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sábado, 5 de agosto de 2017

Lugares Escuros - Gillian Flynn



De facto e pese embora já o tenha repetido inúmeras vezes, o género policial/thriller não é de todo o meu favorito, achando inclusive que é talvez o género que mais abusa de clichés como se a formula fosse sempre a mesma e pouco se pudesse inventar. Em todo o caso e sem qualquer tipo de menosprezo, de vez em quando gosto de ler um romance do tipo e eis que há uns dias, numa pesquisa na internet, me deparei com este “Lugares Escuros” como um dos melhores thrillers de sempre, inclusivamente um livro que originou o filme em 2015 com o mesmo título e interpretado por Charlize Theron. Depois de ler a sinopse, lá fiquei convencido e acabei por trazer o livro da biblioteca.

De leitura fácil e muito rápida, o livro tem um enredo inicial muito apelativo: A história é essencialmente narrada por Libby e desde o início sabemos que quando tinha sete anos a mãe e as duas irmãs foram barbaramente assassinadas na quinta da família. Libby conseguiu fugir e acabou por testemunhar contra o seu irmão Ben que, desta forma, é acusado dos crimes e condenado a prisão perpétua. Com a história dos assassinatos, desenvolve-se um movimento de apoio a Libby que acaba por juntar milhares de dólares que fazem com que Libby viva por mais de 25 anos sem se preocupar com dinheiro e sem trabalhar, até que um dia o responsável pela conta lhe diz que o dinheiro está a acabar e Libby, depois de ser contactada por uma sociedade macabra que se entretém a investigar crimes, aceita recordar aquela noite e, em troca de dinheiro, procurar aqueles que, de forma directa ou indirecta, estiveram ligados aos crimes.

Libby empreende então uma odisseia em busca de respostas para o que de facto sucedeu naquela noite e oscilando entre o presente e o passado, começamos a traçar um puzzle dos acontecimentos que trazem à tona o que aconteceu e que é o verdadeiro responsável pelos crimes.

Pese embora tenha gostado do livro, não posso dizer que é um livro maravilhoso, daqueles de leitura compulsiva e que nos fazem devorar página a página até ao seu epílogo. Longe disso! A fase inicial é de facto muito interessante, altura em que somos colocados diante dos acontecimentos e onde nos é lançado aos olhos várias pistas. Percebemos que Libby se tornou numa pessoa amarga, interesseira e que vê uma oportunidade em voltar ao passado, uma oportunidade para ganhar dinheiro. Aí é-nos lançado o primeiro choque porque percebemos que a protagonista pouco amor tem pelos entes mortos. No entanto e há medida que o livro vai evoluindo, percebemos que é ao fim e ao cabo uma espécie de capa e que Libby vive atormentada pela aquela noite e é isso que, no fim, a catapulta para descobrir que é o verdadeiro culpado.

E não vou revelar mais, no entanto sempre posso dizer que o fim foi decepcionante e por diversos motivos.

Primeiro porque a meio do livro já tinha criado uma teoria que se veio a revelar acertada. Penso que há diversas pistas que com uma leitura atenta nos joga para o verdadeiro culpado. Segundo, esse culpado, foi muito evidente e levei todo o livro a pensar: “eis que vai surgir uma reviravolta e que nada é o que parece”. Nah! 

Terceiro e não último facto, os capítulos finais parecem tirados de um qualquer filme de categoria B, daqueles cheios de clichés, onde a autora apenas mudou os nomes, pois os acontecimentos são muito semelhantes.

Mas enfim, lê-se muito bem, é interessante e cativante, no entanto está muito longe de ser um dos melhores thrillers de sempre. Embora não tenha grandes conhecimentos, se querem um thriller a sério, experimentem, por exemplo, qualquer livro de Boris Starling, sobretudo o Messias. Esse sim, um thriller brutal!


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