Não
sou um grande apreciador de policiais e a razão é simples, depois de ter lido
inúmeros livros do género, apercebi-me que a receita é sempre a mesma só
mudando a forma como os autores usam a imaginação para baralhar os leitores com
pequenas pistas falsas e verdadeiras que, no final, vão dar sempre na mesma
conclusão: o criminoso é… e nós: ohhhhh, que surpresa, nunca pensei (isso nos
bons policiais) e , eh, que novidade (nos maus policiais). Ou seja, há sempre
um crime, muito ou pouco violento, investigações levadas a cabo por alguém
cheio de idiossincrasias, ou não, personagens e pistas que nos são servidas
para baralhar e no final descobre-se o criminoso ou criminosa de uma forma, na
maioria das vezes, surrealista. É uma escola onde Conan Doyle foi o grande
mestre seguido de Agatha Christie. O resto, e perdoem-me aqueles que adoram
este género, é quase sempre mais do mesmo, sendo a novidade quando surge um
livro que difere.
Em todo
o caso já tenho lido policiais muito bons que me surpreenderam e que fugiram um
pouco a esta “escola”, mas não é de todo o caso deste “Segredos Obscuros”.
Volta
a ter um crime, desta vez o crime macabro de um jovem de 16 anos que aparece
morto sem parte do coração. Uma equipa de investigadores que andam num virote
para descobrir pistas e o principal personagem cheio de manias, desta vez nem
sequer é detective, mas sim psicólogo, Sebastian Bergman e a novidade, para
mim, é que o livro vale inteiramente por ele, porque de resto é mais do mesmo.
A
acção situa-se Vasteras, uma pequena cidade sueca. Um jovem de 16 anos
desaparece de forma misteriosa. Dois dias depois a mãe faz parte desse desaparecimento
e é organizado uma busca sendo o jovem encontrado, ou o corpo, num bosque. A cena
do crime é macabra e tudo aponta para que o jovem tenha sido morto à facada, no
entanto nem tudo o que parece é. Rapidamente se organiza uma equipa para
investigar o caso, sendo ajudada pelo psicólogo Sebastian Bergman que só se
encontra naquela cidade por acaso, no entanto dá-se conta que há um passado
pouco amigável entre este e alguns membros da investigação.
É um
policial bonzinho cuja linha condutora me fez recordar outros que li e cujo
culpado do crime não me surpreendeu, pois é semelhante a tantos outros e desde
o início parti do principio que o que parece, de certeza que não é, e acertei
na mouche.
Respeito
quem goste de policiais, mas decerto há outros livros, dentro do género, bem
mais interessantes e excitantes que este “Segredos Obscuros”.