Quem
é que nunca ouviu falar do “Principezinho” de Saint-Exupéry?
Decerto,
mesmo aqueles que não têm hábitos literários, já ouviram falar deste livro.
Daqueles
que possuem esses hábitos, quais aqueles que leram e, principalmente,
conseguiram escrutinar o significado deste pequeno livro?
Tenho
a certeza que alguns mas e devido ao facto de ser um livro considerado
infantil, muitos quando o leram, na sua infância, juventude, não conseguiram
captar a essência da obra.
O
livro é muito pequeno. Pouco mais de 90 páginas e muitas das quais são apenas
desenhos do próprio Saint-Exupéry. Publicado em 1943 pouco tempo antes do
desaparecimento em combate de Saint-Exupéry, de uma forma muito concisa, narra
a história de um menino que vive num asteróide e que um dia “cai” na terra onde
conhece um adulto que se encontra no deserto a reparar o motor de um avião.
Desse encontro, nascem diálogos em que a solidão e o amor são as chaves de uma
fábula que, na essência, refere: “o essencial é aquilo que não se vê, é invisível
aos nossos olhos”.
Ou
seja, neste pequeno mas grandioso livro, somos confrontados com o olhar de uma
criança que não entende o mundo dos adultos. Um mundo subjugado pelas
aparências, onde a ganância, a soberba, a vaidade, a inveja e outros
adjectivos, do mundo dos adultos, são elevados a uma potência que nos toca o
coração, pois são diálogos tão simples e inocentes que é impossível não fazermos
uma retrospectiva e questionar: “Onde está a criança que outrora fui?”, ou, “quando
foi que me transformei neste adulto sem sonhos?”
E é
assim que o principezinho narra as suas aventuras de asteróides em asteróides,
todos eles numerados porque só assim os adultos tomam atenção, ele conhece
personagens solitárias mas que exemplificam os adultos actuais: Um Rei que não
tinha nenhum súbdito, era rei de ele próprio mas que pensava que reinava sobre
todo o universo; Um Vaidoso que só entendia a linguagem dos elogios; Um Bêbado
que bebia para esquecer que era bêbado; Um Homem de Negócios que não tinha
tempo para nada, só contava, contava estrelas; Um Candeeiro de rua e um
acendedor de candeeiros que não tinham qualquer utilidade; Um Ancião que
escrevia pesados calhamaços de geografia, enfim, em todos os planetas, há
fábulas que efectuam analogias entre o quotidiano humano e a moral e sobretudo
nessa estranha capacidade que o ser humano tem em rapidamente “matar” a criança
que um dia foi e, mais perigoso, impedir os seus filhos de serem crianças.
O
que o autor quis efectuar com este pequeno, grande livro, foi consciencializar
os adultos do constante afastamento em olharmos para as coisas simples da vida,
aquilo que nos dá verdadeiramente prazer. Daqueles conceitos elitistas que nós
temos bem interiorizados que nos levam a comportar-nos como seres insanos em
buscas de algo que, nós próprios, nem conseguimos verbalizar. A perda da
ingenuidade enquanto criança, as barreiras que nos vão sendo colocadas ao longo
da vida sem que tenhamos consciência que são apenas barreiras ignóbeis e que só
lá estão porque as aceitamos, a constante fuga ao prazer de pequenas coisas
como, por exemplo, beber um copo de água com sede ou de ver um pôr do Sol, a
sociedade preconceituosa onde vivemos e onde nos atolamos.
No
fundo, o que o autor queria alertar, é o facto de não deixarmos nunca “morrer”
aquela criança que um dia fomos, não impedir os nossos filhos de serem
crianças, condenando-os a uma vida sem sentido, onde apenas aquilo que somos
capazes de fazer conta, as aparências.
E no fim, a estocada final: Só se pode exigir a uma pessoa o que
essa pessoa pode dar!
Um dos livros mais amados...Ajuda a entender o bem, a amar, a perdoar e a ensinar... Abraço
ResponderEliminarSem duvida.
ResponderEliminarUm livro excepcional!
Abraço!