terça-feira, 25 de setembro de 2018

Pacto (O) – Michelle Richmond


Pese embora não seja um grande fã de policiais ou thrillers (confesso que é um tema que me é mais querido no cinema), de vez em quando gosto de enveredar pela leitura de alguma obra do género que, de alguma forma, me tenha espicaçado a curiosidade, e o certo é que até tenho lido livros muito razoáveis e sobretudo que me têm entretido.

Este “O Pacto”, foi um deles!

Como pano de fundo temos a “instituição” que é o casamento e onde a autora, aqui e ali, vai dissertando sobre várias questões acerca do mesmo. Pessoalmente achei isso muito interessante, pois a autora não se limita a escrever uma história de cariz policial, ela própria, servindo da profissão do protagonista, aborda o casamento e várias das suas virtudes e defeitos, em simultâneo, que vai traçando da enorme importância que o compromisso e o empenho têm num casamento dourador e feliz. Ou seja, mais do que um mero romance policial/thriller, “O Pacto” foi-se revelando quase como um mini manual de como levar um casamento para a frente de forma feliz.

Em todo o caso a história principal assenta em algo que me cativou e que é, no desenrolar do livro, altamente perturbadora.

Imaginemos que quando nos casamos, um dos convidados nos oferece uma prenda diferente daquilo que comummente se oferece aos noivos. Nada de dinheiro ou electrodomésticos, viagens, ou até casas ou carros, não, nada disso. Imaginemos que nos oferecem um pacote que nos garante um casamento feliz e satisfatório para sempre com aquele(a) que resolvemos casar.

No mínimo interessante, não?

Pois bem, esse pack contém um pacto onde o casal é “convidado” a entrar para um grupo denominado “O Pacto”, jurando fidelidade a todas as alíneas/mandamentos e jurando igualmente cumprir e aceitar as punições caso transgrida alguma dessas regras.

Como protagonistas principais temos Jake e Alice. Ele Psicoterapeuta  e ela advogada. Ambos altamente entregues às suas actividades profissionais e que desde o início do casamento levam esse pacto na “desportiva”, no entanto, cedo se apercebem que o que aparentava ser não é e que algo com contornos mais graves começam a surgir nas suas vidas levando-os a um clima de medo e paranóia.

Pese embora não tenha gostado do final do livro, acho que merecia um final diferente e tinha todas as condições para o ter, foi um livro que me cativou e, pese embora algumas incongruências no argumento, é um livro que tem um ritmo muito elevado e que tem o condão de nos agarrar, pois quando nos apercebemos do imbróglio onde Jake e Alice caem, ficamos sempre à espera do que se vai a seguir.

Numa escrita muito cenamatográfica (a Twentieth Century Fox já adquiriu os direitos de adaptação para o cinema e se mudarem algumas dessas incongruências, têm tudo para ter um sucesso em mãos), é uma obra muito interessante e que gostei de ler, recomendado para quem gosta de um thriller algo diferente.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Cúpula (A) – Stephen King


Pese embora Stephen King seja um dos escritores mais traduzidos do mundo, com mais de 400 milhões(!!!) de cópias vendidas e uma obra extensa que originou títulos de culto, não apenas na literatura bem como no cinema, pessoalmente nunca fui um grande fã de Stephen King, embora já tenha lido vários dos seus livros e visto várias séries e filmes baseados nos livros, aliás, confesso que geralmente até gosto mais das séries e dos filmes do que propriamente dos livros. Aliás, considero Stephen King como um excepcional contador de histórias, conseguindo escrever livros extensos com um simples episódio, mas não o considero um bom escritor. Embora tenha o seu método de escrita que tanto sucesso lhe trouxe, soube criar um género que foi de encontro a um nicho de leitores e, com isso, a fama e o sucesso vieram por arrasto, sendo que, continua a ser a sua linha.

Bom, “A Cúpula”, supostamente começado a ser escrito na década de 70 e que King abandonou, foi retomada em 2007 ou 2008, sendo que a sua publicação aconteceu em Novembro de 2009.

É uma obra muito extensa. Mais de 1100 páginas e o que narra a história?

Imaginemos uma cidadezinha perdida nos confins dos Estados Unidos, num dia de Outono, eis que, de repente a cidade se vê isolada do resto do mundo por uma cúpula invisível que a envolve, uma espécie de campo de forças. Aviões, camiões, tudo, com ela colidem e depressa o governo norte-americano envia o exercito para tentar perceber o que se passa. Ninguém sabe de onde surgiu essa barreira nem de onde veio e muito menos de quando irá desaparecer.

No interior da cidade a estupefacção dá origem a desacatos sociais (como não podia deixar de ser), e eis que Stephen King cria uma micro sociedade que recria a nossa sociedade em toda a sua plenitude, com o respectivo herói e vilão.

Confesso que a sinopse foi suficientemente cativante para pegar nos dois volumes, pois o cenário sugerido era algo que me parecia ir dar a uma espécie de estudo da sociedade e embora isso de facto aconteça, confesso que não gostei do livro e da forma como o autor foi conduzindo a história.

Sim, muitos assassinatos e muito sangue conforme King gosta, muitas indirectas e “bocas” no que vai descrevendo, muito humor negro, mas grande parte do livro achei-o monótono, aborrecido e por várias vezes estive a ponto de desistir, pois a história é muito mastigada, pouco vai evoluindo e depressa começamos a constatar como vai acabar.

Aliás, penso que um dos principais defeitos desta obra é a sua enorme extensão. Facilmente o autor teria conseguido contar o que queria por, vá lá, 500 páginas, mais de 1100 páginas é um tormento e só se compreende porque sabemos que foi uma história que deu imenso prazer ao escritor, mas para o seu leitor se torna uma maçada.

Dos vários livros que li de Stephen King, este foi, de longe, o mais extenso, mas também foi aquele que menos gostei e, que me lembre, o único, que tive tentado a desistir.

Já ouviram falar do Deus das Moscas?

Uma obra excepcional que, tenho a certeza, Stephen King conhece bem!