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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Solitude – Japão – O Estranho Império


Nesta primeira crónica, o autor dá a conhecer o seu estilo narrativo e a estrutura da obra.

A visita ao Japão inicia-se pela sua capital: Tóquio. Centrando-se nas percepções do próprio sobre o que vai observando, a História, Cultura e a Religião vão ser as componentes que vão servir como base para este capítulo.

Confesso que esse estilo desde logo me cativou. Mais do que narrar o que se vai observando, gostei especialmente das considerações pessoais e, sobretudo, das pequenas curiosidades que aqui e ali nos vai salpicando como pequenas gotículas de chuva.

De uma forma muito objectiva, por vezes até demasiado objectiva, Sérgio Brota começa logo por tecer considerações sobre a grande área urbana que é Tóquio e os seus doze milhões de habitantes.

Curioso Tóquio ser uma metrópole constituída por vários bairros, quase pequenas cidades. Alta e obcecadamente organizados, “é uma visão aterradora para um português habituado à confusão”, os japoneses, de Tóquio, são logo aqui caracterizados como “vaidosos, consumistas e sobretudo extravagantes”. Iremos constatar não ser Tóquio o exemplo da tradição japonesa, mas sim um caso cosmopolita, uma espécie de cidade ocidentalizada.

Essas idiossincrasias são mencionadas, porém o autor continua a sua viagem em direcção ao Japão profundo e aí que nos deparamos com a tradição milenar dos samurais, das gueishas, da manga e dos códigos de honra tantas vezes ouvidos no Ocidente.

Do Museu do Studio Ghibli, a Quioto, aos vários templos, a pequenas cidades onde os habitantes não estão habituados a ver ocidentais, o autor não deixa de mencionar a cultura e a História a estes locais associados. Sublinho a descrição da visita a Hiroshima. As suas palavras são pungentes, assim como comovedoras e impressionantes as imagens expressas do Sino da Paz e do Memorial das Crianças. O autor, depois de uma breve abordagem ao sucedido no dia 6 de Agosto de 1945, traça a história da cidade e é impossível não nos sentirmos incomodados com tamanha barbárie que Hiroshima preserva.

Uma narrativa brilhante, num estilo cinematográfico que até não surpreende visto ser o autor também fotografo, habituado a contar histórias por meio de imagens. Aliás, as fotos que são utilizadas para mostrar um pouco do que é narrado, ou se quisermos, nos situar, são todas elas a preto e branco e isso considero algo sui generis, pois torna esta obra uma espécie de mini-album de fotografias.

Nota final para o imenso respeito que o autor demonstra por este estranho império.

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