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terça-feira, 26 de junho de 2018

Sobrevive – Alexandra Oliva


Na literatura, bem como no cinema, são vários os títulos em que, num futuro distópico, são imaginados um futuro para a Humanidade algo assustador mas que, se analisarmos o presente, poderá efectivamente ser possível. E notem que não me estou a referir aqueles clássicos como “Admirável Mundo Novo”, “Máquina do Tempo”, “1984”, “2084” ou “Farenheit 451”, não, a distopia que me estou a referir é aquela onde é criado um futuro sinistro, onde a maioria da população foi eliminada e onde acompanhamos personagens sós em busca de sobreviventes e que, nesse trajecto, vão tentando sobreviver num mundo hostil.

De repente recordo-me do excepcional “A Estrada” de Cormac McCarthy (para quando o Nobel da literatura?), ou “Maze Runner”, “The Hunger Games”, “12 Macacos”, “Eu sou a Lenda”, filmes e livros onde uma pandemia quase extingue a população humana e constatamos que o Ser Humano é ele próprio o culpado da sua extinção em simultâneo que tenta se reerguer.

“Sobrevive”, da norte americana Alexandra Oliva, traça precisamente futuro que não é assim tão descabido, pegando aqui e ali vários elementos de alguns dos clássicos que antes referi. Ou seja, é impossível, à medida que vamos avançando no livro, não reparar em situações muito similares, pelo menos na concepção, com muitos dos títulos distopicos que abundam na literatura e no cinema. Na minha opinião, a acção desta obra é muito semelhante a “Hunger Games” com traços claros da “Estrada”, ou seja, aqui temos um reality show em que são selecionados doze concorrentes e onde lhes é proposto uma série de provas de sobrevivência algures num bosque qualquer e onde, cada um deles, é posto à prova para além dos seus limites físicos e psicológicos. Qualquer um deles sabe que está a ser visionado por dezenas de câmaras para todo o mundo e que pode desistir quando quiser, bastando para isso dizer duas palavras em latim.

Logo de início somos confrontados com o percurso de um desses concorrentes que, completamente sozinho, caminha à procura de provas e deparando-se com obstáculos e cenas que, pensa ele, ser da produção mas que, sabemos nós são reais. Ou seja, apercebemo-nos que esse concorrente julga estar no jogo e a ser filmado mas que algo de grave deve ter sucedido para que esse concorrente fica-se só e, mais estranho, a julgar ainda estar nesse jogo.

Intervalado por capítulos, acedemos aos primeiros dias do reality show onde começamos a perceber a estratégia de cada um e, obviamente, onde começa a vir ao de cimo toda a essência humana.

Na minha opinião o livro é interessante mas poderia, e tinha imenso campo para isso, ter sido melhor explorado.

Há medida que esse personagem avança, completamente só, compreende ou percebe que todos os outros concorrentes desapareceram e, mais estranho, depara-se com vilas e cidades vazias e cenários grotescos. Onde começa e acaba esse jogo? Será que tudo não é uma utopia propositada a fim de o levar ao limite?

Pessoalmente gostei do livro mas não posso afirmar que adorei. Muito longe do sublime “A Estrada”, consegue-nos dar uma imagem inquieta de um futuro nada utópico, mas que vai denotando alguma ingenuidade na forma como a autora traça a acção, sendo também algo repetitiva, pelo menos nos capítulos onde vai descrevendo o início do reality show.

Dessa forma, embora nos prenda de inicio ao fim, pelo menos porque queremos saber como tudo termina, não consegue dar-nos aquela adrenalina que outros títulos nos deram e recordo-me especialmente de “Eu sou a Lenda”, onde de princípio ao fim, ficamos agarrados à espera de algo bombástico quando, todo o título é bombástico.

É um livro que aconselho para os apreciados do género, mas que, a meu ver fica um pouco aquém do esperado pela sinopse.

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