Em “Kafka à beira-mar” a história de um jovem de 15 anos que foge de casa interliga-se com a história de um velho cuja vida foi toda ela marcada por um estranho acontecimento na sua juventude que lhe retirou a capacidade de inteligência.
Ao longo destas duas histórias interligadas por pontos comuns que se vão fortalecendo ao longo do livro, Kafka Tamura, o rapaz de 15 anos, inicia a descoberta do seu Eu e consequentemente da sua sexualidade e do seu passado. Abandonado pela mãe quando tinha 4 anos, Kafka fica a viver com um pai ausente, criando assim um carácter hermético, habitando num mundo paralelo onde o seu único amigo é um rapaz chamado Corvo que serve também de consciência.
Nakata é alguém que vive num plano paralelo à sociedade. Vítima ainda em criança de um estranho acontecimento durante a 2ª Guerra Mundial que nunca ficou clarificado, Nakata perde aí a inteligência ao ponto de nem sequer saber ler. Com uma mente vazia, Nakata, porém, tem outras capacidades estranhas, como por exemplo falar com os gatos.
É pois estes dois personagens que servem de contraponto para a construção de um mundo absolutamente fantástico (na verdadeira acepção da palavra) que serve também como metáfora de variadíssimas sensações humanas como a solidão, a amizade, o ódio, a angústia, o amor, a luxúria e capacidade de compreender e ter compaixão pelo semelhante.
Não é um romance fácil de ler nem sequer daqueles livros que cativam pela história. Todavia é um livro com um estranho efeito magnetizador. Agarra-nos. A escrita é extremamente inteligente. O autor cria um início alicerçado na angústia de uma criança que foge do seu presente para tentar descobrir o seu passado. E começa então o desenrolar do fio de um argumento num estilo poético, diria mesmo clássico, ou seja, passei todo o livro com a sensação de estar na presença de uma composição de Beethoven, Mozart ou Hyden, sobretudo porque as palavras fluem como um sonho, como uma pauta musical que flutua na nossa imaginação.
Uma gigantesca metáfora de sensações e também de analogias a factos históricos do Japão com vários pontos cheios de ironia sobre uma sociedade que, parece, tende a esquecer o seu passado.
Para se apreciar o livro, pese embora admita que é um pouco extenso, impõe-se um espírito aberto, uma motivação para o estilo e uma total dedicação à obra, pois, para além de estar repleto de enigmas e de pontas soltas que, pouco a pouco, se vão juntando, é ele também um romance bastante longe do arquétipo de um outro romance. Reminiscências, a meu ver, talvez apenas com a “Margarita e o Mestre” de Bulgakov.
Ao longo destas duas histórias interligadas por pontos comuns que se vão fortalecendo ao longo do livro, Kafka Tamura, o rapaz de 15 anos, inicia a descoberta do seu Eu e consequentemente da sua sexualidade e do seu passado. Abandonado pela mãe quando tinha 4 anos, Kafka fica a viver com um pai ausente, criando assim um carácter hermético, habitando num mundo paralelo onde o seu único amigo é um rapaz chamado Corvo que serve também de consciência.
Nakata é alguém que vive num plano paralelo à sociedade. Vítima ainda em criança de um estranho acontecimento durante a 2ª Guerra Mundial que nunca ficou clarificado, Nakata perde aí a inteligência ao ponto de nem sequer saber ler. Com uma mente vazia, Nakata, porém, tem outras capacidades estranhas, como por exemplo falar com os gatos.
É pois estes dois personagens que servem de contraponto para a construção de um mundo absolutamente fantástico (na verdadeira acepção da palavra) que serve também como metáfora de variadíssimas sensações humanas como a solidão, a amizade, o ódio, a angústia, o amor, a luxúria e capacidade de compreender e ter compaixão pelo semelhante.
Não é um romance fácil de ler nem sequer daqueles livros que cativam pela história. Todavia é um livro com um estranho efeito magnetizador. Agarra-nos. A escrita é extremamente inteligente. O autor cria um início alicerçado na angústia de uma criança que foge do seu presente para tentar descobrir o seu passado. E começa então o desenrolar do fio de um argumento num estilo poético, diria mesmo clássico, ou seja, passei todo o livro com a sensação de estar na presença de uma composição de Beethoven, Mozart ou Hyden, sobretudo porque as palavras fluem como um sonho, como uma pauta musical que flutua na nossa imaginação.
Uma gigantesca metáfora de sensações e também de analogias a factos históricos do Japão com vários pontos cheios de ironia sobre uma sociedade que, parece, tende a esquecer o seu passado.
Para se apreciar o livro, pese embora admita que é um pouco extenso, impõe-se um espírito aberto, uma motivação para o estilo e uma total dedicação à obra, pois, para além de estar repleto de enigmas e de pontas soltas que, pouco a pouco, se vão juntando, é ele também um romance bastante longe do arquétipo de um outro romance. Reminiscências, a meu ver, talvez apenas com a “Margarita e o Mestre” de Bulgakov.
Já agora espreitem o site do Murakami... fantástico.
Olá Iceman
ResponderEliminarTenho este livro aqui na estante e estou sempre na dúvida se lhe pego ou não. Não sei se alguma vez tiveste a sensação de olhar para um livro e ele parecer ter uma personalidade e essa ser mais forte do que a minha. A mim acontece-me algo parecido. E acabo por não lhe pegar. Espero que tenhas entendido a metáfora;)
Boa leitura!
Olá leitora.
ResponderEliminarIsso nunca me aconteceu. Mas acontece-me várias vezes olhar para um livro e pensar:"hummm.... nannnn, não me apetece". Penso que pode ser maçudo, ou então o assunto, simplesmente, não me apetece ler.
Mas entendi!