Em
1991 estala a guerra civil na Serra Leoa que só terminaria em 2002.
De
uma forma muito geral, a guerra civil inicia-se por um grupo extremista
denominado RUF (Frente Revolucionária Unida), também conhecida por rebeldes.
Obviamente que por detrás dessa guerra, existia vários interesse de cariz económico,
pois se a Serra Leoa fosse um país de fracos recursos, de certeza que não iria
aparecer alguém contra o poder estabelecido e disponível para encetar uma
terrível guerra que iria causar a morte a milhares de pessoas.
Independentemente
das razões desse conflito, que qualquer pessoa pode pesquisar na internet, este
livro aborda algo que sempre foi e sempre será muito usual, que é a utilização
de crianças como soldados e a forma como se tornam inumanas à medida que o
sofrimento e a sensação de perda invade as suas vidas.
Ishmael
Beah foi assim uma dessas crianças que viu a sua infância perdida em prol de
uma guerra que não entendia.
Obrigado
a fugir da sua aldeia, Ishmael perde toda a família, assassinada pelos
rebeldes, e, mais tarde, vê-se incorporado no exército nacional em que a sua
missão seria combater e matar rebeldes.
De uma
forma gradual, vamos assistindo a transformação de Ishmael de criança para um terrível
assassino que mata sem piedade, drogando-se diariamente e fazendo dessa vida um
vício, pois, mais tarde quando é salvo daquele inferno pela UNICEF, ele tem
imensa dificuldade para reaprender a viver como um Ser Humano.
Este
é pois um relato pungente do percurso de Ishmael e a forma como ele foi
recrutado e como se transformou numa máquina de guerra com apenas 15 anos. Relatos
atrozes do que ele fez, como matou e viu morrer, relatos dignos de qualquer
filme de terror e que é difícil imaginarmos, pois são factos que vamos lendo
por aí mas que julgamos sempre não suceder.
Mais
impressionante é perceber que Ishmael foi apenas mais um. Não daquele conflito,
mas de inúmeros. Hoje em dia, nos vários conflitos que existem no planeta,
sabemos que existem crianças soldados e é impressionante perceber o que elas
são obrigadas a fazer e a assistir e ficamos com a ideia que é completamente impossível
voltarem a ser “normais”, pois depois de terem assistido e cometido tantas
atrocidades, é impossível um Ser Humano ficar normal.
“A matança tinha se tornado uma atividade diária.
Eu não tinha pena de ninguém. Minha infância tinha passado sem que eu soubesse
e parecia que meu coração havia congelado.”
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