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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Último Reino (O) – Bernard Cornwell


Este é o primeiro volume de uma série intitulada “Crónicas Saxónicas” e que em Portugal vai no quarto volume estando previsto, para este ano, a edição do quinto volume da série.

Baseado em factos verídicos, o que é apanágio de Bernard Cornwell, que para mim é o melhor escritor do género Romance Histórico, este primeiro volume, para além de conter várias personagens reais dos quais destaco Alfredo pela sua importância, baseia-se em vários documentos da época, entre outros, uma biografia de Alfredo pelo bispo Asser e as Crónicas Anlgo-Saxónicas.

A técnica narrativa de Cornwell é a verificada nas suas outras séries. Aqui existe um rapazinho, Uhtred Uhtredson, que assume a posição de narrador presente (autodiegético). Personagem ficcional, ocupa a principal posição na obra e é através dele que vamos tomando conhecimento dos terríveis acontecimentos no tempo e no espaço.

Ilhas Britânicas, ano de 866 d.C., uma época dominada pela violência onde o ser humano não podia fazer grandes planos para o futuro, pois a morte podia surgir a qualquer altura. É nesta existência que os saxões dominam o território que futuramente se chamará Englaland (Terra dos Anglos). Dividido em quatro reinos, não há um Rei Supremo como tinham os Bretões, antigos senhores do território (ler Crónicas do Senhor da Guerra).

É nesse ano que os dinamarqueses, os célebres vikings, invadem as ilhas e é numa das primeiras batalhas que Uhtred é capturado aos 10 anos pelos dinamarqueses.

Particularidades fazem com que o jovem seja poupado à morte sendo alvo da simpatia de Ragnar, o seu captor e um dos chefes dinamarqueses. E é assim que Uhtred é criado no seio daquele povo, não só se afeiçoando a este povo invasor como e principalmente aprende a combater como eles.

Para quem já leu as obras de Bernard Cornwell, não ficará surpreendido diante da narrativa que se segue. Extraordinariamente viva, brilhantemente pesquisada, os acontecimentos, sobretudo as batalhas, são extremamente violentas e visuais ao ponto de sentirmos todo o fragor das contendas e dos homens em agonia. São poderosas as descrições, que de factos aconteceram, horríveis as chacinas e selváticas a forma como se mata e morre em guerras sustentadas corpo a corpo.

Curiosa a forma como ele descreve os dinamarqueses. Actualmente conhecidos como vikings ou Lobos do Mar, ficaram com uma reputação de bárbaros que invadiam para matar e roubar. Embora de facto haja um fundo de verdade, Bernard Cornwell desmistifica esses factos e designações assim como outros factos lendários associados a esse povo. O autor escreve de acordo com a realidade e essa é a verdadeira essência do Romance Histórico onde Bernard Cornwell é mestre.

9 comentários:

  1. Gosto muito dos livros deste autor, mas desta série apenas tenho um e por isso ainda não li.
    Mas as capas são maravilhosas!

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  2. Olá Sandra!

    Eu confesso que o que me excita, emociona e motiva são as narrações das batalhas, a forma viva e real como Bernard Cornwell consegue transmitir uma época, que sabe-se bárbara, mas que não é fácil transmitir essa realidade.

    E Cornwell tem esse dom. Consegue situar o leitor no tempo e no espaço e facilmente nos sentimos transportados para as épocas, ou neste caso, para a época em causa.

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  3. Nunca li nada deste autor, muito embora goste de romances históricos.
    Gostei de ler esta tua opinião! Deixaste-me com vontade de conhecer as obras de Cornwell!

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  4. Cada vez mais me convenço que um dia destes acabo com este meu divórcio em relação ao romance histórico :)
    Esta época, a alta idade média, é um domínio muito pouco explorado pela literatura dita de qualidade. Uma época que já foi vítima de autênticos assassínios literários e cinematográficos (os inenarráveis Connan's, Átilas e quejandos) já merecia um tratamento sério, como parece ser o caso. Só não digo que vou ler porque a "pilha" já está enorme...
    um abraço, Ice :)

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  5. Olá tonsdeazul!

    Se gostas de Romance Histórico, então aconselho-te vivamente as obras de Bernard Cornwell.

    Porém um aviso, as obras dele são extremamente violentas. Ele procura transmitir a realidade conforme ela era e isso dá em descrições de batalhas e não só muito violentas e cruas.

    No entanto é aí que eu vejo a beleza das suas obras.

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  6. Iceman se ele não descrevesse as batalhas com toda a violência que elas têm então não seria um bom romance histórico! :)

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  7. Olá Manuel.

    Concordo plenamente contigo.

    A Idade Média é pouquissima explorada sobretudo porque o "universo" para análise é muito reduzido e para analisar, estudar essa época, um autor terá de ser muito minucioso nas fontes que analisar e, numa época, a actual, onde se escreve livros como se frita batatas, não é para qualquer um perder meses apenas a estudar fontes antigas.

    Em todo o caso há um imenso campo para explorar. Há aqui e ali algumas tentativas mas, pelo que tenho conhecimento, são poucos aqueles que abordam os anos 0 a 900 d.C.

    Bernard Cornwell, já o tenho referido em diversos locais, é o meu autor preferido. Eu adoro romances históricos, no entanto gosto deles o mais reais possíveis, assente em fontes verídicas e não cheio de fantasia como actualmente é costume. Cornwell é mestre na arte do Romance Histórico. Não só escreve muito bem e de acordo com as fontes da época, como consegue transmitir uma mescla de sensações que chegam a ser quase físicas. É a pura verdade, em nenhum autor eu consegui sentir ou consigo sentir as sensações que consigo com Bernard Cornwell.

    Em relação a esta época, aconselho vivamente as "Crónicas do Senhor da Guerra" e a "Demanda da Relíquia" do mesmo autor.

    http://nlivros.blogspot.com/2007/07/crnicas-do-senhor-da-guerra-bernard.html

    http://nlivros.blogspot.com/2007/07/crnicas-do-senhor-da-guerra-bernard.html

    Porém há uma obra que já li três vezes e que aconelho para quem aprecia Romances Históricos. Baseado em factos reais, é uma obra fantástica. No entanto, hoje em dia, só se consegue encontrar em Alfarrabistas.

    http://nlivros.blogspot.com/2007/06/bizncio-stephen-lawhead.html

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  8. É melhor nem comentar =X

    (engraçado, tenho aqui carradas de livros sobre o Rei Artur, e de Cornwell nada...)

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  9. Olá Pedro!

    Mas sabes o que acho mais curioso?
    A maioria das pessoas, que gostam de ler e têm esse hábito, já leu alguns livros sobre o Rei Artur, geralmente aqueles escrito pela Marion Zimmer Bradley que também já li.

    Mas esses e quaisquer outros, ficam a quilómetros da obra de Cornwell.

    Para quem gosta de Romances Históricos escritos de acordo com os documentos e conhecimentos REAIS da época, sem fantasias e afins, então não sabe a brutal obra que está a perder com as "Crónicas do Senhor da Guerra".

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