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sexta-feira, 7 de junho de 2019

Jane Eyre - Charlotte Brontë


A minha atracção pelos clássicos da literatura, levou-me, desta vez, a pegar num romance que há muito estava na minha lista e que usufrui de imensas apreciações positivas em todo o mundo.

Publicado em 1847, Jane Eyre é uma espécie de autobiografia da sua autora (ela própria admitiu isso), misturada com diversos episódios ficcionais mas que vão servindo de contraponto para o que Brontë pretendia expor.

Acompanhamos assim Jane Eyre da infância à fase adulta, pese embora exista um hiato de 8 anos que, segundo Jane Eyre, não se passou nada de especial. Desse modo e após a narrativa mostrar a sua difícil e traumatizante infância, eis que nos surge Jane Eyre com 18 anos e completamente adaptada ao ambiente onde vive.

Sempre confrontada com dilemas éticos e morais, Jane Eyre vai-nos traçando um esboço da sua personalidade, sobressaindo a sua imensa força psicológica, a sua força de vontade, que irá fazer com que a sua vida, de uma forma gradual, vá mudando.

O trama em si mesmo, é vincadamente vitoriano (como é natural), completo de críticas sociais que envolvem a circunstância da mulher, sobretudo a sujeição, razão pela qual se percebe ter tanto sucesso junto do público feminino, pois Jane Eyre representa a figura que qualquer mulher defende e anseia, ou seja, uma mulher que mesmo crescendo num ambiente hostil, consegue encarar as dificuldades da vida de uma forma frontal, que tem atitude e força para viver a sua vida de forma digna.

Considerado uma romance de formação, e isso a meu ver é claríssimo dada o desenvolvimento da narrativa estar interligado com a evolução humana da protagonista, a autora vai efectivamente contra aquilo que na altura se pensava, ou seja, à época, a mulher era considerada um ser que não era apta para trabalhar. O seu dever era casar, ter filhos e gerir a casa. Charlotte Brontë demonstra que as mulheres eram tão capazes de trabalhar quanto os homens e isso foi uma espécie de pedrada no charco na época, pois é amplamente conhecida o forte puritanismo que envolvia a sociedade europeia, sobretudo a britânica onde as tradições e o moralismo estavam muito enraizados.

Jane Eyre é assim um romance da sua época que necessita de uma abordagem prévia no seu contexto histórico, pois e caso contrário, perde completamente a sua intenção, tornando-se, de forma injusta, um romance algo supérfluo e sem sentido aos dias de hoje. E isso ao acontecer, é injusto, pois não se pode retirar a sua importância e, sobretudo, a coragem, em expor a condição da mulher da primeira metade do séc. XIX.

Pessoalmente gostei muito de ler este clássico e perceber que, independentemente da época e das tradições culturais, o Ser Humano, na sua essência, é sempre igual, seja nos dias de hoje, seja no séc. XIX ou há dois mil anos.  





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