O
thriller “A Rapariga no Comboio” marca a estreia da jornalista Paula Hawkins na
ficção e, como na generalidade dos jornalistas que escrevem, o livro é marcado
por intensa acção e capítulos muito curtos, técnica que permite agarrar o
leitor, não o cansando, ficando sempre em suspenso no fim de cada capítulo. Se analisarem
a escrita da grande maioria dos jornalistas-escritores, perceberão que essa é a
técnica base da sua escrita. Depois têm de facto treino de anos de profissão
que lhes permite sintetizar um enredo, apimentando-o de vários outros factos.
Em todo
o caso e embora dado à “estampa” em 2015, só há alguns meses este livro começou
a ser falado insistentemente nos meios literários, isso cá no burgo claro, e
devido ao filme que acaba de estrear, pois e a nível internacional, foi uma
obra que depressa alcançou o estatuto de best-seller.
O
enredo centra-se principalmente em Rachel que todos os dias apanha o mesmo comboio
para Londres e “entretém-se” a observar o que se passa fora do comboio no seu
trajecto. No final da tarde faz o percurso inverso e assim vai consumindo os
seus dias. Um pormenor importante: por causa de um facto que lhe devassou a
vida, Rachel encontra-se desempregada, alcoólica e aquele trajecto é apenas
para enganar a amiga com quem vive (que pensa que ela vai trabalhar) e para
poder visualizar a causa que provocou a sua devassa…
Até
que um dia ela observa algo de muito estranho que se interligar com o estranho
desaparecimento de uma jovem mulher chamada Megan e é aí que o seu mundo se
vira totalmente do avesso, metendo-a no cerne de um estranho caso em que ela
própria, sem sequer o saber, teve parte activa.
É
pois um thriller bem construído, assente sobretudo em três vozes femininas que
nos vão dando os vários aspectos da realidade que se vai tornando cada vez mais
obscura e estranha. Em todo o caso, julgo que a autora até tinha matéria para
poder trabalhar melhor o livro, ou seja, a história começa de facto bem, a
áurea de mistério depressa se adensa, mas o livro acaba por se tornar algo
repetitivo e por vezes maçudo, caindo o enredo em vários “lugares-comuns” que
depressa tornam claro qual dos suspeitos é o verdadeiro criminoso, isso porque
há alguns suspeitos e a metade do livro começa-se a tornar claro, por várias
pistas que a autora vai deixando, que, pela lógica, deve ser aquele personagem.
E é mesmo!
Pessoalmente
não gostei disso. Pensei até ao fim que a autora nos iria surpreender com um
volte-face dos acontecimentos, mas debalde, nada aconteceu.
No entanto
é um livro que gostei de ler. De leitura fácil e rápida, embora por vezes
repetitivo, consegue-nos agarrar e motivar página a página em busca da solução
do estranho mistério do desaparecimento de Megan.
Este é um novo Gone Girl? Se sim, contem comigo!
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