Conforme venho defendendo há muito tempo, há livros que devem ser lidos
na altura certa, livros que na nossa infância/juventude nos marcam mas que não
o fazem quando adultos e outros, de maior ou menor profundidade em diversas
alturas da nossa vida ou maturidade. Ganhei consciência disso com algumas obras
que tentei ler quando era adolescente e que não consegui, anos depois adorei
esses livros e outros há que adorei enquanto adolescente e que agora, pelo
menos o estilo dessas obras, não consigo passar da página 100.
Este “Quando Nietzsche Chorou” é um desses livros.
É um livro que deve ser lido por alguém que, primeiro tenha alguma “bagagem”
literária e depois por alguém que ou tenha ou, pelo menos, ande lá perto, dos
40 anos, pois a sua mensagem vai-o atingir como um relâmpago e responder a
muitas das questões que se fazem nessa altura. Pelo menos assim o penso porque
este livro foi de encontro às minhas aflições/questões que há algum tempo ando
a colocar, sobretudo uma questão que sobressai de toda a obra: “fomos nós que
escolhemos a vida que temos?” ou, “Foi a nossa vida que nos escolheu?”
Confuso?
Durante toda a leitura deparamo-nos com várias inquietações de dois
cérebros que, em amena cavaqueira, debatem várias questões filosóficas que têm
o pendão de nos atingir em cheio e fazer pensar no quanto a nossa vida não é
aquilo, afinal, que um dia sonhámos. Há anos alguém chamava a “crise dos
quarenta”, mas é uma forma fácil de colocar o problema que, tenho a certeza,
todos sentem quando atingem essa idade, pelo menos aqueles que olham para o seu
passado e futuro em perspectiva.
É um dos melhores livros que li até hoje e um dos que mais me fez
pensar e parar de ler, ou seja, várias vezes (sessões) em que não consegui
continuar porque sentia que tinha de meditar sobre as palavras lidas e as
mensagem que, em supetão, me chegavam.
Não vou mencionar qualquer tipo de sinopse porque isso facilmente
qualquer um pode pesquisar, mas garanto que este é um livro genial que coloca
um dos grandes filósofos de sempre Friedrich Nietzsche em conversas com um médico
também ele conhecido e importante numa área da medicina, Josef
Breuer, em simultâneo que um outro, não menos importante, faz algumas
aparições: Sigmund Freud.
Um livro
genial que me complementou e me levou a perceber algumas das minhas
inquietações.