A partir de 1535, é eleito como vigário-geral Thomas Cromwell, um homem que havia subido na cadeira do poder como apoiante de Ana Bolena e que é precisamente ele o responsável principal pela acusação de adultério que a levará ao cadafalso, mas Thomas Cromwell empreende uma política conhecida como a dissolução de mosteiros que continuavam a seguir a doutrina católica de veneração a santos e relíquias, algo que a reforma considerava absoleta e anti-reformista. Porém não se pense que não havia outros e maiores interesses, os mosteiros possuíam tesouros incalculáveis, para além de terras que o rei queria para ele.
É pois este o cenário do livro que me proponho aqui alvitrar. Um livro que considero excelente , escrito por C.J. Sansom, um jovem advogado que tem aqui o seu baptismo.
“Dissolução”, como a palavra deixa entender, é um romance policial-histórico sobre um processo de dissolução de um mosteiro, com o fim de extinguir e pilhar todos os bens do mesmo, no entanto esse trabalho teria sempre que ser realizado de uma forma segura e cuidadosa, pois caso contrário e como na época a reforma ainda estava em fase de implementação junto do povo, poderia desencadear uma revolta popular que nem o rei nem Cromwell pretendiam, pese embora e isso é um facto histórico, os mosteiros e os abades residentes terem má reputação junto dos vilões e aldeões.
É pois num mosteiro de Scarnsae, na costa sul de Inglaterra, que vem a notícia do homicídio brutal de um dos comissário do rei. Cromwell convoca então Matthew Shardlake, um conhecido e reputado advogado, entregando-lhe a incumbência de investigar e descobrir o assassino e, ao mesmo tempo, fazer tudo para levar o abade do mosteiro a assinar a carta de capitulação e assim ter motivos para encerrar o mosteiro.
Quando Shardlake e o seu jovem ajudante chegam a Scarnsea, descobrem um local pouco religioso, cheio de vícios e de condutas menos próprias para abades...
Através deste breve texto, facilmente poderá constatar que “Dissolução” tem um argumento muito semelhante ao “Nome da Rosa”, não só enquanto romance histórico mas e principalmente, como tendo como cenário um mosteiro e um crime aí praticado. Porém são épocas completamente distintas e não tenho dúvidas em afirmar que com “Dissolução” se aprende mais sobre a época em causa.
Obviamente e isso para mim foi claro, que o escritor se baseou um pouco no “Nome da Rosa”. Há toda uma variedade de situações que na verdade fazem lembrar o romance de Eco, no entanto não se julgue que “Dissolução” se trata de um pseudo-plágio do romance de Eco, não, este “Dissolução” é muito bom porque não só nos descreve uma época turbulenta, como também é, enquanto policial, cativante, com situações de suspense bem conseguidas, personagens sólidas e descrições vivas e bem reais.
É também um romance leve, com capítulos curtos e concisos, nunca é maçudo e nunca cai, mesmo quando o escritor explica a época e a situação política e religiosa, numa madorra erudita, algo que torna o “Nome da Rosa” num excelente livro, é um facto, mas de difícil leitura. Este não, é um excelente livro.
Li este livro há já algum tempo, e também gostei.
ResponderEliminarGostei do blog!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAinda espero ler "O Nome da Rosa" em breve!
ResponderEliminarComo gostaste, fiquei com o título assinalado, e sendo um romance histórico merece logo uns lugares à frente...
Viva.
ResponderEliminarÉ de facto um bom romance histórico que, não só pela época e pelo cenário, faz lembrar o "Nome da Rosa".
*Shame on me*
ResponderEliminarEste é um daqueles livros que está na estante à meses.
So many books... so little time :-/
Sandra
Vidas Desfolhadas
Olá Sandra.
ResponderEliminarDon't worry, comigo passa-se o mesmo, aliás, tenho livro que estão há anos na estante a aguardar, pacientemente, que os leia.
Também adorei este livro, existe do mesmo autor o Fogo Negro igualmente genial!:)
ResponderEliminarEu me encantei com o conteúdo deste livro. Genteeee eu li tão rápido que bateu deprê quando eu vi que tava acabando. rsrs
ResponderEliminarSuper Recomendo!!!!
By Lilian Silva
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