Adrian Goldsworthy é Historiador especialista em História militar antiga e autor de vários livros de História, dos quais destaco o brilhante “O Fim do Império Romano” que li em 2011 e cujo conteúdo acho imprescindível para quem se interessa por esse império.
Este “Soldados de Honra” é a sua primeira incursão no romance histórico e, pese embora todos os detalhes históricos do livro, não se pode dizer que tenha sido bem conseguido.
Primavera de 1808. O exército francês ocupa a Espanha e Portugal, onde, os seus soldados, cometem atrocidades junto do povo que leva á revolta deste. A nível político, Napoleão domina a Europa exceptuando a velha Albion que se movimenta com os seus exércitos liderados por sir Wellesley com destino à Península Ibérica. Aí, irão ajudar a expulsar o invasor, e é precisamente esse o contexto da presente obra.
Pessoalmente e embora seja um interessado nessa época, não posso dizer que tivesse aprendido muito com este livro. O autor, e isso é compreensível, adopta a visão britânica e narra os acontecimentos dentro dessa perspectiva.
O livro está dividido em duas fases. A primeira parte transporta-nos ao quotidiano do exército britânico enquanto aguarda ordens para partirem para a guerra. Constatamos dos objectivos e interesses pessoais dos seus oficiais. Sinceramente, achei a primeira parte muito enfadonha, com pouquíssimos pontos de interesse. Os acontecimentos arrastam-se num nunca mais acabar de exercícios militares, conversas fúteis e menções a batalhões e postos militares. São pouco mais de duzentas páginas nisto e, enfim, são um suplício.
Já a segunda parte torna o livro bem mais interessante, salva-o a meu ver, e foi de maior utilidade cultural. Esta segunda parte narra toda a estratégia e movimentações militares de ajuda à libertação de Portugal do jugo dos franceses. Sempre do ponto de vista britânico, o autor demonstra apreço pelos soldados portugueses e maior apreço pela população que ajudou o exército britânico a enfrentar o inimigo. As descrições das batalhas são sangrentas e bastante reais, tornando o livro mais estimulante e de leitura compulsiva.
Agora, repito, essa segunda parte não salva de todo o romance. O estilo de Adrian Goldsworthy é muito pausado, nunca conseguindo libertar-se das amarras da narração Histórica. Não é cativante e facilmente damos por nós a perdermo-nos na sua leitura face ao tom madorrento e cheio de pormenores de postos e exercícios militares. Confesso que estive para desistir muitas vezes, mas e ao contrário do que é hábito, insisti porque queria seguir a direcção dos personagens britânicos e a sua interacção com os portugueses. Valeu a pena a espera, mas não o considero um bom romance histórico, sendo este livro ideal para quem de facto se interessa pelo tema, mas também não ficará a saber muito, sobretudo no aspecto das razões que levaram à invasão a Portugal pelos franceses e à posterior ajuda dos britânicos para os expulsarem.
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