Desde que li
pela primeira vez, em Janeiro de 2008, “ A Estrada” de Cormac McCarthy, fui
assaltada por vários figurações interpretativas do “universo” criado.
Não se trata
de qualquer metáfora, mas já lhe observo uma analogia ou, se quisermos, uma
antevisão de para onde a humanidade caminha inexoravelmente. Mas primeiramente
o que sobressai desta fabulosa obra é a sua intrínseca narrativa que, por ela
mesma, nos insere num mundo hostil com a capacidade de nos magoar e comover
apenas face à forma como Cormac narra os acontecimentos.
O cenário
criado é de uma desolação tão profunda, que nos assalta um sentimento de
aflição devido à devastidão que pai e filho vão constatando através de uma
paisagem árida, insana, onde as cinzas representam o esgotamento do planeta às
mãos dos seres humanos.
No entanto o
autor vai-nos dando sempre uma réstia de esperança, porém o que nos dá, tira, colocando
essa esperança, a sua essência de uma forma quase inteligível, que se torna,
ela própria desoladora e aflitiva. Passo a passo, quilómetro a quilómetro, pai
e filho projectam os nossos medos num futuro plausível, numa caminhada para o
inferno.
O mundo
criado por Cormac McCarthy é assim, diria, um grito de aviso que nos incomoda e
inquieta.
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