Prémio Pulitzer em 2008, a Breve e
Assombrosa vida de oscar Wao é o primeiro romance do autor dominicano Junot
Diaz que efectua, acima de tudo um retrato da Rep. Dominicana assente sobretudo
no período da ditadura de Trujillo.
Na minha opinião é aqui que
reside o interesse do livro, pois confesso que conhecia Trujillo apenas pelo
nome mas estava longe de imaginar o inferno e brutalidade que foi o período de
ditadura (1930-1961), uma Era marcada por um culto á personagem tão habitual
nas ditaduras indo ao ponto de rebatizar cidades com o seu nome e dando-se ao
luxo de considerar como propriedade própria qualquer cidadão.
Extremamente narcisista, o seu
ego era do tamanho do mundo e a repressão aos cidadãos era violentíssima e isso
está muito bem descrito nesta obra de Junot Diaz.
É este o principal tema de
interesse, pese embora a história assente na figura de Oscar, um rapaz gordo,
feio, com poucos amigos e que não consegue despertar qualquer interesse de
nenhuma mulher, sendo que isso se torna uma obsessão e um trauma e um assunto que
serve para que sofra de bulling diariamente, pois as suas paixões são de “caixão
à cova” e motivo de gozo por parte dos seus colegas e conhecidos.
Vagueando entre várias épocas
temporais, o autor vai-nos descrevendo a história de Oscar e da sua família,
história essa que está intimamente interligada com o regime desumano de
Trujillo. Na prática este livro é mais uma exposição Histórica da Rep.
Dominicana da ditadura e, simultaneamente, o autor vai tecendo várias críticas implícitas
que nos levam a crer que a actual Rep. Dominicana ainda continua a sofrer com
laivos de ditadura, ou seja, aqueles trinta anos deixaram uma mossa tão grande,
que ainda hoje é visível e perceptivel sinais do regime de Trujillo.
A escrita de Junot Diaz é muito
interessante e efectivamente consegue-nos prender numa narrativa sempre cheia
de curiosos episódios, porém este não foi um livro que achasse como exepcional,
tornando-se por vezes até enfadonho e curiosamente quando o autor se prendia na
narração da vida, sem grande interesse, de Oscar Wao.
Em todo o caso, achei o livro
muito interessante e digno de registo, até porque me despertou a curiosidade em
ler mais sobre Trujillo e voltar a um autor que muito admiro e que Junot refere
várias vezes, Vargas Llosa, aliás, aqui e ali é visível a influência de Llosa
na escrita de Junot Diaz.
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