Pese
embora as minhas leituras se centrem no campo do romance, acabo, aqui e ali,
por efectuar leituras de outros géneros literários, sendo que as Entrevistas
sejam um dos géneros que mais aprecio por diversas razões, sobretudo porque é
uma oportunidade de saber, pelo próprio entrevistado, de factos da sua vida
que, geralmente, guardo como experiencias, algo que posso retirar para mim
próprio para o futuro.
Ou seja,
nessas entrevistas, quando realizadas de forma despretensiosa, é sempre possível
perceber a pessoa por detrás do “personagem”, do “autor”, do “escritor”, do “actor”,
etc. É possível entender o seu trajecto de vida e perceber a sua metodologia de
trabalho e várias das suas opiniões sobre diversos assuntos, pois, confesso, é
sempre isso que procuro apreender quando realizo a leitura de qualquer
entrevista, perceber qual a sua metodologia e a organização mental que o leva a
ser quem é.
Posto
isto, e depois de há uns anos ter visionado quase todos os programas da “Conversas
de Escritores”, realizado por José Rodrigues dos Santos, decidi efectivar a
leitura do livro editado em 2010 porque constatei que, neste livro, estavam
presentes vários escritores que admiro, alguns já falecidos entretanto, na
tentativa de perceber se havia algum ponto em comum entre eles.
As entrevistas
são curtas e penso que muito foi cortado pelo José Rodrigues dos Santos, pois
os sessenta minutos que durava a entrevista, decerto muito se falou, mas enfim,
entendo a lógica em colocar o fulcro do que foi falado. E efectivamente há
perguntas que se vão repetindo de entrevistado para entrevistado e constatei
que, por exemplo, a metodologia de trabalho de todos é muito semelhante,
revelando, na sua grande maioria, uma enorme disciplina quando estão na fase de
escrita, algo que tenho percebido ser comum em quase todos os escritores.
Achei
curioso que muitos escritores fazem uma espécie de guião na altura de planear e
outros começam com uma frase e vão seguindo à sorte, sem qualquer tipo de
guião, apenas se deixam levar pela história e pelos personagens, como se esses
ganhassem vida própria, desconhecendo inclusivamente os autores do final do
livro e alguns até referem ficar surpreendidos como aquele livro acabou.
Dan Brown, Luis Sepúlveda, Sveva Caseti
Modignani, Paulo Coelho, Ian McEwan, Günter Grass, Jeffrey Archer, Isabel
Allende, Saramago, Miguel Sousa Tavares, são os dez escritores escolhidos entre
outros que originaram uma sequela, mas que, para quem gosta de entender o
processo criativo de grandes autores, vale bem a pena a leitura desta obra.
Olá, existe um segundo volume , Conversas de Escritores II, em que são apresentados mais 12, entre os quais Phillipe Roth, recentemente falecido, Umberto Eco, também já falecido e outro como Amin Mallof (muito apreciado pelo José Rodrigues dos Santos) e Ken Follet. Gostei de ambos os livros, embora tenha preferido o primeiro, não sei muito bem porquê. Gostei muito das conversas de bastidores, da forma simples, genuína, quase inocente como o autor revela pormenores do que aconteceu antes das entrevistas, como por exemplo, ter andado a bisbilhotar no escritório do Jeffrey Asher (penso que foi desse) porque o mesmo lhe disse que ficasse à vontade enquanto ele ia ao ginásio, pois ainda faltavam umas horas para a entrevista. Gostei de ter dado a impressão pessoal sobre os entrevistados. Achei giro. Dei umas boas gargalhadas com a "atrevida" Isabel Allende e também com outros pormenores. Se ainda não leu o segundo, aconselho, embora, não sei muito bem porquê, eu tenha gostado mais do primeiro. Mas o segundo também é bom... É igual, segue a linha. Provavelmente, o que aconteceu é que achei mais piada às histórias de bastidores do primeiro. Boas leituras :)
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