contacto com essa pessoa (Philip Slate) que lhe diz estar agora curado mas cuja cura deve a Schopenhauer.

Inicia-se assim uma terapia de grupo onde é escalpelizado a vida de todos os participantes tendo a filosofia de Schopenhauer como base.

Sinceramente e embora tenha gostado do livro, este fica aquém de Quando Nietzsche Chorou, não porque tenha menos qualidade, mas porque, a meu ver, a filosofia de Schopenhauer entra em conflito com o leitor no aspecto de ser uma filosofia bastante pessimista. Ou seja, damos por nós várias vezes completamente em baixo com o que estamos a ler, até porque um dos pilares do pensamento de Schopenhauer era que prazer consiste apenas na supressão momentânea da dor; esta, por sua vez, é a única e verdadeira realidade… Imaginem!
 
Em todo o caso é mais um excelente livro de um autor que descobri há pouco tempo e que tenciono continuar a ler, pois a sua escrita é magnífica e consegue-nos transportar para a mente dos filósofos em questão.