O Pecado de Darwin é um título que tem tanto de ambicioso como de decepcionante. Um título que, ao contrário do original do livro, deixa logo antever um pecado de Darwin e foi precisamente com esse interesse que me propus a ler este livro.
Darwin é, inquestionavelmente, um dos Grandes Nomes da Ciência. Assim, quanto a mim, é necessário uma grande dose de coragem para se elaborar um trama cujo principal tema é algo que Darwin “fez” e que esteve por detrás da origem da célebre teoria da Selecção Natural.
Este livro é uma obra de ficção. Não me recordo de ter lido uma referência clara à ficção, mas o percurso que o autor desenha é obrigatoriamente ficcional tal a diminuta referências existentes em relação à vida familiar de Darwin.
No entanto, para dar maior credibilidade à história, o autor tenta desmontar um embuste que estaria por detrás da teoria de Darwin. Não vou aqui referir qual, mas para isso a história é descrita em três perspectivas. A do próprio Darwin enquanto jovem a bordo do Beagle, diários de Elizabeth (uma das filhas de Darwin) e de dois investigadores que, na actualidade, compreendem estarem no rasto de um terrível segredo que irá colocar em causa a credibilidade de Darwin.
O trama está bem construído, saltitando entre essas três perspectivas de uma forma coerente e equilibrada. No entanto não posso deixar de registar o imenso incómodo que o livro me proporcionou. Não que Darwin seja uma figura para mim fascinante, mas sim porque o autor coloca em causa a reputação desse homem. Mesmo sendo ficção, acredito que muitos do que irão ler o livro ficarão com a ideia que Darwin não é aquilo que sempre se disse que era e isso, a meu ver, é algo que, independentemente da obra ficcional e história, deveria ser defendida pelo editor e pelo autor, algo que não fazem, criando sim a ideia que a história narrada tem fundamento.
Achei rebuscada a forma como, principalmente os investigadores tinham a acesso a cartas e diários do próprio Darwin e filha. Sempre por acaso e por vezes até sabiam onde se dirigir, as informações vinham cair-lhes à mãos, informações essas, por vezes, bombásticas. Pessoalmente penso que esses factos ajudam a dar uma áurea de “faz de conta”, porém é notório também a intenção do autor em criar um clima de “teoria da conspiração”, clima esse que nunca convence.
Caro Iceman,
ResponderEliminarParabéns pelo blog e obrigado pela partilha: a lista de clássicos lidos e as respectivas impressões são óptimas para Grupos de Leitores.
Já conta com um link no http://adrianepandora.blogspot.com
Um abraço!
Boas Gaspar.
ResponderEliminarObrigado pelo elogio e de igual modo o faço em relação ao seu blog que já coloquei o link na lista.
É um prazer partilhar, aliás, a literautra só faz sentido dessa forma: partilhar experiências e percepções.
Abraço
Miguel
www.entelectual.blogspot.com
ResponderEliminar(já que o orgia literária, od a literatura, o bibliotecário de babel já estão nos links, só faltava o Ente)
estás a ler o Meridiano?! boa! ;)
ResponderEliminarSim, é um dos livros que estou a ler.
ResponderEliminarO Meridiano está-se a revelar um livro complexo e imensamente rico. Estou a lê-lo muito devagar à semelhança do que estou a fazer com "As Benevolentes", um livro cruel e cansativo.
aquelas 900 páginas d'"As Benevolentes" devem ser uma bela estucha... qualquer dia, também me aventuro a lê-lo (por agora, ando a explorar o universo abjeccionista de Luiz Pacheco)
ResponderEliminarjá foste ver o "Este País Não é Para Velhos"? mas que grande filme!
(ao contrário do que sempre acontece, gostei mais do filme do que do livro e compreendi melhor o livro através do filme)
saudações, Miguel
Vi o filme logo no dia de estreia.
ResponderEliminarNão li o livro mas o filme é soberbo, um dos melhores nos últimos tempos e merecedor do óscar de Melhor Filme.
O livro "Benevolentes" é de facto muito bom, mas é cansativo porque o teor é sempre o mesmo e não considero que seja um livro ao nível do "Guerra e Paz" como muitos apregoam, digo mais, não acho que tenha assim tanta qualidade.
Mas enfim, é apenas a minha opinião e ainda só vou a meio.
Cump.
Miguel
o "Guerra e Paz" (esse sim, já o li) também é uma bela estucha, bem ao estilo russo. excelente, mas muito cansativo. com excepção da Bíblia, foi a leitura mais longa da minha vida
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