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Há muito tempo que tomei conhecimento de “Mein Kampf”, livro escrito por Adolf Hitler na prisão em 1923, alguns anos antes da sua chegada ao poder na Alemanha, em 1933.
Honestamente sabia tratar-se de um livro onde o autor expunha as suas ideias sobre a nação, ao mesmo tempo que exortava ao ódio aos judeus. No entanto estava muito longe de imaginar a importância, impacto e influência da obra.
Primeiro há que dizer que “Mein Kampf” é um dos livros mais vendidos em todo o mundo. Obra obrigatória durante os anos do nazismo, é um livro que tem sido usado como modelo inspirador de movimentos ultranacionalistas um pouco por todo o mundo e, mais surpreendente, verificar que o continua a ser.
Fiquei deveras espantado ao perceber que, actualmente, é nos países muçulmanos que “Mein Kampf” tem milhares de leitores que vêm na obra uma forma de conhecerem o seu inimigo: os judeus. Em simultâneo gostam de ler como os exterminar. Doentio? Sim, doentio e violento, mas é o que sucede.
Surpreendeu-me também a forma como o livro na altura da sua publicação foi completamente subestimado pelos políticos da toda a Europa e Estados Unidos. Ao contrário do que se julgou no pós-guerra, este livro foi lido por esses políticos e perfeitamente entendível. As suas mensagens são claras e objectivas e, imagine-se, teve até simpatizantes em vários sectores britânicos e americanos.
Como foi isso possível?
Um livro onde desfilam, variadíssimas vezes de uma forma repetitiva, ideias racistas, antidemocráticas, doutrinas totalitaristas que incitavam à extinção em massa de seres humanos, que explicava como o fazer, que pregava a barbárie, a opressão da liberdade fundamental da democracia, o ódio, o anti-semitismo.
E depois ainda vieram dizer que não sabiam dos campos de extermínio, quando os mesmos são expostos de uma forma clara no “Mein Kampf”?
Como foi isso possível?
O homem já provou que é incapaz de aprender com a História e isso verificou-se no genocídio do Ruanda, na Jugoslávia, na Tchechénia e em tantos outros locais onde, agora mesmo, se procede como os nazis procederam entre 1941-1945.
Este livro de Antoine Vitkine, surpreendeu-me porque me permitiu conhecer o impacto e importância da obra de Hitler. O autor debruça-se exactamente no papel do livro e não no seu conteúdo, pese embora aqui e ali vá mencionado frases, mas o principal objectivo deste livro é o de analisar a sua importância no tempo e no espaço, a envolvência e o cenário político que permitiram e permitem ter um papel vital no nacional socialismo de Hitler e nalguns regimes actuais.
Nota negativa para a tradução. Para além de palavras com erros ortográficos, o tradutor teima, do princípio ao fim, em referir “nazista” em vez de “nazismo”. “Nazista” é um termo brasileiro.
Tenho curiosidade em ler este livro.Interesso-me por esta temática, nazismo, o holocausto. Ja vi alguns filmes que adorei, seja O pianista, A lista de Schindler, A vida é Bela,...
ResponderEliminaragora tenho de me aventurar no que foi escrito.
Boas leituras
Caro Iceman, estou terminando de ler este livro e, como você, me surpreendi deveras com o alcance da obra hitleriana. Impressionante e preocupante. As revoltas que vemos hoje no mundo árabe tomaram uma nova tonalidade para mim, mais escura. Estarão estes jovens tomados de fervor nacionalista adquirido com a leitura de Mein Kampf? É assustador!!
ResponderEliminarAo comentarista Miguel Pestana, e a você também, caso se interesse pelo tema e nunca tenha lido, sugiro a leitura de Diário de Berlim, de Willian Shirer. É um livro delicioso para os amantes dos blogs, pois que é um precursor desse diário atual e virtual. Se houvesse blogs na década de 30, Shirer seria um blogueiro e tanto.
Parabéns pela iniciativa deste blog. É muito interessante! Raquel