Pese
embora Stephen King seja um autor consagrado cujos livros, na grande maioria do
género de horror/fantástico, tenham vendido cerca de 400 milhões (!!) de cópias
em cerca de 40 países, o que por si só o torna num dos Grandes Escritores de
sempre, livros esses que na sua maioria foram adaptados ao cinema com grande
sucesso (ex: Shining, Carrie, Pet
Sematary, Misery, Rose Madder, Storm of the Century), e tantos outros, o certo é que poucos são as
obras que li deste autor, até porque e embora adore filmes de terror, nunca fui
grande apreciador de literatura deste género, muito menos quando se mistura
terror com fantasia.
No entanto, numa ida recente à Biblioteca,
chamou-me a atenção a sinopse deste livro, sobretudo porque colocava na teoria
das hipóteses algo que há muito vinha pensando: “E se J.F. Kennedy não tivesse
sido morto em Dallas em Novembro de 1963? Sabendo das suas posições políticas,
será que o mundo teria sido diferente do que aquele que conhecemos?”
E foi precisamente essa hipótese que me
despertou a atenção na breve sinopse e, não descurando as suas 900 páginas,
resolvi trazer o livro e partir numa viagem à descoberta da resposta para essa
questão.
E simplesmente devorei o primeiro terço do
livro de uma forma ávida, pois, para além de estar muito bem escrito, o autor
consegue agarrar o leitor dando-nos vários pontos de interesse que se vão
encadeando e que fascinaram.
A sinopse em si pode resumir ao seguinte:
Jack Epping é um jovem professor de inglês que vive uma vida absolutamente
provida de entusiasmo. Abandonado pela sua mulher, vive só numa existência
entre a escola e o restaurante onde costuma ir jantar. Esse restaurante, cujo
dono conhece apenas em breves cumprimentos, é o seu escapatório diário e é ali
que se liberta um pouco do pouco stress das aulas.
Um dia, estando a rever uns trabalhos na
escola, recebe uma chamada do dono do restaurante que lhe pede que vá ter no
imediato com ele porque tem algo de muito urgente a dizer. Um pouco
desconfiado, Jack desloca-se ao restaurante, sem saber que a partir desse
momento a sua existência terá uma volta de 360º e nada ficará como dantes.
Sem entrar em grandes detalhes, Jack acaba
por entrar por um portal do tempo e viajará no passado até 1958. Inicialmente Jack
tentará alterar algumas situações do passado, mas depressa terá como objectivo
o de impedir o assassinato de Kennedy no dia 22/11/1963.
Conforme o referi anteriormente, o primeiro
terço do livro é fascinante. Vamos acompanhando Jack na sua descoberta e nas
suas acções que, desta forma, irão mudar a vida daqueles que Jack conhece em
2011 (data presente).
No entanto a partir de certa altura, o livro
torna-se um pouco aborrecido, pois a partir do momento em que ele se centra na
história de Kennedy, sobretudo no aspecto de seguir e monitorizar a vida de Lee
Oswald, são imensas páginas muito repetitivas até chegarmos à data em que esse
personagem abate, ou tenta abater, o então presidente dos Estados Unidos.
Será que Jack Epping consegue impedir esse
assassinato e assim alterar de uma forma brutal e incontornável o futuro não
apenas dos Estados Unidos como também de todo o mundo?
Mais do que responder a essa questão, posso
dizer que cada vez que Jack Epping regressa ao passado e ao presente, muitas
linhas se vão interligando até chegarmos a um ponto de rotura. E isso foi algo
que me fascinou e que desde o início, para mim, era absolutamente instintivo,
pois e isso é referido na obra, o Efeito Borboleta faz-se sentir numa pequena
acção, agora imaginemos quando se impede uma acção em 1958 que irá ter
repercussões em dezenas, centenas de vidas, até aos nossos dias?
E aí Stephen King é exímio, pois não deixa
qualquer nó por desatar, entrelaçando todos os acontecimentos num só e tornando
este livro num dos livros que irei recordar para sempre, pois foi com imenso
prazer que o li em pouco mais de uma semana, sempre na expectativa de perceber
como as coisas iriam acabar.
E agora, depois de terminado a sua leitura,
estou desejoso de ver a mini-série que em 2016 foi realizada a partir deste
fabuloso livro.
Altamente aconselhável!
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