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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

BlacKkKlansman: O Infiltrado (2018)


Tendo sido nomeado para algumas categorias dos Óscares 2019 (ganhou o Óscar de Melhor Argumento Adaptado), este filme, realizado por Spike Lee foi o filme que mais me surpreendeu pela positiva dos últimos tempos, não apenas porque é um filme politicamente incorrecto e incómodo, como também porque coloca o dedo na ferida, ou seja, consegue ir ao âmago de Ser do norte-americano, dando-nos a perspetiva racial de ambos os lados.

Mais curioso é saber que a história que está na génese do filme é real.

Ron Stallworth, um detective negro, caso raro nos anos 70, consegue infiltrar-se no Ku Klux Klan (KKK) simultaneamente que se consegue infiltrar e insinuar em reuniões dos panteras Negras. Ou seja, logo desde início temos perspetivas antagónicas de um dos maiores flagelos da Humanidade: O Racismo e xenofobia, sobretudo nos Estados Unidos, um país com uma enorme tradição secular racista (basta ver o que esteve por detrás da guerra civil 1861-1865), sendo que ainda hoje o Sul dos Estados Unidos são altamente racistas e é fácil perceber isso sobretudo em pequenas cidades do interior onde a bandeira da confederação surge em muitos quintais orgulhosamente hasteada.

Não vou abordar como Ron Stallworth se consegue infiltrar na KKK, para isso convido a ver o filme que valerá bem a pena, mas o que sobressai no filme e, penso que foi a intenção de Spike Lee, é demonstrar e sobretudo alertar, para o facto de os Estados Unidos estarem a regressar a esse passado com o governo de Donald Trump. Não é por acaso que o principal lema do KKK é: America First!

Mas para dar um toque do quanto absurdo isto tudo é, Spike Lee dá-lhe um toque mesmo paradoxal na forma como explora a violência verbal, o ódio nas expressões e no próprio desenrolar do filme, escarnecendo com a situação e com os cargos políticos.




Obviamente que o realizador destaca mais a comunidade negra, tornando-a mais dócil, dando até uma imagem que ser negro é “um modo de vida”, não sei se me faço entender, mas consegue evitar diabolizar e ridicularizar os brancos, dando até uma imagem algo cómica do KKK que, às tantas, começa a parecer uma daquelas organizações cheias de intenções ilusórias dirigidas por alucinados que não fazem mal a ninguém, mas que, de repente e levados por um ódio insano que nem eles conseguem explicar, explodem com algo causando várias vitimas.

Ou seja, o filme vai alterando entre um Drama e uma comédia, sempre colocando o dedo na ferida na complexa teia em que tudo se vai formando.

Dos protagonistas, pese embora o papel central esteja em John David Washington e Adam Driver, que efectivamente estão muito bem, eu confesso que gostei muito da representação de Jasper Pääkkönen no papel de ultra fascista membro dos KKK, Félix, sinceramente, achei a sua interpretação brilhante, chegando ao ponto de ser hilariante a forma como ele pensa e vê a organização.

Classificação: 4 Estrelas em 5


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