Confesso ser um apreciador dos romances de Júlia Navarro, sobretudo os romances históricos, pois, para além da autora saber criar uma narrativa, consegue sempre construir e transmitir os acontecimentos históricos, situando-nos no contexto e, criando igualmente uma narrativa onde diversos personagens se vão interrelacionando em narrativas separadas mas que têm sempre elos em comum.
Este seu último romance “Não Matarás” vem assim nessa linha e situa-nos no após Guerra Civil Espanhola, onde nos transmite a profunda separação que sucedeu depois do seu término, entre vencedores e vencidos onde, estes últimos, vivam em pânico aguardando, a qualquer altura, ser fuzilados ou ver os “seus” homens fuzilados.
É uma fase muito interessante de uma Espanha destruída, física e moralmente, tentando-se reerguer de uma guerra fratricida que iria deixar marcas profundas na sua sociedade.
Assente, essencialmente, em três personagens, surge um vasto panteão, onde a autora consegue criar perfis psicológicos diversos e é interessante seguir a sua evolução.
A Acção temporal é longa.
Inicia-se pós Guerra Civil Espanhola (1939) e termina cerca de 40 anos depois.
Durante esse tempo, há acontecimentos marcantes do século XX, mas que e essa é a primeira crítica que faço, são pouco ou nada explorados.
Por exemplo, a Guerra de 1939-1945 é vista como algo muito longínqua que pouco ou nada afecta os acontecimentos do livro.
E porquê?
Porque a autora centra a sua história nesses três personagens, sobretudo em dois, colocando-os numa redoma e pouco saindo daí.
A meu ver, falha redondamente, tornando o livro maçudo, demasiado extenso e muito repetitivo.
Não faz sentido 1000 páginas. 500 Páginas seriam mais do que suficientes para narrar aquela história.
Depois há acontecimentos que são tão repetitivos que chegam a roçar o ridículo.
Há alguém que passa todo o santo livro a perseguir alguém que não quer nada com ela. Foge dela, causa-lhe asco e isso é cansativamente transmitido. Porém, insiste e insiste e insiste. Se a ideia da autora era mostrar que alguém importante é na sua essência um canalha, isso é logo conseguido no início, era escusado tanta insistência. É irritante!
Mas há mais factos sem grande coerência que me vou escusar de mencionar, até porque não me quero alongar sobre a história.
Em suma, um livro interessante que até se lia rapidamente face à simplicidade da escrita, mas que se torna maçudo e aborrecido, prolongando a sua leitura, pois dei por mim a só conseguir ler 3, 4 páginas por dia, por desinteresse.
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