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quinta-feira, 11 de junho de 2015

In Sexus Veritas - Pedro Chagas Freitas


Sendo esta a minha primeira incursão na obra de Pedro Chagas Freitas, e logo a sua maior obra com cerca de 1400 páginas, não posso dizer que tenha sido um livro que tenha adorado, que me tenha enchido as medidas ou que tenha não gostado.

Gostei, mas deixo para outras leituras uma opinião mais realista sobre a sua escrita.

O certo, e isso é inegável desde a primeira página, é que não é muito fácil ler este livro e temos, de certo modo, estar “praí virados” para conseguirmos avançar e acabar este calhamaço.

Em todo o caso e desde que ouvi uma entrevista sua num canal radiofónico, fiquei com curiosidade de ler alguém que afirma “escrever sem qualquer pretensiosismo aquilo que lhe apetece e como lhe apetece”, ainda mais um autor que, honestamente, tinha ouvido de leve mas que não considerava um autor de top e foi com alguma surpresa reparar que é normal os seus livros estarem precisamente no top.

A obra é dividida entre sete personagens completamente distintos mas que vão revelando, ao longo da mesma, pontos em comum que fazem as suas vidas se interligarem. Assente sobretudo em pensamentos, o autor de facto consegue construir uma teia onde as principais particularidades (vá lá) da Humanidade estão presentes: sexo, inveja, morte, maledicência, ódio, preconceito, e outros, que nos vai jogando sistematicamente em torno dos seus sete principais personagens. Admito que gostei imenso disso e sobretudo do seu humor, muitas vezes humor negro corrosivo.

Numa escrita irreverente, rude e agressiva, o autor sabe jogar com as palavras e as situações que constrói e que tem o condão de nos fazer reflectir sobre a condição humana e em muita “coisa” que nos rodeia e que nós não damos qualquer importância, no entanto não vou aqui afirmar que se trata de um autor que me entusiasmou por aí além e que, a partir de agora, vou ler tudo o que ele escrever. 

Repito, gostei mas não adorei, sobretudo porque o achei algo repetitivo e maçudo, o autor, propositadamente, repete muitas frases, excertos inteiros, mas enfim, é uma obra diferente daquelas que eu li até hoje o que, por si só, é digno de realce num mundo, literário, que pouco se inventa.

8 comentários:

  1. Olá Iceman
    Tudo bem contigo?
    Bom este escritor desiludiu-me bastante com o livro "Prometo Falhar", não compreendo como esteve tanto tempo no top 10 e julgo que ainda continua. Por outro lado também me desiludiu a forma como ele deu uma entrevista, o modo como ele fala da escrita, não sei tem algo ali que não bate certo. Já não sei se é implicação minha ou se o tipo com cara bonita não escreve mesmo nada de jeito.
    Não gosto dele como pessoa, das entrevistas e pronto. Não compreendo o livro Prometo Falhar com ua data de frases soltas em jeito de poema sem ligação que ele diz ser um livro que fala dos vários tipos de amor e amizade e blá, blá...
    Eventualmente o erro deve ser meu, comecei a ler o livro e parecia que estava a ler um livrinho de pensamentos para reflectir, mas com 392 páginas.
    Bom Iceman leva isto como um desabafo mas definitivamente, a não ser que leia algo que me prove o contrário este Pedro Chagas Freitas, que já vem das bandas do futebol, nada contra, aproveitou o facto de ter algum jeitinho para a coisa das letras e uma carinha laroca para escrever .... e ganhar algum à custa disto. Faz bem pena é que não escreve nada de jeito a meu ver.
    Beijinhos e boas leituras.

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  2. Já tenho lido muitas opiniões sobre o livro "Prometo Falhar" e inclusive há quem defenda que não é literatura. Pois não sei, não li e entretanto penso: quantos livros não há por aí que não são literatura e vendem imenso! O certo é que vou lendo no face aqueles posts (com frases), que vão aparecendo no feed de notícias, de autoria do autor e vou enjoando, esta é que é a verdade. O próprio livro "Prometo falhar" começa com uma frase que me fez deixar a obra para ler depois, algo como "no dia em que te perdi percebi que te amava" - não é bem assim, mas é parecido. Começam-me a parecer clichés...
    Quanto ao que falas, nunca tinha ouvido falar... mas sei que vai lançar ou já lançou uma nova obra "Casas comigo todos os dias?"

