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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Madrugada Suja – Miguel Sousa Tavares

Este é o terceiro romance de Miguel Sousa Tavares (MST) e, depois do best-seller “Equador” e “Rio das Flores”, MST dá à estampa um romance pouco cativante, monótono que, embora bem escrito, se revela uma desilusão.

A premissa até é apelativa: tudo se inicia numa madrugada. Quatro jovens alcoolizados irão ter uma experiência que os marcará para toda a vida e que, anos depois, irá influenciar a vida de outros.

O primeiro capítulo é a narração deste caso e, de facto, ficamos com água na boca para o que aí vem, sobretudo para quem conhece o “jeito” de MST em narrar uma boa história.

E, confessando que é um livro que se lê bem e que tem momentos de verdadeiro deleite literário, o certo é que a história se mistura com outras histórias sem que percebamos qual o verdadeiro significado daqueles intricados cruzamentos, sucedendo-se alguns episódios incoerentes que, a meu ver, nada vêem acrescentar ao trama e ao destino dos personagens. Até porque rapidamente esse primeiro episódio cai para outro plano e só quase no fim do livro surge com todo o fulgor, acrescentando ainda mais dissonância a todo o contexto. Aliás, confesso que achei muito forçado e até utópico a fase final do livro, coincidências muito ingénuas arranjadas um pouco à pressa por quem, e isso não entendo, pareceu, às tantas, ter pouca paciência para arranjar um fim coerente.

No entanto, para além da história, entendi a mensagem, carregada de ironia, de MST aos políticos, política e seus jogos de influências. Conforme senti nos outros romances, aqui também me parece que MST escreve e constrói personagens com alguém, muitos, no pensamento. Os exemplos de corrupção que constroem a acção do livro, a forma como são trabalhadas, creio, é a de como são feitas em Portugal. Isso já se sabe, no entanto acredito que aquando da construção dos personagens, MST se baseou em pessoas e exemplos reais que, enquanto jornalista, conhece bem. Fico sempre com essa ideia em todos os livros dele e neste isso sobressai na forma como ele “arranja” os partidos políticos e os jogos de “bastidores”.

Um livro bem escrito, que se lê bem mas que está a léguas de “Equador” e de “Rio das Flores”.

Nota final para o elevado preço dos livros de MST, sobretudo este. Com 350 páginas cheias de diálogos, este é um livro que se lê, e pausadamente, em oito horas, pelo que dar 20€ por uma obra que pouco rende e que no fim nem é nada de especial, é algo que devia ser revisto por quem tanto critica, e bem, as medidas de austeridade que têm assaltado o povo português.

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