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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Pecado e a Honra – Maria João da Câmara

Há livros que nos transportam para outras épocas de tal forma que damos connosco a pensar nas personagens e nos acontecimentos como se fossem algo palpável, real, tal a forma como o livro está escrito e sobretudo como o autor(a) nos consegue situar e tornar a época descrita como se fosse a actual, como se, de facto, a vivêssemos.
Este “Pecado e a Honra”, primeiro romance histórico de Maria João da Câmara, é um livro belíssimo que nos transporta para a época de ouro de Portugal e nos permite viver, sentir, cheirar e tocar uma era em que Portugal foi a maior potência do Mundo, onde a riqueza e a opulência eram comuns, onde Portugal era gerido e pensado, a bem de um povo, de uma nação, de um império.
Pese embora o romance se inicie ainda no reinado de D. João II e se estenda pelos reinados de D. Manuel I, D. João III e D. Sebastião, ou seja, nos melhores dos reis e no seu pior, o que aqui sobressai é a saga familiar que a autora constrói ao longo de 100 anos. Iniciada ainda na juventude do duque de Viseu, futuro rei D. Manuel, a autora oferece-nos um fresco histórico admirável, que nos narra o modo de viver e mentalidade medieval à medida que o país vai crescendo e descobrindo novos territórios.
Não se julgue porém que o romance assenta nessa vertente. De facto temos como pano de fundo a corte e os acontecimentos que vão moldando a História. No entanto o trabalho da autora assenta numa família e no seu quotidiano que, obviamente, se liga aos reis e às intrigas e políticas. Assistimos ao crescimento dessa família, com as suas alegrias e tristezas, mas, acima disso, vamos descobrindo o íntimo de uma nação que se abria ao mundo com as suas virtudes e defeitos.
Para além das imensas particularidades sociais e culturais que a autora nos vai narrando, vamos também percebendo o porquê de certas atitudes que tiveram impacto politico e que ainda hoje são a razão, a raiz de muito do que somos e de como agimos. Por outro lado, quero aqui sublinhar e saudar o estilo narrativo e a própria estrutura do texto. Primeiro, a autora escreve todo um romance utilizando uma linguagem semelhante à falada naquela altura, o que, por si só, dá uma enorme beleza ao texto e ajuda imenso na credibilidade e na localização. Depois, é objectiva, não se perdendo em grandes rodeios e descrições, intervala com capítulos relativamente curtos que não nos deixa perder o fio à meada.
Em suma, uma obra brilhante que me deu enorme prazer ler, em que aprendi imenso e que me transportou para uma época brilhante da nossa História, fazendo-me sentir em casa e entre amigos. O melhor que posso dizer é que, depois de terminado, senti um vazio, um sentimento de perda pelos amigos que deixei naquelas páginas.

2 comentários:

  1. Eh lá, parece bom!
    Mais uma excelente opinião a tua :D
    Vai para a Wish list sem planos para compra. Agora essa lista só serve para não me esquecer do que quero adquirir num dia muito longínquo :P

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  2. Olá Paula!
    Este livro é muito bom, uma viagem interessante por aquela época que me encantou.
    Eu também tenho uma lista dessas, mas raramente compro livros que lá aponto, mas enfim.
    :)

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