    À parte de livros, fiquei super feliz por teres voltado :)

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  3. Viva Carla!
    Por acaso foi uma entrevista sua numa rádio que me fez despertar o interesse para a sua literatura, pois considerei algo insólito e diferente a forma como ele via a literatura e como escrevia. Repara, a literatura está cheia de mandamentos, de regras, parece que só pode ser escritor quem seguir certos e determinados mandamentos e a forma desprecocupado com que ele falou, fez-me pensar que fosse um autor diferente.
    Pois bem, diferente ele é e penso que é daqueles que ou se ama ou se odeia e que muitos o lêem por moda, mas de facto somos livres de questionar, pelo menos, os seus livros têm interesse? Eu apenas li este e respondo: a escrita é diferente, é! Com base numa serie de pensamentos e reflexões ele vai construindo uma teia que até se revela interessante. No entanto, 1400 páginas é uma barbaridade que o leva a cair inúmeras vezes na repetição, tornando-se maçudo.
    Agora que fico com a ideia que ele pode ser um autor algo diferente no futuro das letras, confesso que acredito, pois nota-se que ele sabe escrever e conduzir a história. No entanto penso que deveria rever a atitude de "fazer o que me apetece", pois isso fica claro nos seus livros.
    Pois é, voltei e, sobretudo, voltou a minha vontade de escrever.
    Qualquer diz faço como o Pedro Chagas, começo a escrever. O problema é que não sou capaz de escrever o que me apetece, para mim tem de ser algo com sentido e num estilo literário que goste.

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  4. Olá Paulinha!
    Pois é, depois de cerca de um ano de interregno, digamos um ano sabático (era bom, era), o bichinho voltou a atacar.
    Eu entendo o que dizes. De certa forma entronca com o que a Carla afirma e também a mim, neste livro, me surgiram pela frente clichés e sobretudo enorme repetições.
    Imagina algo do tipo:
    "Ele voltou com a pedra na mão.
    com a pedra na mão...
    com a pedra na mão...
    na mão.
    Com a pedra na mão ele voltou, voltou com a pedra... na mão, com a pedra..."

    Para daí a duas páginas escrever precisamente o mesmo. Entendes?
    Isso é engraçado e algo diferente ao princípio, mas depois torna-se maçudo e no fim irritante.

    Em todo o caso admito que não desgostei e que pretendo ler mais qualquer coisa dele e que a forma como ele encara o acto de escrever me interessa, pois e como Saramago dizia, penso que "todas as pessoas são escritoras, apenas algumas conseguem passar para o papel aquilo que pensam", aliás, PCF diz nessa entrevista que não há segredo nenhum no acto de escrever, apenas ter um guião e disciplina. Algo que era corroborado por Saramago e pela maioria dos grandes escritores.

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  5. Olá Iceman,
    A entrevista que eu vi foi na SIC Radical e no exacto momento em que o Pedro estava a ser entrevistado estava a escrever num livro, eu acho isso uma falta de respeito, enorme para com os leitores.
    Existe muita coisa por aí que não é literatura, tal como referiu a Paula, mas é escrita contextualizada, algo que este "escritor" não sabe fazer, e aqui quando me refiro ao contextualizado não é no sentido espaço-temporal, não sei se me estou a fazer entender. Mas para melhor perceberes pego no teu exemplo, no que deste da pedra, eu acho isso uma forma de preencher papel, tapar os olhos, não tem sentido poético, pelo menos Eça iria descrever a pedra até à exaustam.

    Dizes a certa altura da tua resposta que estás cheio de vontade de escrever mas "O problema é que não sou capaz de escrever o que me apetece, para mim tem de ser algo com sentido e num estilo literário que goste." isto é ter respeito pelo leitor, podes escrever o que te vier pela cabeça, escreve simplesmente, depois tu próprio lanças o livro no mercado e vez no que dá.

    Saramago dizia o que referis-te mas atenção, Saramago era escritor, podia não fazer pontuação, nem hiféns para os diálogos, mas eles estão lá e nós entramos na leitura dele e não estamos a ler algo repetitivo e quase que inglório, ALA também tem uma escrita peculiar mas ambos têm sumo na sua narração.

    PCF anda a ganhar uns bons euros à custa de pessoas como eu infelizmente que li a sinopse no wook e mandei vir e quando abri o livro pensei para mim, peço desculpa, mas que raio é isto.

    Iceman se puderes pega no livro Prometo Falhar, existe numa biblioteca de certeza, e lê o que conseguires e depois diz-me o que é aquilo.

    Outra coisa que achei muito engraçada neste senhor foi a forma categórica e até orgulhosa, com que ele disse que tinha cento e poucos livros em casa por terminar. Eu vejo ALA o seu ritmo de trabalho para a construção de um livro, e fico assim de queixo caído, donde veio este PCF. Porque é que ele tem tanto sucesso?

