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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Máquina do Tempo - H.G. Wells

Quando empreendemos a leitura de um livro, é importante saber quando foi escrito e pesquisar um pouco sobre o autor, pois e bastas vezes as obras foram escritas com objectivos e alvos bem definidos, não se tratando de meras obras de ficção científica, terror ou de qualquer outro género como linearmente ficam para a História.
E é o que acontece com este pequeno livro de HG Wells, classificado por Ficção Científica e olhado com desdém por muitos como sendo uma obra menor.
Terrível ilusão!
Em plena época vitoriana, note-se que o livro foi escrito em 1895, um cientista constrói uma máquina do tempo e desloca-se para o ano 802.701, oitocentos mil anos, onde descobre um planeta muito mudado e, mais importante, uma humanidade completamente estranha aos seus olhos. Apenas por esse facto, a leitura já se torna interessante, ainda mais porque esse cientista inicia uma série de descobertas e aventuras que nos vai mostrar o quanto o planeta mudou e as relações entre as pessoas…
E é aí que Wells se pretendeu focalizar com esta metáfora.
O cientista constata na existência de duas classes de seres humanos. Os Eloi e os Morlock. Uns são o gado e os outros os donos que se alimentam desse gado. Embora possa parecer algo macabro, em 1895, Wells quis construir uma metáfora que demonstrasse a diferença de classes entre a burguesia (os Eloi) e a classe operária (os Morlock), no entanto Wells, de uma forma irónica, indicia que o papel de tais classes só inverteriam os papéis 800.000 anos depois… por outro lado. Wells foi ainda mais longe expressando a dependência dos Eloi, que têm uma vida despreocupada e que colhiam os frutos da terra produzidos pelos Morlock. Ou seja, a dependência dos Eloi, que necessitam dos Marlocks para sobreviverem.
A Máquina do Tempo não é um mero conto de viagem do tempo como já tenho lido em várias opiniões. É muito mais do que isso, para além de o autor se centrar numa dupla metáfora, é possível notar também, mesmo sendo a obra tão curta, outras questões que o autor desenvolve. A evolução/progresso científico que não é acompanhada por uma evolução/progresso humana, os conflitos sociais e outras correntes de pensamentos em voga no final do século XIX.

2 comentários:

  1. Também tenho este livro por ler. A ficção científica, ou melhor as críticas aos livros de ficção científica, levam-me a ficar cada vez mais curiosa sobre o género pois a imagem e as críticas que fazem à sociedade são transversais a todas as épocas e parece que são sempre actuais.

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  2. Olá White.

    Sim, é um facto. Muitas das obras classificadas por Ficção cientifica são metáforas à sociedade e ás épocas em que foram escritas.

    Esta "pequena" obra de Wells é um desses casos e outros há que podem ser analisados dessa forma.

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