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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Catarina de Aragão, a Princesa Determinada - Philippa Gregory


Factos Históricos

Catarina de Aragão (1485-1536) nasceu nos arredores de Madrid. Filha mais nova dos Reis Católicos (D. Fernando II de Aragão e D. Isabel de Castela), viveu numa época importantíssima para o futuro da Europa que aí começou a construir os alicerces da actual Europa.

Culta, inteligente e muito bonita, Catarina foi educada desde o berço para ser Rainha de Inglaterra, pois desde os 3 anos foi prometida em casamento a Artur Tudor, futuro Rei de Inglaterra, primogénito de Henrique VII.

Teve uma educação esmerada, sobretudo em estratégia militar, ganhando também a consciência da sua importância no tabuleiro estratégico de interesses políticos, interesses esses que visavam colocar a Espanha numa posição de relevo e liderança na Europa.

Consciente disso e do seu papel, assume a sua posição e encara o casamento como uma missão. Lutadora, lança charme sob o povo inglês conforme a mãe lhe havia ensinado. E esse charme oferece-lhe a adoração do povo sendo que, cerca de 500 anos após a sua morte, o seu túmulo em Peterborought nunca está sem flores. Por aí se pode medir a enorme popularidade de Catarina, popularidade que ela soube conquistar a pulso.

Interessante também registar as movimentações políticas de altura.

Em 1469, D. Fernando II de Aragão casa com D. Isabel de Castela, começando aí a definir-se o território espanhol com tal é hoje conhecido.

Altamente católicos, criam a Santa Irmandade e unificam os dois reinados.

Ambos têm um grande projecto: a conquista dos territórios mouros e italianos, no entanto e neste último caso, necessitam de derrotar os franceses. Para isso, e revela bem o espírito destes reis, têm uma série de filhos que, desde cedo, comprometem em casamento com as principais casas reais europeias de forma a criarem alianças e, dessa forma, isolarem França. É assim que Catarina é prometida a Artur Tudor.

Em 1492, após a conquista do reino de Granada aos mouros, é decretada a expulsão destes juntamente com os judeus. Com eles é expulso o saber e a cultura, iniciando-se um dos piores excessos de intolerância de que há memória.


O Livro

Philippa Gregory é genial na forma como narra estes acontecimentos, entrelaçando-os na história de Catarina.

O livro tem início em 1491.

Catarina tem 6 anos e, juntamente com os irmãos, está em campanha contra os terríveis mouros.

Percebemos desde logo o objectivo de ter os filhos no meio de um acampamento militar, correndo o risco de ser atacado. Fomenta-se a mentalidade guerreira, dá calo que só estas dificuldades podem dar. Catarina tem um enorme orgulho e confiança nos seus pais e, desde muito pequena, sabe que aqueles acontecimentos lhe serão muito úteis para quando assumir o trono de Inglaterra.

Em todo o livro Philippa Gragory nunca nos deixa esquecer essa veneração. Catarina vê-se como uma escolhida por Deus, ela tem uma missão e tudo para ela serve como uma lição de aprendizagem.

Algo que é bastante perceptível é a enorme religiosidade de Catarina. Embora admire os mouros, pelo seu saber, cultura, higiene, bom senso e bom gosto, ela vê-os como bárbaros, infiéis que não quiseram reverenciar o Deus Cristão e que, por isso, mereceram ser expulsos de Espanha. Porém, e isso é muito curioso, vicissitudes da sua vida vão, primeiro colocar-lhe dúvidas acerca do barbarismo dos mouros para, depois, colocar em dúvida a própria crença em Deus.

Visão empregue por Philippa Gregory é, como é compreensível, muito feminina. A maioria das personagens são mulheres e, por isso, pouco são exploradas as movimentações políticas (são afloradas) e bélicas (essas passam praticamente despercebidas).

Achei também que Philippa podia e devia ter explorado alguns acontecimentos importantes. Nomeadamente o acontecimento mais importante da época que foi a chegada de Colón à América.

Mas compreendo que Gregory se tenha focado unicamente em Catarina. Ela é a figura principal do trama e, justiça lhe seja feita, Philippa Gregory faz um trabalho notável de investigação histórica, conseguindo-nos transmitir o ambiente da época e o enorme carácter não só de Catarina como também de outras fascinantes personagens que a rodeiam.

