José Rodrigues dos Santos é, indiscutivelmente, o campeão de vendas em Portugal. Sendo jornalista, sabe como investigar os assuntos dos seus livros, ajudando-o também as deslocações que faz e expressas nas obras. Uma escrita muito simples, fluída, tipicamente ao jeito de uma notícia, o próprio autor professa que ler deve ser prazer e não um exercício doloroso. Para além disso tem o condão de prender o público com um género apelativo de mistério, policial e histórico.
Penso que esta é a receita das suas obras e, goste-se ou não se goste, a razão de ter tantos leitores, algo que custa muito a engolir a pseudo intelectuais que se julgam grandes escritores ou leitores de grandes escritores que poucos lêem.
Neste seu 5º romance, Tomás Noronha é novamente o herói numa aventura que o irá levar a quatro continentes em busca da resolução de um mistério que tem o seu início quando dois cientistas são assassinados no mesmo dia em dois continentes diferentes. Em comum com esses homicídios, uma folha de papel deixada junto aos corpos onde está gravado: 666.
A Interpol contacta Tomás Noronha a fim de ele resolver este mistério, levando-o, obviamente ao inicio de uma louca aventura que vai meter interesses petrolíferos, assassinos, perseguições no deserto, entre outros.
O interesse do livro, quanto a mim, está todo centrado nos dados científicos que JRS vai expondo com o sentido de alertar para o aquecimento global e para a necessidade de descobrir outras fontes de energia.
No entanto e como história, penso que este é o seu livro mais fraco.
Toda a história é rebuscada, cheia de clichés brownianos, deficientemente explicada e até, bastas vezes, apressada. Há acontecimentos sem grande lógica e a explicação final é muito sensaborona e até algo infantil.
Mas isso não impede de um considerar um livro que se lê bem, não só devido à mensagem de fundo, como também pelo entretenimento que nos oferece.
Não considero JRS um grande escritor mas, e em conversas que já tive com ele onde lhe disse precisamente isso, ele próprio afirmou que não tem pretensões a ser um grande escritor e a qualquer prémio. O que ele pretende é dar prazer, entreter quem o lê e isso ele consegue na perfeição, pois as suas histórias são atraentes e entretêm. Para além disso os seus livros estão recheados de informações verídicas e com isso aprendemos, e não é precisamente isso que procuramos nos livros?