Escrever romances históricos não
é, de todo, um exercício nada fácil e para se conseguir um bom romance
histórico, um romance contendo factos verídicos e criveis, há que efectuar uma
vasta análise e pesquisa não apenas da personagem que se pretende abordar como
igualmente da época. Dessa forma, penso, ser o romance histórico um género que
requer uma abordagem minuciosa tal a dificuldade desse trabalho de investigação
e uma seriedade intelectual por parte do autor e isso, considero, numa época
onde os livros se vendem por atacado e onde os autores têm prazos contatuais
estabelecidos com as suas editoras, é algo que não é para todos, excepto
aqueles que têm uma enorme facilidade em estabelecer linhas de pesquisa e,
tenho a certeza, têm uma máquina tão bem montada e oleada que pagam a dezenas
de pessoas que efectuem essa pesquisa por ele.
Dito isto, a minha opinião sobre
este romance é de alguma desilusão face à fragilidade deste romance.
Não me vou alongar na história de
Mata Hari, pois para isso poderá sempre pesquisar na internet sobre a sua vida,
mas o meu interesse por este livro despertou no dia em que vi uma entrevista
com Paulo Coelho sobre o lançamento deste livro. Achei interessante a forma
como o autor falou da personagem e pensei que de facto era uma personagem
riquíssima e que “facilmente” poderia originar um excelente e vasto romance
histórico, visto a vida que teve e a forma como morreu.
Pura desilusão!
O autor assenta o conteúdo do
romance, basicamente, em carta supostamente de Mata Hari, para assim traçar, de
uma forma muito ténue, um pouco o percurso da sua vida, abordando-a sempre
superficialmente. A preocupação do autor é, a meu ver, apenas uma, tentar
ilibar, de uma vez por todas, a acusação de espiã a Mata Hari, desenhando um
perfil de uma mulher vítima das circunstâncias e que se deixou levar pelo
dinheiro, para assim se enlear num imbróglio tal que acabou por ditar a sua
sentença.
Pese embora até compreenda que o
autor tivesse pretendido cingir-se a essa sua intenção, julgo que poderia, e
tinha muito campo para isso, ir mais longe, explorando vários factores,
atitudes e relacionamentos que Mata Hari teve, ofuscando pormenores de somenos
importância mas que, somados, se foram revelando vitais para a vida desta
mulher que, cem anos depois, continua a ser um mistério.
As minhas questões iniciais ficaram
em aberto: Quem de facto foi Mata Hari e foi efectivamente espiã?
Paulo Coelho defende que não. Ela
jamais pretendeu entrar nesse mundo, ou pelo menos, jamais o fez de forma
consciente, no entanto factos são factos, e o que se sabe, é que Mata Hari foi
uma bela dançarina que exercia a prostituição a troco de dinheiro e que não
escondia a sua vaidade por se “dar” com homens poderosos. Isso de facto
demonstra uma enorme ingenuidade por parte dela, parecendo que estaria mais
preocupado na ascensão social e material do que propriamente noutras
actividades, nomeadamente, de espiã. Porém, era sabido que ela “dormiu” com inúmeros
oficiais dos dois lados na 1ª Grande Guerra e há de facto provas que foi
abordada pelos alemães e que com eles teve várias reuniões. Paulo Coelho neste
livro diz que não, que ela apenas pretendia riquezas, mas não é de escurar a
hipótese de efectivamente ter desempenhado o papel de espião duplo, acusão essa
que a levou à sua morte.
Gostei da escrita do autor, mas
quanto à história, esperava mais, muito mais.
Como comentei no outro dia contigo, eu já li todos os livros deste autor. Ele tem uns realmente muito bons, outros mais ou menos e depois este e O Vencedor Está Só, que a mim não me convenceram nada.
ResponderEliminarMas a escrita dele é boa, sim. Eu diria que começaste pelo livro errado ;)
Pois!
ResponderEliminarMas eu li este livro porque a história de Mata Hari me interessa e pensei que de facto o autor conseguisse explorar mais e melhor a vida dela. Mas foi puro engano!