Um livro excepcional que me apaixonou. Uma época que me apaixona e que aqui é descrita de uma forma soberba, real e rigorosa.

Por último, adorei também a escrita simples e objectiva de Gregory, assim como a estrutura do livro: capítulos curtos, todos eles deixando-nos em suspanse.


Classificação: 5

13 comentários:

  1. Da Philippa Gregory só me falta ler "A Espia da Rainha", e gosto bastante da forma como a autora cria a acção relacionando-a com factos históricos.
    Gostei particularmente deste livro e do que estás a ler agora (duas irmãs, um rei) =)

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  2. Viva Tita.

    Confesso que Philippa Gregory foi uma grata surpresa, até agora, a surpresa de 2009.

    Peguei neste livro, embora a autora já estivesse debaixo de olho, porque o encontrei a 5€ na Feira do Livro de Cascais e devorei-o nuns 3 dias.

    Sim, estou a ler (já adiantado) "Duas Irmãs, Um Rei" e é grato verificar que lá estão as personagens que me apaixonaram e, obviamente, o estilo e a estrutura são os mesmos.

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  3. Esta escritora tem me cada vez mais chamado a atenção, também por adorar a época que ela habitualmente relata. Certamente lerei em breve algum livro dela. Fico à espera da sua opinião de "Duas irmãs, Um rei".

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  4. Olá Jacqueline!

    Para mim foi uma grata surpresa a escrita de Gregory, assim como a forma simples e obectiva como ela narra e interliga os factos históricos.

    Estou a ler "Duas irmãs, um Rei" e já tenho também a "Herança Bolena".

    Dentro de alguns dias colocarei a opinião.

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  5. Philippa Gregory é absolutamente maravilhosa, uma sensacional escritora. Uma apaixonada por Tudors.
    Li o livro "Catarina de Aragão" e logo após disso obti uma opinião completamente diferente da bela princesa católica. Consegui compreender o que é que ela sentia no meio de tantas negociações e sobretudo a sua paixão por Deus.
    Voltando a Philippa Gregory, este Verão acabei de ler todos os seus famosos livros e tenho a dizer que o que mais gostei foi a "Herança Bolena", é um livro sensacional!

    Muitos parabéns :D

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  6. Olá Papillon.

    Antes de mais, confesso que desconhecia o teu blog. já o adicionei à minha lista.

    Tambem tenho a Herança Bolena para ler.

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  7. Já tinha lido "Duas Irmãs, Um Rei" e fiquei apaixonada pela escrita de Philippa Gregory!... Simplesmente adorei!..

    Ontem acabei de ler "Catarina de Aragão" e adorei tambem!! Acho que ela escreve brilhantemente e consegue recriar o ambiente da epoca, assim como "contruir" as personagens muito bem!!
    Confesso que sabia pouco sobre Catarina, e n"'As Duas Irnãs, Um Rei" achei a personagem um bocadinho "apagada"...

    No entanto, ler este livro mostra-me a grande pessoa que ela foi!! Uma personagem histórica que passei a admirar bastante!!

    Espero que gostes das Duas Irmãs, Um Rei!!..
    Fico à espera da tua opinião =)

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  8. Olá,
    Tens 2 prendinhas no meu blog.
    Espero que gostes!

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  9. Estás a ler os seus livros por ordem cronológica (seguindo a ordem de eventos)?

    Quando começar a descobrir estes livros, vou tentar seguir dessa maneira.

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  10. Sil, estou a ler por ordem cronológica dos eventos.

    Já li os dois primeiros volumes, tenho em casa, em fila de espera, o terceiro "Herança Bolena". E já me disseram que é o melhor de todos.

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  11. É muito bom, já leste mais algum desta autora? Eu já li o próximo "Duas Irmãs, um Rei" e também gostei imenso! Nao sei é onde encontrar o ebook para compartilhar, mas hey, o Catarina sim está aqui: http://portugues.free-ebooks.net/ebook/Catarina-de-Aragao-A-Princesa-Determinada

    Beijinho e boas leituras!

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