Neste volume, que podemos considerar o 3º que narra a história das mulheres de Henrique VIII, Philippa Gregory, uma vez mais, reconstrói os acontecimentos da corte de Henrique, talvez o rei de Inglaterra cuja história desperta mais fascínio face à tirania e acontecimentos que marcaram o seu longo reinado.
Em opiniões anteriores referi o facto de Philippa ser exímia em efectuar pesquisa histórica e, neste título, ela volta-o a demonstrar, indo ao pormenor com uma exactidão ao ponto de ligar, tornando-os credíveis, factos que são tidos como lendas ou meras conversas de corte.
Três anos se passaram desde que Ana Bolena e o seu irmão Jorge foram acusados de incesto e traição. Sentenciados à morte, foram ambos decapitados no jardim da Torre de Londres (história narrada no livro “Duas Irmãs, Um Rei”). Para essa acusação teve papel fundamental Jane Parker, esposa de Jorge que, com o seu depoimento, os condena definitivamente à morte.
Jane Parker vê-se assim como a única Bolena viva e herda a herança da família, retirando-se da corte para uma propriedade familiar onde vive cheia de remorsos pelo depoimento que condenou Jorge e Ana.
E é aí que a encontramos quando o livro se inicia.
A obra é-nos narrada por três mulheres: Jane Parker, Ana de Cléves e Catarina Howard.
Todas elas vão ter um papel fulcral na narrativa que se estende até1542, três anos de vida na corte com estas mulheres e principalmente com o Rei Henrique VIII, um homem que Philippa Gregory caracteriza como violento, louco e déspota.
O que mais gostei neste livro foi a forma minuciosa como os factos históricos são explanados. É notável como a autora consegue encadear e ligar tantos pormenores que dão sentido aos acontecimentos. Através dos diálogos, obviamente imaginados, a autora torna esses acontecimentos, que de facto sucederam, lógicos e numa sequência verosímil, somos levados a acreditar que de facto aconteceu assim mesmo, que aqueles diálogos de facto existiram.
O ambiente da corte é narrado de uma forma tão realista que somos capazes de sentir a má energia que ali deambulava. O medo e o teatro que ali se fazia para agradar a Henrique.
Como senão, considero que a autora se deixou levar por um tom algo lamechas e repetitivo, sobretudo no que respeita a Jane Parker. Enquanto a caracterização de Ana de Cléves e Catarina Haward são exemplares, em Jane, a autora foca demasiadamente os seus remorsos, tendo esta uma atitude que me surpreendeu pela negativa.
Em todo o caso, este é mais um excelente romance histórico de Philippa Gregory, que demonstra conhecer profundamente a época em questão e o reinado sangrento de Henrique VIII.
Excelente opinião ;)
ResponderEliminarDevo dizer que fiquei mais do interessado e motivado para atacar o resto dos livros desta autora (ainda só li "Catarina de Aragão - A Princesa Determinada"), embora tenha adorado o primeiro - tanto a nível de caracterização histórica, que achei excepcional, como a nível do storytellin, que também estava bastante coerente.
Uma dúvida, aquele que eu li seria o primeiro, o das duas irmãs o segundo, e este o terceiro livro, certo?
Eu tenho uma certa paixãozinha por essa época. Acho que nas férias do verão vou investir nisso :)
ResponderEliminarBoas, por acaso estou a ler um livro que aborda o mesmo tema e com mais ou menos as mesmas personagens, que é o "Wolf Hall" de Hilary Mantel.
ResponderEliminarNeste livro esses acontecimentos são abordados pela perspectiva de Thomas Cromwell, que foi um personagem (real) muito importante e que muito decidiu também para o desenrolar desses acontecimentos tão bem conhecidos (a criação da igreja Anglicana, a morte de Ana Boleyn, etc.).
Este livro também é de um rigor histórico muito grande e aprofunda-se para além das relações e estórias das personagens também na política, sociedade e cultura da época.
Com o Wolf Hall, Hilary Mantel venceu o Man Booker Prize de 2009, se ainda não o leste, recomendo-o vivamente.
Pipas
falta-me este para "acabar" esta série tudor. ñ o queres vender??? :P
ResponderEliminarOlá Rui!
ResponderEliminarSim, "Duas Irmãs, Um Rei" é o 2º volume e este "Herança" é o 3º.
Pessoalmente "Catarina de Aragão" foi o que mais gostei, fundamentalmente pelo caracter de Catarina.
Olá Manuel!
ResponderEliminarAcho que fazes muito bem, vais gostar!
Olá Pipas!
ResponderEliminarFico com o registo do livro que mencionas, vou procurá-lo.
Obrigado!
Olá Mira!
ResponderEliminarVender o livro?
Lol
Eu não sou capaz de me desfazer dos meus livros.
Mas olha que já vi este e outros da autora nos alfarrabistas.
loooooooool ok
ResponderEliminarobrigada na mesma, perguntar ñ custa nd ;)
eu bem q o procuro, mas ou já o venderam ou ñ me respondem :S
se até à feira do livro do porto ñ o encontrar, procuro-o lá.
boas leituras!