Inimigo – Crónicas de Starbuck (III) - Bernard Cornwell
Neste 3º volume, Bernard Cornwell
continua-nos a descrever a Guerra de Secessão (1861-1865) e a movimentação do exército confederado do Sul e do exército dos Estados Unidos do Norte e a devastação que ambos provocam um no outro.
Situando-nos no Verão de 1862 e no típico estilo de Cornwell, que
muito admiro, o autor vai-nos narrando o dia a dia dos dois exércitos e
sobretudo de Nathaniel Starbuck que combate pelo Sul. Cheio de
intrigas e de situações verdadeiramente horripilantes, são aqui referidas
situações reais de uma guerra civil que abalou os fundamentos dos Estados
Unidos da América, situações brutais de uma violência inolvidável que colocou
irmão contra irmão, pai contra filho.
E
o autor é exímio na forma como dirige a narrativa.
Nathaniel
Starbuck serve como referência, o habitual herói que “vira” grande
guerreiro e que a tudo sobrevive, vivenciando factos violentíssimos, muito bem
descritos e de uma realidade que nunca me deixa de surpreender.
Os
relatos das batalhas são assim vivos, intensos e muito reais. Os gritos dos
homens confundem-se com as explosões e o som cavo das balas a perfurar a carne.
Os cheiros a pólvora misturam-se com os cheiros de corpos de homens e animais
em decomposição, e os actos de heroísmo e de loucura se misturam numa confusa imagem
que nos dão uma verdadeira perspectiva das batalhas. Muito interessante também a forma como o autor nos vai situando acerca do modo de vida dos soldados. Nas batalhas são muitas as descrições do processo de carregamentos dos rifles, no entanto o que mais admirei foi a descrição das precárias condições em que viviam os soldados. Homens que roubavam roupa e botas dos mortos para substituir pelas suas que ou estavam completamente rotas ou sem sequer existiam, a comida que era má e insuficiente e uma constante luta pela sobrevivência.
Em todo o caso gostei mais do anterior
volume.
Neste volume actual a acção passa-se sempre
por detrás das linhas, ou do Sul ou do Norte, o autor vai-nos dando as duas
perspectivas, e vamos assistindo à ascensão de Nathaniel na escala hierárquica
do batalhão. A meu ver falta neste volume o condimento de suspense que tão bem
foi explorado no anterior volume quando Nathaniel Starbuck teve de
se deslocar para as linhas do Norte. Aí ficámos sempre na expectativa que podia
ser descoberto a qualquer momento, enquanto que neste actual volume é centrado
quase em exclusivo nas várias batalhas.
Em
todo o caso gostei bastante e fico expectante para a continuação das aventuras
de Nathaniel Starbuck que, como o volume “Herói” tem o seu 4º e último
volume até à data, pois Cornwell, pelo que sei, deixou esta série pendente, um
pouco ao estilo do seu Sharpe.
Eu já li Heroi e nas ultimas linhas diz qq coisa como "Nathaniel Starbuck voltará a marchar"
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