    Não é obrigatório tudo ser literatura, mas os livros têm a meu ver que ter uma história, uma mensagem, podem nos fazer rir, chorar, odiar, etc... nem todos temos que ler clássicos e nem todos os livros têm que ser obras literárias fascinantes.
    Mas o que deixou a pensar com o pouco que eu li do livro Prometo Falhar e digo-te do fundo do coração, me deixou muito preocupada devido ao facto de ser professora, este livro esteve e julgo que ainda está no TOP 10 e os miúdos da faixa etária dos 15-16 anos adoraram, eu cheguei a perguntar porquê, o que lhes transmitia o livro. A resposta foi simplesmente nenhuma, ficaram a olhar para mim como se eu fosse um extraterrestre. Eu falei se os textos dele eram bons e ai a resposta mudou, são stora dá para fazer posts no face.

    Sei que me alonguei mas de facto tenho que ler algo mais de PCF para ver se realmente ele é um escritor ou um pseudo-escritor.

    Beijinhos e desculpa o longo desabafo. Talvez eu também me tenha repetido como o PCF.

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  6. E entrevista que eu ouvi foi no programa Primo da Comercial e confesso que gostei porque ele deu uma caracterização da literatura que está de acordo com o que eu penso, ou seja, pode ser boa literatura algo que é escrito sem respeitar as convenções e as regras, apenas basta ter uma história interessante para contar, capacidade de colocar no papel os pensamentos e, obviamente, disciplina. Em todo o caso achei um pouco absurdo ele sentir obrigação de escrever 10 páginas por dia, obrigatoriamente, faça chuva ou faça sol e quando chegava a épocas festivas e se não podia escrever as 10 páginas, no dia anterior ou posterior, escrevia a dobrar.

    Ou seja, sinceramente acho muita página para um só dia. Nota que o Saramago escrevia duas paginas/dia e dependia de alguns factores. Há escritores que escrevem cinco, até, admito, quem escreva mais, mas o que achei absurdo e forçado é o ser obrigatório quando todos sabemos que nem sempre é dia para o fazer, mesmo com imensa disciplina. Depois e por falar em disciplina, ele acaba também por se contradizer, ou seja, todas as entrevistas que li com escritores, todos eles afirmam ter de facto uma disciplina que os leva a escrever a determinadas horas do dia e sempre igual. Por exemplo, acho que era o Hemingway que só escrevia à noite, o Rodrigues dos Santos, de manhã. O Saramago era de tarde e por aí fora. O PCF escreve quando lhe apetece e em qualquer hora. Achei isso um pouco forçado, mas pronto, quem sou eu.

    Também registei o facto de ele afirmar que tem dezenas de livros acabados. Ou seja, faz passar a mensagem que o acto de escrever é algo demasiado simples. Ele escreveu o In Sexus Veritas em 140 dias e não esconde que esse foi o principal objectivo, escrever 1400 páginas em 140 dias.

    Mas enfim, é um autor irreverente e soube construir uma imagem que vende. Nem sequer sabia que é um autor que os adolescentes gostam, causa-me estranheza porque tenho a certeza que os jovens não o entendem, a menos que o leiam apenas pela sua linguagem rude, não sei.

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  7. Nunca li e o que conheço mais é precisamente do famoso "Prometo Falhar". O que me dá a entender é precisamente o que a Carla já defendeu (não aguento mais uma partilha do Facebook com as palavras dele). Parece precisamente o tipo de escrita que não suporto: repetitivo, excessivamente floreado, oco até não mais. Não suporto frases poéticas soltas e sem qualquer outro sentido senão o de parecerem bonitas (os adolescentes adoram-no porque é o tipo de prosa poética que soa bem, e que encaixa ao lado de uma foto a preto e branco com um coração vermelho). Parece-me, sim, um excelente vendedor de livros.

    De qualquer forma, falo sem verdadeiro conhecimento de causa, sem grande vontade de tirar as minhas dúvidas. Apesar de tudo, fiquei surpreendido com a tua opinião. Desafio-te a ler o "Prometo Falhar", apenas para perceber se o problema é ele ou é o livro.

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  8. Ola Pedro.
    "Prometo falhar" é um livro que de facto pretendo, pelo menos, falhar num futuro próximo. Agora confesso que tenho tanta coisa para ler que não vou, seguramente,pegar nele.
    Mas é como disse na opinião, não desgostei deste livro e confesso que houve duas personagens que gostei bastante, a grande questão é precisamente o estilo do autor que não me agradou por aí além.
    Grande abraço

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