terça-feira, 2 de outubro de 2018

Mulher do Camarote 10 (A) – Ruth Ware


Confesso que tenho andado numa maré de thrillers/policiais. Embora não seja um grande fã do género, sobretudo porque poucos são aqueles, livros, que têm o condão de me surpreender, deparando-me quase sempre com histórias muito similares, com um assassino psicopata, o respectivo detective, pistas e mais pistas onde muitas delas não dão em nada, apenas servindo para criar enredo, enfim, quase sempre me deparo com uma mão cheia de nada e são raros os livros do género que me surpreendem. No entanto, há alturas em que gosto de me dedicar a alguns livros do género cujas opiniões são boas e eis-me na posse de um deles.

Porém, confesso também que logo na sinopse houve algo que me fez franzir o nariz. Já li muitas centenas de livros e posso dizer que é sempre de desconfiar quando constatamos que um livro é comparado a algum best-seller ou, pior, quando é comparado a algum escritor de craveira universal e, neste caso, desconfiei quando na sinopse referia: “este romance evoca o ambiente clássico dos policiais de Agatha Christie: um ritmo que aumenta gradualmente de tensão, a sensação de perigo iminente e um conjunto de suspeitos reunidos num único lugar”. Claramente colando-se à obra lendária de Christie como é o “Crime no Expresso do Oriente”, só que desta vez, num barco.

Mas enfim, lá iniciei a leitura do livro e efectivamente não gostei, achei-o mesmo muito fraco e com um argumento perfeitamente decifrável.

Primeiro de tudo e embora o livro até comece de uma forma muito boa, mas que, sinceramente, não entendi a sua lógica, pois esse início é repetido exaustivamente como forma de apresentar um inquestionável trauma, mas um terço do livro é uma profunda travessia do deserto. Das quase trezentas páginas, só por volta da página cem é que a história começa a ter algum interesse, de resto são cem páginas de um longo bocejo.

Depois e não querendo entrar nos acontecimentos, para isso basta ler a sua sinopse e é algo que raramente faço, toda o enredo surge um pouco aos soluços, ficando por explicar alguns factos que a autora vai espalhando e que, pura e simplesmente, manda às malvas a partir de certo momento. Ou seja, quem e para quê surgiram determinados personagens? Para criar confusão? Pois bem, aceitaria, desde que a autora, tal como fazia Christie, explicasse. Para quê estar insistentemente a recordar o passado da personagem principal quando, na sua essência, de nada servem? Para criar uma ideia falsa ao leitor? Aceito, desde que no final a mesma explicasse.

Em suma, não me vou alongar muito porque não me apetece escrever mais sobre o livro, pois às tantas fiquei cheio de vontade de o acabar e, confesso, que as últimas cinquenta páginas, foram um suplício.

Só mais um pormenor. Na capa da edição portuguesa surge um navio cruzeiro de grande porte. Pois bem, a partir da página cem, quando finalmente chega ao navio, constatamos que se trata de um cruzeiro pequeno que leva umas vinte pessoas.

Pois!

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