Nesse
seu último romance, Júlia Navarro, que já percebi ter um estilo ou seguir uma
forma de estrutura literária muito semelhante em todos os seus livros, vai novamente
buscar a problemática do fanatismo e intolerância religiosa (já levantada no livro
“O Sangue dos Inocentes”), erigindo um excelente romance histórico que nos dá
uma clara percepção do problema Israel/Arabe/Palestina e sobretudo narra-nos
como tudo começou e porque chegou ao estado actual.
E,
pese embora ela dê vários saltos temporais como forma de nos situar, a verdade
é que todos eles ligam muito bem, sendo, desta forma e na minha opinião, o
melhor romance desta escritora, porque e embora possamos considerar num estilo
algo light, a verdade é que, para além de nos entreter, vai-nos dando
autênticas lições de História que nos fazem perceber a situação actual e do
passado.
E a
narrativa inicia-se na Rússia do final do século XIX quando os pogroms varreram a comunidade judaica nesse imenso
país. É aqui que a imigração judaica, a grande maioria obviamente forçada, tem
inicio e que mais tarde vão acabar por confluir na sua terra prometida: Israel.
Muitos judeus conseguiam fugir com muito da sua riqueza e quando chegavam a
Israel uniam-se em comunidades (kibutz), comprando essas terras aos próprios
palestinianos que, sedentos de riqueza, as vendiam sem querer saber que futuro
estavam a traçar. Essas comunidades, que eram erigidas junto a terras ocupadas
por palestinianos, obviamente que floresciam fruto do trabalho conjunto da
comunidade e rapidamente se sobrepunham em riquezas o que acabava por originar
um mal estar junto dos palestinianos que, aos poucos, começaram a olhar para
essas comunidades com inveja e temor.
Após o fim da
Segunda Guerra, os Judeus fartos de serem perseguidos e assassinados ao longo
da História, iniciam uma enorme diáspora para Israel e é a partir daí que,
definitivamente, tudo começa a descambar na violência que chegou até aos nossos
dias.
A autora consegue
traçar-nos todo este percurso assente numa série de personagens de fortíssimo
caracter que nos fazem ver e sentir ambas as partes do conflito, pois e
note-se, ela nunca toma o partido de ninguém, limita-se a colocar os factos de
ambos os lados do problema, deixando para o leitor as conclusões que se devem,
ou não, tirar.
Foi um livro que
me deu imenso prazer ler, pese embora tenha achado alguns pontos que me tenham
desagradado e que, depois ter já ter lido três livros de Navarro, penso ser
algo onde ela tem de trabalhar mais arduamente. Ou seja, na ânsia de narrar um
conjunto enorme de eventos, ela vai deixando muitas pontas soltas que,
simplesmente, não se dá ao trabalho de as colar. Houve acontecimentos que me
deixaram estarrecidos e que julguei ir ler mais à frente o seu epilogo e,
debalde, continuo à espera…
Folgo em ver que
Júlia Navarro enveredou definitivamente por este estilo de romances, pois penso
que tem muito mais a dar à literatura com este estilo do que com os romances
policiais que antes escrevia. Faço tenções de ler o seu grande sucesso
policial, mas este é um estilo onde ela acaba por aliar o histórico com o
policial, revelando-se uma autora de leitura compulsiva cujos romances possuem
um conteúdo muito interessante.
Olá Iceman,
ResponderEliminarAgradou-me a tua opinião, assim que possa irei ler este livro, promete.
Beijocas e boas leituras.
Acho que tenho esta obra em formato mobi para o Kindle.
ResponderEliminarVou ver!
Gostei bastante deste livro. Aliás gosto muito dos livros da Júlia Navarro.
ResponderEliminarConheci-a pelo "A bíblia de barro" que, talvez por ter sido o primeiro que li, adorei. Acho que ainda é o meu favorito.
Boas leituras
Patrícia
http://ler-por-ai.blogspot.pt/
A Bíblia de Barro é o livro da primeira fase da autora que quero ler, pois é aquele que granjeou na realidade uma enorme popularidade.
ResponderEliminarEm todo o caso eu também gosto do estilo da Júlia Navarro, pese embora a considere um pouco irritante com as pontas soltas que ela vai deixando.