Na literatura, bem como no
cinema, são vários os títulos em que, num futuro distópico, são imaginados um
futuro para a Humanidade algo assustador mas que, se analisarmos o presente, poderá
efectivamente ser possível. E notem que não me estou a referir aqueles
clássicos como “Admirável Mundo Novo”, “Máquina do Tempo”, “1984”, “2084” ou “Farenheit
451”, não, a distopia que me estou a referir é aquela onde é criado um futuro sinistro,
onde a maioria da população foi eliminada e onde acompanhamos personagens sós
em busca de sobreviventes e que, nesse trajecto, vão tentando sobreviver num
mundo hostil.
De repente recordo-me do
excepcional “A Estrada” de Cormac McCarthy (para quando o Nobel da
literatura?), ou “Maze Runner”, “The Hunger Games”, “12 Macacos”, “Eu sou a
Lenda”, filmes e livros onde uma pandemia quase extingue a população humana e
constatamos que o Ser Humano é ele próprio o culpado da sua extinção em
simultâneo que tenta se reerguer.
“Sobrevive”, da norte americana
Alexandra Oliva, traça precisamente futuro que não é assim tão descabido,
pegando aqui e ali vários elementos de alguns dos clássicos que antes referi.
Ou seja, é impossível, à medida que vamos avançando no livro, não reparar em
situações muito similares, pelo menos na concepção, com muitos dos títulos
distopicos que abundam na literatura e no cinema. Na minha opinião, a acção
desta obra é muito semelhante a “Hunger Games” com traços claros da “Estrada”,
ou seja, aqui temos um reality show em que são selecionados doze concorrentes e
onde lhes é proposto uma série de provas de sobrevivência algures num bosque
qualquer e onde, cada um deles, é posto à prova para além dos seus limites físicos
e psicológicos. Qualquer um deles sabe que está a ser visionado por dezenas de
câmaras para todo o mundo e que pode desistir quando quiser, bastando para isso
dizer duas palavras em latim.
Logo de início somos confrontados
com o percurso de um desses concorrentes que, completamente sozinho, caminha à
procura de provas e deparando-se com obstáculos e cenas que, pensa ele, ser da
produção mas que, sabemos nós são reais. Ou seja, apercebemo-nos que esse
concorrente julga estar no jogo e a ser filmado mas que algo de grave deve ter
sucedido para que esse concorrente fica-se só e, mais estranho, a julgar ainda
estar nesse jogo.
Intervalado por capítulos,
acedemos aos primeiros dias do reality show onde começamos a perceber a
estratégia de cada um e, obviamente, onde começa a vir ao de cimo toda a
essência humana.
Na minha opinião o livro é interessante
mas poderia, e tinha imenso campo para isso, ter sido melhor explorado.
Há medida que esse personagem
avança, completamente só, compreende ou percebe que todos os outros
concorrentes desapareceram e, mais estranho, depara-se com vilas e cidades vazias
e cenários grotescos. Onde começa e acaba esse jogo? Será que tudo não é uma
utopia propositada a fim de o levar ao limite?
Pessoalmente gostei do livro mas
não posso afirmar que adorei. Muito longe do sublime “A Estrada”, consegue-nos
dar uma imagem inquieta de um futuro nada utópico, mas que vai denotando alguma
ingenuidade na forma como a autora traça a acção, sendo também algo repetitiva,
pelo menos nos capítulos onde vai descrevendo o início do reality show.
Dessa forma, embora nos prenda de
inicio ao fim, pelo menos porque queremos saber como tudo termina, não consegue
dar-nos aquela adrenalina que outros títulos nos deram e recordo-me
especialmente de “Eu sou a Lenda”, onde de princípio ao fim, ficamos agarrados
à espera de algo bombástico quando, todo o título é bombástico.
É um livro que aconselho para os
apreciados do género, mas que, a meu ver fica um pouco aquém do esperado pela
sinopse.
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