Pessoalmente
gosto muito de ler romances distópicos, livros que encenam uma realidade futura
que, dado o curso que a Humanidade toma e a sua essência (da humanidade), não é
de todo impossível de alguma vez acontecer.
São
vários os títulos que abordam cenários distópicos , todos eles obviamente
descrições ficcionais que promovem utopias, no entanto, em todos eles é claro
perceber a intenção do autor, quer seja na caracterização de regimes
totalitarista, opressivos, ou mesmo, uma sátira ao uso excessivo de tecnologias
e a prisão que representam para o Ser Humano.
Pessoalmente
já li vários desses títulos, alguns dos quais recordo com especial prazer, dada
a Qualidade da escrita e da previsão de uma realidade perfeitamente possível,
exemplos como “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “Ensaio sobre a cegueira”, “12
macacos”, são títulos que me marcaram sobremaneira pela forma realista como
foram escritos e apresentados, ou seja, são mais do que distopias, são
previsões claras para onde a Humanidade caminha.
“A
História de uma Serva”, não entra, de todo, nesse circunscrito lote de obras
que me agradaram, sobretudo e principalmente, porque desde o principio não o
achei verosímil o suficiente, ou seja, pese embora seja uma história “engraçada”
e muito bem escrita, o enredo e a explicação de todo aquele cenário, nunca me
fez acreditar ser possível acontecer.
Claro
que sei que se trata de um romance, mas não é por acaso que nunca leio livros
de fantasia, quando leio algum romance, gosto de crer naquilo que estou a ler e
pensar que um dia poderá suceder ou que tenha sucedido. Não leio porque sim,
leio obviamente para me entreter, mas leio igualmente para crer naquilo que
estou a ler, não sei se me faço entender, mas também pouco importa.
Gostei
do livro, mas não o considero uma obra-prima como muitos apregoam, até porque,
para além da pouca plausibilidade, a acção da principal personagem fica muito aquém
do que eu julgo que poderia suceder, vivendo uma vida de recordações do passado
em que vivia em liberdade, mas pouco ou nada fazendo para se libertar das grilhetas
actuais.
Depois,
há uma fraca conexão argumentativa dado, não apenas pelo que referi no
parágrafo anterior, como também da fraca explicação, ou, se quiserem, da
deficiente explicação, como e porquê tudo sucedeu para aquele cenário.
Podem
sempre alegar que é uma obra que aborda, de forma figurativa, temas como
repressão, anti-semitismo, preconceito, violência sexual, violação, liberdade
de expressão, etc, etc, mas, honestamente, não o considero uma daquelas obras
de “encher o olho” e que fique na memória. É sim uma das obras que pretendia
ler e que, agora que terminei, não aconselho a quem procure uma Distopia
coerente e credível.