David Soares é, quanto a mim, um dos melhores escritores portugueses.
Dono de uma forma de escrever que combina História com ficção e fantasia, ele sabe construir mundos e planos completamente antagónicos com a realidade, colocando os seus personagens a agirem nesses planos como se da realidade se tratasse.
Foi assim no excelente “O Evangelho do Enforcado” e na “Conspiração dos Antepassados”, obra na qual, diga-se, David Soares expressa todo o seu génio criativo e, não sendo o livro que mais gostei, é provavelmente o seu melhor livro.
“A Luz Miserável” é um conjunto de três contos, todos sem ligações, que nos situam em ambientes exóticos, profundamente negros e até sádicos e violentos.
Diferente dos registos dos seus romances, estes contos estão cheios de imagens insanas e provocadoras, resultando em sensações de náuseas e nojo, algo que apenas havia sentido na obra do Marquês de Sade.
Difícil dizer se gostei ou não.
Dos três contos, a Luz Miserável foi o que mais gostei. Senti-me atraído pelo ambiente macabro e gótico, pelos três estranhos personagens alucinados, no entanto não gostei dos laivos de fantasia com que todas as histórias terminam. Nesse aspecto achei que o autor deita a perder o que vai construindo. É algo como uma espécie de construção de um plano baseado na realidade que é posteriormente destruído por factos fantasistas. No entanto, questiono, qual o plano real?
Penso que é uma obra destinada a um certo grupo de leitores. Pessoalmente não aprecio o estilo.
Destaco por último a edição. Páginas negras com letras brancas que realcem o tema.
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