terça-feira, 1 de maio de 2018

Vento dos Khazares (O) – Marek Halter


Que livro fantástico!

Há livros que se tornam viciantes à medida que avançamos na sua leitura e este é um dos casos. Não apenas pela sua belíssima história, um misto de romance histórico e thriller, como também pela arte literária do autor que tem o condão de transformar em “poesia” qualquer frase que escreve.

Este é um dos muitos livros que tinha na “pilha” de livros para ler há muito tempo. Sabia que era unânime a sua Qualidade, pois basta navegar um pouco pela net para perceber que todos os que o leram, o adoraram. No entanto, confesso, nunca me espicaçou a curiosidade porque me parecia um livro que assentaria sobretudo na questão judaica e, embora nada tenha contra, antes pelo contrário, é algo que nunca me despertou a curiosidade por aí além, sobretudo neste caso quando versava acerca de uma civilização que estranhamente teria tido como religião a judaica.

Bom, mas vamos por partes, pese embora não pretenda escrever muito.

Quem foram os Khazares?

Sabe-se hoje em dia que foram um povo de origem turcomana que dominou a região centro-asiática entre os séculos VII e X. Desconhece-se com exactidão do porquê de se terem convertido ao judaísmo, no entanto, e isso sucedeu, converteram-se mesmo ao judaísmo sensivelmente no século VIII e porque é que escolheram essa religião?

É precisamente a questão Marek Halter lança e que, na minha opinião, explica de uma forma lógica, num romance, a todos os níveis notável.

Saltando entre o ano 950 e 2000, o autor é exímio em construir todo um trama extremamente convincente que nos apaixona desde o seu início.

Na época actual, ano 2000, temos o escritor Marc Sofer, também ele judeu, que se vê envolvido nesse enigma e que é convidado a investigar a questão. Nessa investigação, que o leva a Baku, capital do Azerbeijão, Sofer vê-se envolvido numa intriga que envolve passado e presente e é quando se depara com um problema que faz ressalvar a maleficência e a ganância humana em todo o seu esplendor, ganância essa não olha a meios para atingir os seus fins.

Depois o autor vai intervalando com o ano 950 e aí conhecemos o Khagan José, rei dos Khazares, a bela Atex, sua irmã e um punhado de personagens que nos ficarão na memória. Percebemos então porque escolheram a religião judaica e todas as questões geo-políticas da região que levaram inclusivamente ao desaparecimento dessa civilização e à tentativa, por parte dos russos, em fazer desaparecer todos os vestígios da civilização Khazar.

Em suma, um livro excepcional de um autor cuja escrita me encantou.

Actualmente tenho mais dois livros dele nessa tal “pilha” e que estou mortinho para lhe deitar a mão, pois é daqueles escritores que sabem aliar a genial escrita ao de contador de histórias, algo que não é assim tão comum.

Altamente aconselhável!


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