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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Perfeito Cavalheiro (O) – Imran Ahmad



Se há uns meses me falassem de Imran Ahmad eu iria com certeza responder: “Quem é esse?”. Se me dissessem que o livro auto-biográfico “O Perfeito Cavalheiro” é uma obra notável, muitíssimo bem escrito e que demonstra não só um humor fabuloso como, principalmente, o quanto a religião e a cultura pode influenciar a nossa identidade e a forma como a nossa perspectiva do mundo pode ser tão díspar, eu diria: “hum… ver para crer”. Mas o certo é que esse alguém me estaria a acenar com uma obra espantosa e que, provavelmente iria dar o benefício da dúvida e me lançaria na sua leitura.

E é isso que eu aqui quero transmitir.

Estamos na presença de um dos melhores livros que li nos últimos tempos.

Com um estilo original e de uma honestidade que, por vezes, roça a ingenuidade, Imran Ahmad, paquistanês criado em Londres, narra-nos a sua vida desde que nasceu até, sensivelmente, aos dias de hoje.

Pode não parecer cativante, no entanto, neste relato, Imran choca-nos da forma como coloca questões pertinentes: o racismo e a xenofobia, as diferenças religiosas entre as várias religiões assim como as profundas diferenças culturais entre povos tão diferentes como o inglês (europeu e cristão) e o paquistanês (asiático e islâmico).

Mas não se fica por aí. No seu percurso, Imran vai colocando em causa vários dos dogmas religiosos (de todas as religiões), debatendo e questionando o papel dos líderes e das crenças. Nesse sentido, revela uma enorme coragem, pois e por diversas vezes coloca em causa o próprio islamismo não se recusando a tecer críticas duras a essa religião e a forma como são os próprios lideres a criarem a má imagem que o ocidente tem dela. Essas questões, que abordam também o cristianismo, deve-se ao facto de ele ter sido criado no ocidente e de acordo com a cultura ocidental. Ou seja, mesmo sendo islamita, Imran cresce num meio cristão e é com essa cultura que aprende a pensar e a ver o mundo. Logo, tem uma visão diferente daquela que é imposta nos países muçulmanos, uma visão de fora e, sobretudo, liberdade de pensamento e de acção que se revela muito importante na formação do seu intelecto.

Um livro que adorei e que aconselho a todos. Muito bem escrito, cheio de humor e que nos permite visualizar a sociedade britânica dos anos 70, 80 e 90, mas e acima de tudo, as diferenças entre islão e cristão. Muito curiosas as percepções e as conclusões.

2 comentários:

  1. Fiquei interessada. Para usar uma expressão conhecida: "as melhores histórias escreve-as a vida". E é claro que capacidade autocrítica e humor são essenciais, nestes casos ;)

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  2. Sem dúvida!
    Um livro que me surpreendeu pela posotiva. Um dos melhores.

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