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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Não nos Roubarão a Esperança – Júlio Magalhães




Confesso que, não sendo de todo um dos meus autores preferidos, já li todos os livros de Júlio Magalhães e, mesmo não apreciando a maioria deles, inclusive criticando-os fortemente, acabei por os ler sobretudo porque gostei do primeiro que li “Um Amor em Tempos de Guerra” e, fico sempre a esperança que o próximo será tão bom como esse.

E foi essa a principal razão de ter pegado neste seu último livro.

De obra em obra, constatei que “Um Amor em Tempos de Guerra” havia sido uma espécie de oásis e que os seus livros primavam por um vazio histórico incompreensível face ao assunto abordado. Por outro lado via os seus livros como romances históricos e, por isso, achava inexplicável a atenção dada à história romântica sempre em prejuízo do contexto histórico. Ou seja, o estilo do autor prima por criar uma história romântica dentro de um importante contexto histórico, porém é errado olharmos para as suas obras como romances históricos e eu percebi isso após ouvir algumas entrevistas do autor, pois ele próprio classifica o seu género como simples romance com características de crónicas jornalísticas, admitindo também não ter pretensões a escritor e que deseja apenas contar uma história. E isso veio alterar a minha visão e exigência quanto ao jornalista e autor.

Neste seu último romance, Júlio Magalhães pega num tema sensível, a Guerra Civil Espanhola, e, baseado em factos verídicos, constrói uma narrativa que interliga a vida de quatro pessoas (principais personagens), com as duas facções inimigas dessa terrível guerra que, ainda hoje, mantém algumas feridas abertas.

Dois irmãos, duas rivalidades, dois lados opostos da barricada.

Nesse contexto, o autor vai-nos oferecendo breves descrições do quotidiano insano desse terrível conflito, deixando igualmente antever a brutalidade do mesmo, sobretudo em episódios que ficaram famosos, como, por exemplo, na tomada de Badajoz.

Um livro que me agradou, pois conseguiu despertar-me o interesse sobre o assunto, deixando também no ar outras pistas igualmente interessantes como, por exemplo, os interesses do governo de Salazar com Franco. De escrita muito simples e fluída, este é um livro que se lê rápido e sem qualquer esforço nem que necessite de qualquer conhecimento prévio do assunto.

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