Grande sucesso em Espanha e praticamente em todos os países onde foi publicada, “A sombra do vento” é um livro que fala de livros e da influência que os mesmos podem ter na vida daqueles que os lêem.
A acção situa-se em Barcelona em meados da década de 40 (século XX) onde ainda se vive sob o espectro da guerra civil que assolou toda a Espanha e sob a ditadura de Franco.
Daniel Sempere, o principal personagem e narrador da história, de mão dado com o pai é levado à descoberta de um local mágico e misterioso: O cemitério dos livros esquecidos. Gigantesca e labiríntica biblioteca onde são guardados os livros saídos de circulação e há muito esquecidos pela sociedade.
Logo aqui há uma clara referência à estrutura labiríntica imagina por Umberto Eco no seu livro “O nome da Rosa” e, na minha perspectiva, uma crítica à sociedade pela forma como trata os seus livros, para além de ele próprio fomentar a idéia da importância de todos os livros como veículo de cultura.
Esta cena inicial torna-se assim na premissa para todo o enredo que irá rodar sob o livro que Daniel escolhe do Cemitério dos livros esquecidos: A Sombra do Vento, escrito pelo enigmático e obscuro Julián Carax.
Apaixonado pela história contida no livro, Daniel empreende uma busca por mais livros deste autor, acabando por entrar numa intrincada teia de ódios, assassinatos, paixões e amizades que vão para além do imaginado e que se situam muitos anos antes do nascimento de Daniel.
Zafón é muito inteligente na forma como cria o enredo e, sobretudo, na forma como liga vários pormenores e personagens de outros autores da literatura e isso é algo que mais me surpreendeu e me fez apaixonar pelo livro.
Como história em si, posso afirmar, segundo a minha opinião, que não é uma grande história, já tenho lido muito melhor, porém uma das mais valias deste livro é a influência de outros autores e dos seus gêneros. É nítida a influência do gótico de Egdar Allan Poe. O inspector Fumero, até na descrição do seu aspecto físico, é quase um clone do inspector Javert nos “Miseráveis” e até no seu relacionamento com Fermín, um dos personagens mais fascinantes, faz lembrar as situações com Jean Valjean no referido título.
Achei curiosa a forma como o autor consegue jogar com vários estilos literários, quase que altera os estilos de página a página. Ora cria um clima de autêntico romance psicológico ao estilo de um Dostoeivsky, como passa para um policial, um thriller povoado de imagens e situações góticas e sobrenaturais, acabando num estilo histórico e até de costumes.
É claro que isso é intencional e dá ao romance algo de inédito, até porque é também uma forma do autor homenagear escritores universais e gêneros.
Bela é também a sua escrita e as metáforas criadas. Facilmente descreve situações de uma forma poética, de uma profundidade emocional e intelectual superior.
Não é de forma nenhuma um livro difícil de ler, é sim um livro belíssimo que fala de outros livros e das capacidades humanas em todas as suas vertentes, tendo também a capacidade de analisar a História e o peso que a mesma tem com comportamento do ser humano enquanto individualidade e em grupo.
A acção situa-se em Barcelona em meados da década de 40 (século XX) onde ainda se vive sob o espectro da guerra civil que assolou toda a Espanha e sob a ditadura de Franco.
Daniel Sempere, o principal personagem e narrador da história, de mão dado com o pai é levado à descoberta de um local mágico e misterioso: O cemitério dos livros esquecidos. Gigantesca e labiríntica biblioteca onde são guardados os livros saídos de circulação e há muito esquecidos pela sociedade.
Logo aqui há uma clara referência à estrutura labiríntica imagina por Umberto Eco no seu livro “O nome da Rosa” e, na minha perspectiva, uma crítica à sociedade pela forma como trata os seus livros, para além de ele próprio fomentar a idéia da importância de todos os livros como veículo de cultura.
