Marcando a estreia na realização
do espanhol Sérgio G. Sánchez, conhecido por ter sido o argumentista de “O
Orfanato” (2007) e “O Impossível” (2012), este é um filme de terror/thriller/drama
que tem momentos de alta tensão, que nos prende desde o início e que consegue
surpreender no seu desenlace.
O filme situa-nos na década de
60, uma mulher chega com os quatro filhos a uma velha casa de família numa
localidade perdida nos confins dos Estados Unidos chamada Marrowbone. É um
lugar perdido no mapa, um local isolado que fica longe da pequena cidade local,
mas é aí que os cinco pretendem recomeçar uma vida que, logo nos apercebemos,
tem sido muito turbulenta devido ao seu violento pai. Pouco depois, a mãe morre
e é o irmão mais velho, interpretado por George MacKay, que fica a tomar
conta dos outros três irmãos sem a presença de qualquer adulto. No entanto
começamos a perceber que aquela casa esconde um segredo qualquer face aos
imensos episódios estranhos que sucedem que aterrorizam os irmãos e que deixam
o espectador num clima de expectativa…
O filme torna-se assim numa espécie
de jogo claustrofóbico, onde vários esconderijos estão sobrepostos como uma
espécie de pele, ou seja, são várias camadas que se sobrepõem e se escondem
numa nas outras, deixando-nos sempre com a sensação que algo nos está a escapar
sem que saibamos bem o quê.
O elemento principal do filme é a
própria casa e a relação entre os irmãos que vivem sob o “cutelo” de algo que
os impede de sair de casa. Aliás, percebemos que a razão de evitarem sair de
casa se deve ao trauma infligido por algo que o pai lhes fez, mas o que se
passará no sótão que se encontra completamente encerrado e porquê que os
espelhos de toda a casa estão tapados?
Depois há outra característica no
filme que o torna muito apelativo, trata-se de várias narrativas paralelas em momentos
temporais diferentes que ainda nos baralham mais. Damos por nós a questionar o
motivo de determinada cena, pois a certa altura parece que nada faz sentido e
há cenas que surgem sem que, aparentemente, exista qualquer interligação.
Debalde, basta apartarmo-nos da
intensidade dramática do filme e repararmos nos sinais, o que obviamente não é
fácil dado estarmos cravados no enredo, para começarmos a contruir o puzzle, no
entanto é fácil dizer depois de o visionar, pois só no fim as peças começam a
encaixar e somos confrontados com algo completamente inesperado e que nos
surpreende.
Esteticamente o filme está muito bem
conseguido, tem cenários idílicos que nos afastam, por vezes, da intenção do
argumento, penso que propositadamente, aborda também um transtorno que atinge
muito mais gente que se julga e que Hollywood tem debatido de forma
interessante em alguns filmes, no entanto e se quiser saber mais, só vendo
mesmo este filme, estando seguro que se vai surpreender.
Classificação: 3 Estrelas em 5
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