Eu: “Gosto sempre de ler livros que teçam criticas ou considerações
sobre a Bíblia e/ou, os seus personagens”
Heterónimo: “Estás a falar do quê?”
Eu: “Acabei de ler um livro óptimo. Uma paródia com
considerações sérias sobre a infância e juventude de Jesus Cristo”
Heterónimo: “Hum…, mas não é precisamente essa fase da vida
de Jesus que é desconhecida?”
Eu: “Sim… quer dizer, para sermos rigorosos, temos de
referir que praticamente toda a vida de Jesus Cristo é desconhecida. Os quatro
Evangelhos oficiais, ou canónicos, apenas dois mencionam o nascimento de Jesus
e outros dois relatam partes da vida dele no que se refere ao seu ministério.
Há também um episódio isolado que refere Jesus com 12 anos, mas, fora isso,
nickles, batatóides, um imenso vazio é a vida de Jesus.
Heterónimo: “ok, e então, o que Jesus fez durante todos
esses anos? Não me vai dizer que esse livro dá a resposta?”
Eu: “Eh, eh! É um relato espirituoso, por vezes apatetado,
da infância e da juventude de Jesus, ou Jesua. O autor, que diga-se, empreendeu
um estudo profundo dos evangelhos e da História da época, traça o percurso de
Jesua. Esse percurso é relatado por Levi bar Alphaeus, conhecido como Biff, e o
texto é efectuado num tom hilariante.
Heterónimo: “Mas que expediente o autor utiliza para criar
todo esse contexto?”
Eu: “Bem, todo começa quando o arcanjo Estevão entrega uma
ordem do próprio Jesus ao anjo Raziel, no sentido de ressuscitar Biff, para que
este escreva um novo Evangelho, precisamente o dele. É desta forma que Biff se
vê novamente vivo dois mil anos depois.
Heterónimo: “Interessante, mas parece muita fantasia”
Eu: “Sim, alguma, mas
é a forma encontrada para que se inicie a narração desses anos obscuros, anos
de várias aventuras…”
Heterónimo: “E que aventuras são essas? Começa a ficar
interessante!”
Eu: “Pois, são essas aventuras que nos vão surpreender.
Nota, há muitos dados históricos que nos dizem a forma de viver e de estar
naquela altura. Os romanos dominavam a zona e sabe-se que a repressão era
elevada junto do povo dominado, os judeus. Ora bem, teria Jesus Cristo vivido
debaixo dessa repressão?
Heterónimo: “Hum… continua!”
Eu: “Antes dos 33 anos, exceptuando o episódio do nascimento
e o tal quando ele tinha doze anos, não há registos da presença de alguém que
se intitulava “filho de Deus”, “rei dos Judeus”, ou “qualquer-outra-coisa”. Se
houvesse alguém que andasse a agitar as águas, como ele o faz aos 33 anos,
decerto teria ficado para a Historia. Mas não há. Logo, é viável, e isso é uma
tese que tem muitos defensores, que Jesus tivesse andado a viajar ou, pelo
menos, estivesse estado ausente todos esses anos. Até porque há factos que
fortalecem essa teoria, e um deles encontra-se nas enormes semelhanças entre os
ensinamentos de Jesus e os ensinamentos budistas.
Heterónimo: “Muito interessante. Quer dizer que o autor
chega à conclusão que Jesus pode ter andado por outras “paragens” bebendo
ensinamentos que depois vem pregar para a sua terra?”
Eu: “Precisamente! Mas vai mais longe. É claro que também
comete erros históricos que ele próprio admite no fim, mas, entre diversos
factos, coloca Jesua e Biff a aprender Kung Fu e Judo, uma arte marcial que é
criada porque Jesus não gosta de armas e que na sua etimologia significa: “o
método do judeu”
Heterónimo: (gargalhada)
Eu: “Hilariante, sem dúvida. Mas Biff não se escusa em caricaturar
os ensinamentos que lhes são dados, pese embora vá admitindo que lhes são
uteis”
Heterónimo: “Então é um livro que fala sério, brincando?”
Eu: “Mais ou menos! O livro consegue de facto ser sério e
embora o autor admita o seu paganismo, nota-se um profundo respeito pela figura
de Jesus e a sua obra. O que me quis parecer, foi que o autor quis preencher, com
coerência, um vazio fornecendo-lhe, contudo, acontecimentos absurdos e
fantásticos para mostrar que tudo é uma paródia, talvez mesmo para evitar ter
problemas com a igreja, entendes o truque?”
Heterónimo: “Percebo! Vai dando bicadas mas sempre mantendo
no ar a figura de “é a brincar pá, não levem a sério esta patetice”
Eu: “Sim, corretíssimo. Um livro hilariante que adorei ler!”
:)
ResponderEliminarBela entrevista...
Como já te havia referido, este parece-me um livro muito interessante. Surpreendeu-me, na tua opinião, o facto de ser uma obra com alguma pesquisa e algum fundo verdadeiro uma vez que estava a imaginar tratar-se de um mero exercício de escrita "bem-disposta".
Boas Leituras!
Abraço.
Olá André.
ResponderEliminarUma forma inovadora de opinar...
Sim, é uma obra em que o autor traça um caminho coerente brincando, aliás, tem episódios hilariantes e muito engraçados.
Mas ele vai colocando aqui e ali muitos factos sérios e que nos fazem pensar a que ponto a verdadeira História não é conhecida.
Uma forma inovadora e muito interessante de opinar :)
ResponderEliminarOlá Cristina.
ResponderEliminarPrecisamente, a ideia foi de aligeirar a opinião, fazer algo diferente.
Eu já escrevia de forma a que não se assemelhasse a uma resenção, pois conheço as regras mas aprendi que é muito perigoso e até inútil fazê-lo neste espaço, pelo que as minhas opiniões deixaram de ser grandes e de dissecar o livro em questão.
Agora tentei fazer diferente, ainda aligeirar mais e dar um tom mais de diversão, pois ler é também diversão.
Olá Iceman,
ResponderEliminarGostei bastante desta tua forma de opinar sobre o livro :D
Esta obra parece muito interessante!
Olá Paula!
ResponderEliminarO livro é muito interessante e diverte muito, são horas bem passadas.
Sobre a forma de opinar, é para não ser sempre igual.
:)