Esta cena inicial torna-se assim na premissa para todo o enredo que irá rodar sob o livro que Daniel escolhe do Cemitério dos livros esquecidos: A Sombra do Vento, escrito pelo enigmático e obscuro Julián Carax.
Apaixonado pela história contida no livro, Daniel empreende uma busca por mais livros deste autor, acabando por entrar numa intrincada teia de ódios, assassinatos, paixões e amizades que vão para além do imaginado e que se situam muitos anos antes do nascimento de Daniel.
Zafón é muito inteligente na forma como cria o enredo e, sobretudo, na forma como liga vários pormenores e personagens de outros autores da literatura e isso é algo que mais me surpreendeu e me fez apaixonar pelo livro.
Como história em si, posso afirmar, segundo a minha opinião, que não é uma grande história, já tenho lido muito melhor, porém uma das mais valias deste livro é a influência de outros autores e dos seus gêneros. É nítida a influência do gótico de Egdar Allan Poe. O inspector Fumero, até na descrição do seu aspecto físico, é quase um clone do inspector Javert nos “Miseráveis” e até no seu relacionamento com Fermín, um dos personagens mais fascinantes, faz lembrar as situações com Jean Valjean no referido título.
Achei curiosa a forma como o autor consegue jogar com vários estilos literários, quase que altera os estilos de página a página. Ora cria um clima de autêntico romance psicológico ao estilo de um Dostoeivsky, como passa para um policial, um thriller povoado de imagens e situações góticas e sobrenaturais, acabando num estilo histórico e até de costumes.
É claro que isso é intencional e dá ao romance algo de inédito, até porque é também uma forma do autor homenagear escritores universais e gêneros.
Bela é também a sua escrita e as metáforas criadas. Facilmente descreve situações de uma forma poética, de uma profundidade emocional e intelectual superior.
Não é de forma nenhuma um livro difícil de ler, é sim um livro belíssimo que fala de outros livros e das capacidades humanas em todas as suas vertentes, tendo também a capacidade de analisar a História e o peso que a mesma tem com comportamento do ser humano enquanto individualidade e em grupo.
Por acaso para mim foi um dos livros que maior gozo me deu ler. Pela qualidade da escrita, pelas intertextualidades de que falaste sobretudo com Umberto Eco e Arturo pérez-reverte.
ResponderEliminarPara as tuas compras livrescas de ntal sugiro-te "Filomeno para meu pesar" de Gonzallo Torrente Ballester e "O Lápis do Carpinteiro" de Manuel Rivas.
Boas festas
CSD
Viva Cláudia!
ResponderEliminarSim, de facto parte da beleza do livro é pelas intertextualidades, porém e quanto a mim, o livro não é assim tão bom quando a crítica e o marketing o pintam. Até porque a permissa inicial leva-nos a crer que a acção se dirige para um lado e depois a história acaba por ter outro rumo.
No entanto foi um livro que gostei imenso de ler e que me surpreendeu pelo que já referi.
Sobre as compras livrescas de natal, pois, já comprei três títulos que estavam na minha agenda (ainda tenho uns 10, mas enfim). "Porta de Fogo" de Steven Pressfield (o que sofri para arranjar este livro); "A Estrada" de Cormac MacCarthy e "Sétimo Selo" de José Rodrigues dos Santos (um dos autores que mais admiro).
De Ballester já li três livros mas esse "Filomeno para meu pesar" só conheço a tua análise e o "Lápis do Carpinteiro" descoheço. Fica as sugestões, até porque vou já inteirar-me da história deste último.
Bjs e Boas festas.
Nuno
Adorei este livro... Estou sempre a recomendá-lo. Lê-se muito bem.
ResponderEliminarBoas festas.
Este já consta da minha biblioteca. Super fresquinho acabadinho de comprar :D
ResponderEliminarViva.
ResponderEliminarGostei muito do livro mas confesso que não faço parte do grupo que o consideram uma 5ª maravilha ou dos melhores livros de todos os tempos.
É uma história belíssima, muito bem escrita e envolvente.