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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Festa do Chibo (A) – Mário Vargas Llosa


Excelente livro de um grande escritor.

Prémio Nobel em 2010, Mário vargas Llosa sabe aliar uma escrita poética, bastante acessível e sem grandes floreados e descrições, ao acto de contador de histórias, tecendo narrativas enleantes que rapidamente nos agarram, não apenas pelo enredo em si como também pelo interesse que o assunto nos desperta.

Este “A festa do Chibo”, publicado em 2000, retrata o período final da ditadura de Rafael Trujillo, assassinado em Maio de 1961, antes, durante e depois desse assassinato, efectuando igualmente uma profunda reflexão sobre a(s) ditadura(s), centrando-se nos aspectos negros do regime.

O romance segue três linhas narrativas que se vão interligando. Enquanto que a primeira narrativa aborda o regresso de Urania Cabral, depois de trinta e cinco anos fora da Rep. Dominicana, a segunda narrativa centra-se sobretudo nos últimos dias de Trujillo, mostrando-nos os bastidores do seu aterrador regime  ao qual o pai de Urania pertenceu de forma intima e que esta no cerne da fuga de Urania trinta e cinco anos antes.

A terceira narrativa segue o percurso dos assassinos de Trujillo e o seu assassinato, mostrando o que os moveu e como foi efectuado o crime.

Cada aspecto do romance é como uma peça que vai compondo o puzzle final, mostrando-nos a verdadeira faceta de trinta anos de ditadura, onde o medo imperava a e impunidade gerava a imagem, verdadeira, que aqueles “todos poderosos” tudo podiam sem que nada fosse feito contra.

A parte final do romance aborda o declínio do regime, os jogos políticos que advêm do fim e da importância política e social que o regime tive e tem, não apenas no país, bem como naquela zona do planeta.

Pelos olhos de Urania Cabral percepcionamos as atrocidades que eram cometidas, pois para além de ela se ter tornado numa especialista na História da Ditadura, sentiu na pele, de uma forma atroz, a garra daquele regime facínora.

Repleto de descrições violentas, “A Festa do Chibo” é um romance que vale a pena ser lido por tratar e retractar as ditaduras no seu particular sem qualquer tipo de máscaras, algo tão característico de Vargas Llosa. Por outro lado é também um grito de alerta para o que é uma ditadura, pois que ninguém se iluda, a História demonstra que as ditaduras, independentemente do grau de violência, são todas iguais e os horrores aqui descritos alertam, sobretudo as gerações novas, que uma ditadura não traz nada de bom.

Romance altamente recomendado.


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