Em Lisboa, esta efeméride é comemorada através de uma exposição patente na Biblioteca Nacional, Sala de Referência, com a mostra das edições portuguesas. Na Hemeroteca Municipal é inaugurada a exposição “Dickens nas Colecções das Bibliotecas Municipais de Lisboa”. De referir que, pelas 18H, na Biblioteca-Museu República e Resistência – Espaço Cidade Universitária em Lisboa, o cineasta Lauro António apresentará a palestra “O Universo de Charles Dickens no Cinema”.
Mas este apontamento serve para a questão levantada hoje pelo jornal “O Público”: Se fosse vivo, o que escreveria Charles Dickens?
Li muitos dos romances de Dickens, alguns até mais do que uma vez e cuja opiniões, algumas, poderão ser encontradas no Blog. A literatura de Dickens fascina-me. Os seus romances são fortes, duros, baseados na sua própria vida e descrevendo a sociedade vitoriana como nenhum outro.
E hoje em dia, o que escreveria Charles Dickens?
Penso que continuaria a mostrar as várias facetas da nossa sociedade. Provavelmente, efectuaria um fresco sobre os anos doirados da União Europeia e o fim dessa Era e o desastre posterior que está a destruir ou a fazer regredir quase tudo o que foi (bem) feito ao nível social no século XX.
Escreveria sobre o facto de as sociedades não conseguirem aprender com o passado e continuar a cometer os mesmos erros.
Escreveria sobre pessoas que passaram de uma vida estável para uma vida de miséria sem que a perspectiva de um futuro minimamente condigno lhe seja apresentado.
Escreveria sobre a destruição propositada das estruturas sociais e da total ausência de sensibilidade e solidariedade entre os Membros da União Europeia.
Escreveria essencialmente sobre pessoas e o que a besta cega do capitalismo está a fazer (mal) nas suas vidas e no futuro da sociedade que não é risonho.
Se calhar, chegaria á conclusão que o Homem é maior praga deste planeta e acabaria por se tornar um eremita numa qualquer floresta em Inglaterra.
Tinha muito que escrever, pois o manancial é rico e um escritor com o génio de Dickens, saberia explorá-lo.
Infelizmente ainda não li muito de Dickens.
ResponderEliminarGostei muito do teu post. Realmente Dickens teria muita "matéria" para explorar :D
Que texto tão belo.
ResponderEliminarA sua paradoxalmente amarga e doce ironia foi brilhante.
Não pintaria melhor o quadro destes nossos "trágico-cómico" dias.
Muito bem.
Um abraço.
Paula e André.
ResponderEliminarObrigado pelos comentários e só posso recomendar, muito incisiva e insistentemente, que leiam Dickens.
Sobre o texto, enfim, saiu-me, pois penso que Dickens teria o olhar crítico sobre esta doente sociedade.
Sim teria muito material em bruto para utilizar nas suas escritas. Não há dúvida alguma que parado é que não estaria!
ResponderEliminarDickens estava muito à frente da sua época e por isso é que era um génio. Se assim não fosse não estaria tão vivo, nas nossas memórias, 200 anos depois.
Quero muito ir ver essa exposição que está patente na Biblioteca Nacional. Vi uma pequena amostra no programa Câmara Clara de domingo e fiquei deveras curiosa.
Como há obras que ainda não li, escolhi "David Copperfield" para assinalar este bicentenário do autor. Afinal a melhor homenagem que lhe podemos dar é a de dar vida aos seus personagens, não é? ;)
Boas leituras!
Tons de Azul,
ResponderEliminarde Dickens há duas obras que me marcaram: Oliver Twist e um Conto de natal. São livros que já li por várias vezes, sobretudo o Conto de Natal. Por exemplo, quase ninguém sabe que foi com Dickens que com o Conto de Natal fez ressurgir a tradição do Natal conforme hoje em dia a conhecemos.
Também gostei imenso de David Copperfie e Grandes Esperanças.
Gostava de pedir que, caso seja do interesse deste blogue, divulgasse o Clube de Leitura Jane Austen promovido pela Bertrand Livreiros em parceria com o Jane Austen Portugal. Mais informações aqui: http://janeaustenpt.blogs.sapo.pt/282046.html e http://clubedeleiturabertrand.blogspot.com/p/clube-de-leitura-jane-austen.html
ResponderEliminarMuito obrigada,
Clara F.
Admiro o escritor. Gostava de ler bastantes obras dele. Mas e então, já que não temos Dickens, quem temos hoje em dia que escreva sobre essas realidades?
ResponderEliminarNão vim aqui para comentar sobre Dickens (nunca li nada dele, comecei a ler "Oliver Twist", que estava a gostar muito, mas por alguma razão - provavelmente por estudos - tive de meter de lado), mas sim agradecer-te pela tua sugestão (mesmo sem nunca teres lido o livro!): "O Rei que Foi e Um Dia Será". Demorou a pegar, mas uma vez na cabeceira foi uma viagem épica, desde a infância deste rapaz tão curioso à sua velhice como um homem devastado. Aguarda a minha opinião. Estou encantado com a obra.
Grande amigo Pedro!
ResponderEliminar"O Rei que Foi e Um Dia Será", conforme eu te disse na altura é considerado um clássico e foi nele que a Disney se inspirou para criar o clássico "A Espada era a Lei". De facto nunca o li mas é um livro que procuro sempre que vou a um alfarrabista, sem sucesso. Mas um dia hei-de adquiri-lo.
Eu é que agradeço o teu gesto de o teres comprado sem pensares duas vezes assim que eu te disse o que acima referi. Confiaste cegamente e ainda bem que estás a gostar, para mim é uma satisfação.
Aguardo a tua opinião!
Grande abraço!
Miguel