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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Assassino do Crucifixo (O) – Chris Carter



Embora o género policial não faça parte das minhas preferências, gosto, de vez em quando, de ler um livro desse género, preferencialmente daqueles que me façam pensar e cujo mistério seja apenas descrito nas últimas páginas.

Este livro, O Assassino do Crucifixo que marca a estreia de Chris Carter, um Psicólogo com especialização em comportamento criminal, vai por inteiro de encontro aquilo que pretendo, sendo que, é muito mais do que um mero romance policial e sim thriller, pois é uma obra que, para além de introduzir o habitual ritmo do romance policial: "O(s) Crime(s), O(s) Investigador(s), a investigação e a posterior demonstração do culpado", insere factos muito violentos que o difere do mero romance policial.

Como premissa temos o corpo de uma mulher que é encontrado numa cabana abandonada no meio de uma floresta. No entanto quando nos é descrito o cenário do local do crime, constatamos que esse crime foi efectuado com tal brutalidade que deixa os detectives indispostos e incrédulos com o cenário à sua volta. Sabemos desde logo que a vítima foi torturada ate à morte e a pele da sua cara arrancada ainda com a vítima viva, e mais, na parte de trás do pescoço é encontrada tatuada uma cruz dupla que o detective Robert Hunter reconhece como a assinatura de um psicopata conhecido pelo “Assassino do Crucifixo”, porém há um pormenor de vital importância: Esse psicopata já havia sido apanhado e executado dois anos antes…

Quem poderá estar pode detrás deste crime horrendo?

Um imitador?

Ou será que o homem que a polícia apanhou dois anos antes estava inocente e agora o assassino regressa em força?

São essas as duas questões preliminares que se vão colocar aos detectives e a partir daí dá-se inicio a uma investigação cujo ritmo nunca abranda até, obviamente, ao epilogo final onde as respostas, a estas e outras questões nos são dadas.

Assente na sua formação e experiência profissional, o autor traça um perfil do serial killer muito interessante que, para além de nos surpreender, tem o condão de abordar algo que muitos autores não o fazem (talvez por desconhecimento), que é a psique, o intimo desse psicopata e os motivos que o levam a cometer tais atrocidades. Para além disso, o autor sabe construir uma série de personagens, a começar pela principal que é o investigador Robert Hunter, muito interessantes e bem conseguidas, ou seja, personagens intensas que nos dão a sensação de serem reais. Fiquei assim convencido que o autor se baseia em pessoas que efectivamente conheceu na sua profissão, pois todas elas "soam" a autenticas, assim como os próprios casos, pareceu-me que não são meros casos ficcionais, ou seja, não me admirava nada que de facto, e na realidade, tivesse sucedido crimes semelhantes.

Com capítulos curtos (o livro lê-se de uma forma muito rápida), o autor nunca deixa esmorecer o interesse, salpicando, constantemente factos interessantes que vão adensando mais o mistério, tornando-o num livro daqueles que desejamos terminar só para perceber que se encontra por detrás dos crimes que, obviamente, se vão sucedendo de uma forma terrível e narradas ao pormenor, ou seja, é daqueles livros em que o autor nos coloca no cenário dos crimes como assistentes na primeira fila, uma espécie de estar no cenário de um filme.

O por falar em filme, o estilo do autor ou a técnica é a de um guião de cinema, com intervalos muito curtos, narrativa concisa e objectiva, o autor, embora acabe por tocar no submundo da prostituição e do crime organizado, nunca se perde com floreados que não vão dar a lado nenhum. Ou seja, toda a narrativa se encaixa ao longo do romance como um puzzle até chegar ao desfecho apoteótico que pode surpreender muitos leitores.

Embora tenha gostado do livro, não o posso considerar excepcional devido a uma série de factos: primeiro sensivelmente a meio do livro o autor dá-nos uma pista que me levaram a acertar no criminoso. Depois porque há um personagem, que não vou dizer qual é, que é suposto ter experiência mas que na prática se revela um iniciado e que, a meu ver, traz muito pouco ao livro e depois porque considero que a descrição inicial de Robert Hunter fica um pouco aquém da sua capacidade real de investigador, ou seja, é descrito como um génio, um sobredotado da força policial, mas depois anda “à nora” do principio ao fim detectando o criminoso por pormenores algo burlescos.

Mas enfim, trata-se do primeiro romance deste autor e também não é justo afirmar que não se trata de um bom livro. Pelo contrário, é um excelente thriller que nos prende da primeira à ultima página e cujo epilogo surpreende.

Brevemente o vídeo desta resenha. 


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